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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Campanha de Bolsonaro quer papel atuante de ministros, inclusive com doação

Do UOL, em Brasília

05/07/2022 08h00

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O presidente Jair Bolsonaro convocou uma reunião ministerial para a manhã desta terça-feira (5) com o intuito de discutir com seus auxiliares os rumos da campanha à reeleição. O encontro deve contar com a presença do general Braga Netto, que será o vice de Bolsonaro, e de integrantes da campanha e do marketing, como o ex-secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten.

A ideia do encontro, segundo auxiliares do presidente, é traçar o papel dos ministros na campanha e também discutir os eventuais impedimentos para a realização de eventos do governo, por conta da legislação eleitoral.

Há um receio no núcleo da campanha de que os embates de Bolsonaro com membros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) possam resultar em eventuais punições para a campanha.

Para fugir da lei eleitoral, a análise da campanha de Bolsonaro é justificar as viagens do presidente e dos ministros como "prestação de contas".

Em caráter reservado, alguns membros do governo admitem que seria uma forma de mascarar o uso da máquina pública, mas argumentam que isso "sempre aconteceu" com presidentes que tentaram a reeleição.

Ministros podem 'e devem' doar

O PL, partido do presidente, lançou nesta semana um novo site, com notícias do presidente. O foco, avisam políticos da legenda, é o botão que tem ao lado direito da página pelo qual é possível realizar doações para a campanha.

Segundo uma fonte, na reunião deste terça-feira deve ocorrer inclusive o apelo para que ministros e aliados façam doações. "Eles podem e devem doar", diz uma fonte.

Agenda estratégica

A reunião de hoje também tem como objetivo discutir uma agenda de viagens do presidente e dos seus ministros.

O publicitário Duda Lima, responsável pela campanha pelo lado do PL, realizou um mapeamento de quais os estados são mais críticos para Bolsonaro e quer que a agenda do presidente seja desenhada de maneira mais estratégica.

Há uma reclamação de que auxiliares palacianos concentram a agenda de viagens, mas a campanha quer também ter voz.

A ideia é inclusive pedir para que ministros deixem de viajar ao exterior e invistam mais em andanças pelo Brasil. Nos bastidores, essa "bronca" teria como alvo principal o ministro das Comunicações, Fábio Faria, que recentemente viajou para Singapura, justamente no período que o governo atravessava crises com a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro e com o afastamento de Pedro Guimarães do comando da Caixa, por denúncias de assédio.

'Disputa' por convenção

O presidente Jair Bolsonaro deve oficializar sua candidatura à reeleição no próximo dia 23. Os detalhes, no entanto, ainda estão sendo fechados, inclusive o local e o horário do evento.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, tem defendido que o evento aconteça em Brasília, como foi o lançamento da pré-candidatura, mas alguns membros da campanha defendem que a convenção seja realizada em São Paulo.

Essa possibilidade está em discussão e pode ser definida também na reunião de hoje.

Veja mais apurações de Carla Araújo em O Radar das Eleições:

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, o nome do publicitário responsável pela campanha do PL é Duda Lima, e não Duda Mendonça. O texto foi corrigido.