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Bolsonaro contraria Constituição e diz que 'minorias têm que se adequar'

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

15/07/2022 13h08Atualizada em 15/07/2022 19h13

O presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou hoje se defender de críticas de homofobia e transfobia relacionadas a uma de suas declarações recentes. Ontem (14), em Imperatriz (MA), o governante afirmou que ele e seus apoiadores querem que "o Joãozinho seja Joãozinho a vida toda". Nesta sexta, durante viagem a Juiz de Fora (MG), o pré-candidato à reeleição contrariou o que garante a Constituição e disse que "as minorias têm que se adequar".

Outro dia eu falei... A mãe quer que o Joãozinho continue sendo Joãozinho. Ah, declaração homofóbica... Meu Deus do céu. Porra... Onde nós iremos? Cedendo para as minorias... As leis existem, no meu entender, para proteger as maiorias. As minorias têm que se adequar
Jair Bolsonaro

Nos regimes democráticos, devem ser respeitados os direitos das minorias — sejam de opinião ou de identidade. A Constituição Brasileira, de 1988, proíbe qualquer tipo discriminação — seja pela raça, etnia, religião ou sexo —, garantindo o direito de ser diferente sem sofrer violação de seus direitos de cidadania.

Independentemente do âmbito (municipal, estadual ou federal), a lei visa atender ao bem-estar e às necessidades da sociedade como um todo, o que inclui os chamados grupos minoritários.

A declaração de Bolsonaro ocorreu hoje em um culto evangélico da igreja Assembleia de Deus em Juiz de Fora —cidade que foi palco do atentado a faca sofrido pelo então candidato a presidente na corrida eleitoral de 2018.

Cercado por pastores, fiéis e apoiadores do governo, Bolsonaro se mostrou confortável para discursar por mais de uma hora, aparentemente sem um roteiro predefinido. O governante abordou diversos temas, entre os quais economia, pandemia da covid-19, críticas ao adversário na eleição —o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)— e considerações sobre a retorno da esquerda ao poder nos países sul-americanos.

Bolsonaro buscou dar ênfase à chamada pauta de costumes, permeada por assuntos que interessam diretamente aos evangélicos, como o direito ao aborto, a possível descriminalização das drogas, entre outros.

Em um dos trechos do discurso, o pré-candidato à reeleição usou como gancho o posicionamento da cantora Anitta —que tem feito críticas ao chefe do Executivo federal e declarou voto em Lula.

"Teve uma cantora esses dias que falou um montão de abobrinha... Vou tatuar isso e não-sei-o-que-lá, vou fazer aquilo... Falou de uma pessoa [Lula], estou dando maior apoião para você... Libera aí a maconha. E a garotada segue essas pessoas."

Após a participação no culto evangélico, Bolsonaro se dirigiu ao Hospital Santa Casa de Misericórdia. No local, em setembro de 2018, ele recebeu o atendimento de emergência depois do atentado a faca ocorrido durante atividade de campanha, no centro de Juiz de Fora.

"Depois de quase quatro anos, eu retorno a Juiz de Fora. Os médicos diziam que: a cada cem pessoas que levam facada, uma tinha chance de sobreviver. Alguns acham que é sorte, eu acho que é outra coisa. É a mão de Deus. Eu tenho certeza", comentou.