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Bolsonaro: signatários de carta pró-democracia são 'empresários mamíferos'

Clauber Cleber Caetano/PR
Imagem: Clauber Cleber Caetano/PR

Do UOL, em Brasília

01/08/2022 14h12Atualizada em 01/08/2022 14h12

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou hoje a criticar a adesão de setores da sociedade a documentos em favor de valores democráticos (como a "Carta pela Democracia", organizada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo) e declarou a apoiadores que, entre os signatários, há "empresários mamíferos".

Esse manifesto aí foi assinado por banqueiros, artistas, tem mais uma classe aí que... E alguns empresários mamíferos [risos]
Jair Bolsonaro (PL)

Candidato à reeleição, Bolsonaro tem sugerido que por trás dos documentos pró-democracia existiriam interesses de banqueiros, instituições financeiras e representantes poderosos da iniciativa privada. Ele não especificou hoje quem são os "empresários mamíferos".

O uso do termo "mamífero" —dentro do contexto utilizado pelo governante— sugere o aproveitamento da estrutura pública com o objetivo de obter lucros e/ou vantagens. Seria uma variante da expressão "mamar nas tetas do estado", popularmente utilizada em debates sobre política.

Na semana passada, o presidente da República associou o movimento político capitaneado pela sociedade civil a supostos prejuízos dos grandes bancos com a criação do Pix —ferramenta que possibilita transferências e outros tipos de transação de forma rápida e gratuita.

"Você pode ver esse negócio de carta aos brasileiros, democracia... Os banqueiros estão patrocinando. É o Pix, que eu dei na... Uma paulada neles... Os bancos digitais também, que nós facilitamos. Estamos acabando com o monopólio dos bancos", disse ele na última quinta-feira (28), em conversa com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada.

Eles estão perdendo poder. Carta pela democracia? Qual é a ameaça que eu estou oferecendo para a democracia?
Bolsonaro, em declaração dada a apoiadores na última quinta (28)

Durante a convenção do PP, em 27 de julho, Bolsonaro comentou o assunto pela primeira vez. O pleiteante à reeleição disse que não precisa de nenhuma "cartinha" para expor respeito aos valores democráticos e que quer, "cada vez mais, cumprir e respeitar a Constituição".

"Vivemos em um país democrático, defendemos a democracia. Não precisamos de nenhuma cartinha para falar que defendemos a democracia, e que queremos, cada vez mais, nós, cumprir e respeitar a Constituição. Não precisamos, então, de apoio ou sinalização de quem quer que seja para mostrar que o nosso caminho é a democracia, é a liberdade, é o respeito à Constituição."

O documento citado por Bolsonaro foi batizado "Carta pela Democracia" e, dois dias atrás, chegou a meio milhão de assinaturas.

A associação feita pelo presidente e candidato à reeleição com interesses das grandes instituições financeiras do país surgiu um dia depois de um posicionamento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). A entidade decidiu assinar um outro manifesto (intitulado "Em Defesa da Democracia e da Justiça"), lançado originalmente pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Bancos públicos, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil não endossaram o documento.