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Projeto com cargos secretos é suspenso no RJ após reportagem do UOL

O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), (à esq., ao lado da placa) e o prefeito de Engenheiro Paulo de Frontin, José Emmanoel Artemenko, (à direita, ao lado da placa) em inauguração de uma Casa do Trabalhador na cidade - Reprodução/Facebook
O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), (à esq., ao lado da placa) e o prefeito de Engenheiro Paulo de Frontin, José Emmanoel Artemenko, (à direita, ao lado da placa) em inauguração de uma Casa do Trabalhador na cidade Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, no Rio

01/08/2022 18h14

O presidente da Fundação Ceperj (Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio), Gabriel Lopes, determinou a suspensão, por um mês, das atividades do Casa do Trabalhador, projeto com a maior quantidade de cargos secretos do governo Cláudio Castro (PL).

A medida é consequência de reportagem do UOL, publicada no mês passado, que mostrou que unidades do programa são dominadas por pré-candidatos a deputado federal e estadual. Será realizada uma auditoria para analisar irregularidades, principalmente na contratação de profissionais.

Desde a última sexta-feira (29), a possibilidade de suspensão do projeto já vinha causando apreensão no meio político. Hoje pela manhã, os funcionários começaram a ser informados sobre a interrupção das atividades.

O Casa do Trabalhador tinha uma projeção total de gastos de R$ 301 milhões este ano para a contratação de 9.000 funcionários sem publicação em Diário Oficial ou transparência em qualquer documento público.

Conforme mostrou reportagem do UOL, os números constam em uma planilha com o nome "governador", elaborada pela Secretaria de Trabalho —parceira da Ceperj no projeto. A pasta alegou que iria apurar um erro no preenchimento da tabela.

No documento que trata da suspensão do Casa do Trabalhador, Gabriel Lopes afirma que suspende "todos os trâmites inerentes ao projeto objeto da auditoria pelo prazo de 30 dias, a fim de apurar a legalidade e transparência dos atos praticados até o presente".

A reportagem do UOL que motivou a suspensão mostrou que ao menos quatro pré-candidatos exercem influência sobre unidades do programa.

Eles são aliados do secretário estadual de Trabalho, Patrique Welber, e filiados ao Podemos, partido do qual o titular da pasta é presidente estadual. Em redes sociais, os pré-candidatos têm se apresentado como representantes dos centros ou delegam a função a apadrinhados.

Os centros ligados aos pré-candidatos ficam em Olaria e Vigário Geral, na capital; em Araruama, na Região dos Lagos, e em Japeri, na Baixada Fluminense. A Secretaria de Trabalho afirmou que "as unidades são equipamentos públicos e não têm finalidade político-partidária".

O que o UOL já revelou

O escândalo dos cargos secretos foi revelado no fim de junho. Em reportagem exclusiva, o UOL mostrou que o governo do Rio mantém ao menos 18 mil vagas de trabalho na Ceperj sem nenhuma transparência.

Um dos projetos com cargos secretos recebeu transferência relâmpago de R$ 58 milhões com verbas da educação.

Levantamento feito com dados da Secretaria Estadual de Fazenda mostrou que Cláudio Castro aumentou em 25 vezes o orçamento da fundação desde que assumiu o cargo. Somente neste ano, o incremento chegou a R$ 300 milhões até junho.

Uma planilha elaborada pela Secretaria de Trabalho implica diretamente Castro no escândalo. O documento recebeu o nome de "governador" e tratava do orçamento para 9.000 cargos secretos. Procurada, a Secretaria de Trabalho afirmou que iria apurar se houve "um erro na confecção da planilha".

Após a revelação do UOL, o governo chegou a colocar o documento sob sigilo, mas voltou atrás.

Reportagem exclusiva também mostrou que polos do programa Casa do Trabalhador, o maior dentre os que têm folhas de pagamento secretas, estão sendo controlados por pré-candidatos do Podemos, partido presidido pelo secretário de Trabalho e Renda, Patrique Welber. A pasta afirmou que "as unidades do projeto são equipamentos públicos e não têm finalidade político-partidária".

O UOL revelou ainda que um código genérico foi usado pela Fundação Ceperj para esconder R$ 284 milhões em pagamentos a contratados nesses cargos secretos. O governo alega que não há ilegalidade e que isso foi feito para dar "agilidade no processo interno".

A última reportagem mostrou que funcionários públicos estão recebendo salários extras por meio dos cargos secretos de projetos da Ceperj. O tema está entre os que estão sendo abordados na auditoria feita pelo governo estadual.