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Zema falta ao debate da Band e vira alvo de opositores em MG

Candidatos ao governo de Minas Gerais participam de debate na Band - Divulgação/Band
Candidatos ao governo de Minas Gerais participam de debate na Band Imagem: Divulgação/Band

Natalia Andrade

Colaboração para o UOL, de Belo Horizonte

07/08/2022 23h51

Mesmo com presença confirmada, o atual governador do estado de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), não participou do debate da rede Band, alegando mal-estar. A ausência foi comunicada faltando menos de uma hora para o início do programa e com o governador já sabendo a ordem das perguntas.

Alexandre Kalil (PSD), Carlos Viana (PL), Marcos Pestana (PSDB) e Lorene Figueiredo (PSOL) não pouparam o candidato ausente, criticando duramente a política fiscal do atual governo, os incentivos a mineração na Serra do Curral e o endividamento do estado.

O regime de recuperação fiscal foi amplamente debatido, já que em troca do parcelamento e renegociação de uma dívida de R$ 140 bilhões, ficam impedidas pelos próximos dois anos a realização de concursos públicos e a criação de novas despesas obrigatórias.

Segundo Alexandre Kalil, isso impede a abertura do Hospital Regional de Juiz de Fora, já que não se pode fazer concursos para preencher os postos de trabalho. Com isso fica inclusive inviabilizado o edital já aberto.

Carlos Viana afirmou que, se eleito, colocaria o hospital para funcionar com estudantes da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), transformando em um hospital-escola.

Além disso, o ex-prefeito de Belo Horizonte criticou o choque de gestão do governo Zema, que afirmou que estava "arrumando a casa": "A casa arrumada do Zema, se não fosse a multa da Vale, não pagaria nem a luz do Palácio [da Liberdade]". Kalil afirmou que em 2018 o estado devia R$ 28 bilhões e atualmente deve R$ 58 bilhões.

Carlos Viana, por sua vez, em discurso alinhado a Bolsonaro afirmou que o "Supremo tem legislado e exacerbado o seu poder", se referindo ao regime de recuperação fiscal, que foi rejeitado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, mas entrou em execução por liminar do STF (Supremo Tribunal Federal).

Ambos criticaram a ausência de Romeu Zema e afirmaram que ele foge ao diálogo, sendo ausente não só no debate, mas em todo seu governo, transformando Minas Gerais em um estado ausente no cenário nacional. Kalil afirmou que "o que precisamos é de um governador que não seja ausente".

Principais doadores de campanha de Zema

O empresário Salim Mattar foi lembrado pelos dois principais candidatos presentes no debate, Alexandre Kalil e Carlos Viana. Sem citar nomes, Kalil destacou o perdão de mais de R$ 400 milhões de dívidas de IPVA da Localiza e Viana citou que o empresário compra veículos com mais de 40% de isenção e vende pelo preço de mercado.

Salim Mattar é fundador da Localiza, consultor na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo Zema e foi o segundo maior doador de campanha para o Novo em Minas, com R$ 500 mil, atrás apenas de seu irmão, Eugênio Pacelli Mattar, que doou R$ 1,5 milhão.

Lula x Bolsonaro

O debate também girou em torno da eleição presidencial, com Kalil e Lorene defendendo os avanços do governo Lula, enquanto Viana afirmou que Bolsonaro liberou R$ 2,8 milhões para o metrô de Belo Horizonte que não foram usados. Segundo Viana, Zema não foi conversar com o presidente para poder utilizar esse dinheiro. Dentro da proposta apresentada, para a verba ser utilizada, o metrô de BH precisaria ser privatizado.

Por outro lado, Kalil citou que Bolsonaro convocou a imprensa para a inauguração da pedra fundamental da BR-367 e nada foi construído até agora.

Lorene e Kalil elogiam Lula

Lorene e Kalil se dividiram nos elogios a Lula, candidato do PT, e também nas críticas ao atual governador. Ela lembrou que Zema não cumpriu os acordos da lei "Mar de Lama Nunca Mais", referente a regulamentação e fiscalização das atividades mineradoras e a reparação das vítimas do rompimento de barragens da Vale em Brumadinho e Mariana.

Lorene também falou da polêmica proposta de mineração na Serra do Curral, cartão-postal de BH. Ela citou as irregularidades na aprovação do projeto, que trará prejuízo a fauna e flora, além de afetar o Quilombo do Monzo, às margens da serra.

Porém, sua fala mais impactante foi quanto ao comportamento de Kalil e Zema na pandemia, ao afirmar que "eles escolheram deixar morrer".

Já Pestana destacou os feitos dos governos de Aécio Neves e Antonio Anastasia, do PSDB, e criticou a política fiscal de Zema, que aumentou as dívidas do estado em mais de R$ 30 bilhões.

Pesquisa aponta Zema na frente, seguido por Kalil

A última pesquisa realizada pela Real Big Data, encomendada pela TV Record, apontava Romeu Zema (Novo) com 44% das intenções de voto, enquanto Alexandre Kalil (PSD) tem 33%.

Carlos Viana (PL) e Marcos Pestana (PSDB) empata pela margem de erro de 3 pontos percentuais, sendo que o jornalista e senador tem 8% e o deputado federal 5%. Lorene Figueiredo (PSOL) e Vanessa Portugal (PSTU) têm 1% cada uma, empatando com Marcos Pestana pela margem de erro. Renata Regina (PCB) não chegou a 1%.

Essa pesquisa foi realizada antes do término das convenções partidárias, que definiram os candidatos e suas coligações.