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Chico Alves: Historiadores terão dificuldade em explicar governo Bolsonaro

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/08/2022 19h28

O pedido da PF (Polícia Federal) para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja indiciado por incitação ao crime ao associar a vacina contra a covid-19 à Aids é mais um caso atípico do atual governo federal, analisou o colunista do UOL Chico Alves.

"Eu fico pensando no trabalho que vão ter os historiadores que se debruçarem sobre o universo paralelo em que o Brasil está inserido nesses últimos anos", disse o jornalista, durante participação no UOL News. "Quase um ano depois, é preciso que uma delegada da PF relembre a gente que o político mais poderoso do país, aquele que tem a responsabilidade de cuidar de mais de 200 milhões de brasileiros, no meio da maior pandemia da história, disse isso", acrescentou.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), encaminhou hoje o pedido da PF referente a uma fala de Bolsonaro em uma live de outubro de 2021 para apreciação da PGR.

Na ocasião, o chefe do Executivo leu um texto que mentia ao dizer que pessoas que se vacinaram contra o coronvírus estariam "mais propensas a desenvolver a doença provocada pelo vírus HIV".

Para Alves, a fala de Bolsonaro é "inqualificável". "Um ano depois isso não foi punido. Deveria ter tido alguma sanção, talvez até perder o mandato logo depois. O país deveria ter parado e tirado esse presidente do poder", afirmou.

"O Brasil chega a quase 700 mil pessoas mortas pela covid muito em função do que o governo deixou de fazer e o que fez para desincentivar a vacinação. Os historiadores que se debruçarem sobre esse momento e tiverem que explicar o que está acontecendo no Brasil vão ter muita dificuldade", completou.

Quaest: Michelle e Janja não influenciam voto da maioria dos eleitores

Pesquisa realizada pelo Instituto Quaest presencialmente, contratada pelo Banco Genial e divulgada hoje, aponta que Michelle Bolsonaro, primeira-dama e esposa do presidente Jair Bolsonaro (PL), Rosangela da Silva, a Janja, socióloga e esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pouco influenciam a intenção de votos dos eleitores brasileiros para o Planalto.

No UOL News, o colunista Leonardo Sakamoto avaliou que Michelle tem um peso na campanha de reeleição do marido, no entanto, não é o suficiente para "puxar votos".

"Há uma carga de peso muito grande que se dá a Michelle. Não quero dizer com isso que ela não tenha um peso, até porque tem cerca de 20% [dos eleitores] que consideram a palavra dela", disse.

"Claro que ela está sendo usada para tentar suavizar a figura tosca do marido. Mas ela tem uma função e acaba tendo resultado. Contudo, não acho que ela seja a responsável por puxar [bons índices para Bolsonaro]", afirmou.

Sakamoto: Fiel escudeiro de Bolsonaro, Aras deve arquivar pedido de Moraes

O pedido da PF (Polícia Federal) para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja indiciado por incitação ao crime ao associar a vacina contra a covid-19 à Aids deve ser arquivado pela PGR (Procuradoria-Geral da República), segundo o colunista do UOL Leonardo Sakamoto.

"A chance maior é do fiel escudeiro do presidente, o procurador-geral da República, Augusto Aras, arquivar dizendo que não faz sentido, é um exagero e que o presidente estava apenas exercendo a sua liberdade de expressão", afirmou Sakamoto, durante participação no UOL News.

Para o jornalista, a fala de Bolsonaro durante uma live em outubro de 2021 é criminosa.

"Um monte de infectologista veio a público dizer que isso não era verdade. É uma mentira mortal porque, de um lado, afasta parte da população que tem medo de contrair uma doença grave ao ter contato com a vacina. Do outro, isso aumenta o preconceito contra o HIV", destacou Sakamoto.

"Naquele momento, a 'razão' [para Bolsonaro dizer isso] foi criar mais uma cortina de fumaça para distrair a atenção da sociedade da inflação, fome e caos na área econômica."

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