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Advogado de dono do Coco Bambu vê perseguição: 'Inquérito é natimorto'

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/08/2022 14h08

A Polícia Federal cumpriu na manhã de hoje mandados de busca e apreensão contra empresários bolsonaristas que, em um grupo de WhatsApp, defenderam um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de outubro de 2022. A operação foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e foram feitas buscas em endereços de oito empresários em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. Entre os empresários está Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu, e seu advogado Daniel Maia, em entrevista ao UOL News, afirmou que o inquérito é fruto de uma perseguição política.

O advogado ainda classificou o inquérito como "natimorto", dizendo que toda essa operação não surtirá qualquer tipo de efeito prático. "Certamente se não fosse um período eleitoral ou pré-eleitoral não teríamos tido essa operação e tampouco essa repercussão. A motivação é uma perseguição política aos empresários que se posicionam de forma clara em relação a alguns temas e alguns candidatos, certamente é uma operação política. Afrânio está à disposição das autoridades e está querendo prestar as declarações o mais rápido possível para esclarecer isso, porque certamente esse inquérito é um natimorto, é um inquérito em que a montanha vai parir um rato. Todo esse estardalhaço não vai chegar a nada", disse.

"Esse grupo de WhatsApp que vem sendo noticiado nestes dias pela imprensa, o Afrânio só tinha a participação nesse episódio com a colocação de um emoji sinalizando que ele tinha lido a mensagem. Quer dizer, o Afrânio não concordou com a mensagem, não tem nenhum intuito de concordar com a mensagem e mais do que isso, não fazia nem sentido que o Afrânio que sempre demonstrou preocupação em proteger a democracia, em proteger a liberdade, em proteger os empregos, fosse a favor de qualquer tipo de atitude antidemocrática ou qualquer tipo de golpe", explicou o Daniel Maia negando que o empresário do Coco Bambu tivesse qualquer tipo de participação em supostas conspirações golpistas.

Ainda durante a participação no UOL News, o advogado fez questão de reiterar que não há nenhum crime a ser investigado, e também criticou o fato de seu cliente estar sendo investigado por ter enviado um emoji em uma conversa privada. "Não há nenhum crime, nem mesmo em tese sendo investigado nessa operação. (...) não se pode tolerar em um estado democrático que um emoji de palma seja suficiente para desencadear uma busca e apreensão, uma invasão ao domicílio legitimada pela decisão, mas uma invasão ao domicílio de alguém e apreensão de celulares sendo que não há crime nenhum", finalizou.

Leia a nota do empresário Afrânio Barreira enviada ao UOL:

"Estou absolutamente tranquilo, pois minha única manifestação sobre o assunto foi um "emoji" sinalizando a leitura da mensagem, sem estar endossando ou concordando com seu teor. Confio na justiça e vamos provar que sempre fui totalmente favorável à democracia. Nunca defendi, verbalizei, pensei ou escrevi a favor de qualquer movimento antidemocrático ou de "golpe". Assim, sou a favor da liberdade, democracia e de um processo eleitoral justo."

Veja mais da repercussão da operação da Polícia Federal com comentaristas do UOL:

Ação da PF contra empresários mostra que 'pacificação' de Moraes e Bolsonaro acabou; Carla Araújo

"Ontem no Jornal Nacional o Bolsonaro falou sobre um momento de pacificação supostamente com o Alexandre de Moraes, e uma fonte do Palácio falou que talvez a pacificação acabou, então pode ser que a gente tenha novos episódios de embate com Alexandre de Moraes. (...) por enquanto o Palácio não se manifestou oficialmente e os ministros estão aguardando maiores desdobramentos, eles ainda estão traçando estratégias de como agir, mas já admitem que essa suposta pacificação pode já ter chegado ao fim", disse a colunista do UOL Carla Araújo depois de conversar com fontes ligadas ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

Carla ainda destacou que o motivo do fim de uma eventual trégua entre Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes venha pela proximidade que o presidente tem com os empresários que foram alvo da operação da Polícia Federal. "Essa decisão de hoje ataca diretamente aliados do presidente".

Toledo: 'Talvez seja mais prejudicial para a campanha do Bolsonaro do que a entrevista no Jornal Nacional'

"Me parece que isso talvez seja mais prejudicial para a campanha do Bolsonaro do que qualquer coisa que a gente tenha discutido sobre a entrevista no Jornal Nacional. Não que vá ter repercussão direta no eleitorado, mas simplesmente porque esses caras são os patrocinadores do golpe. Eles patrocinam verbalmente, explicitamente. Agora, se patrocinam de outra maneira, como eles chegaram a discutir em uma das trocas de mensagens que um deles fala em dar um 'bônus' para os funcionários que votarem no Bolsonaro. (...) quer dizer, eles estavam discutindo mais do que hipoteticamente um golpe, estavam discutindo maneiras objetivas de ajudar o Bolsonaro por baixo do pano", analisou o colunista do UOL José Roberto de Toledo durante participação no UOL News.

Toledo ainda destacou que o tamanho do empenho do ministro Alexandre de Moraes nesta investigação pode ser decisivo para que uma possível tentativa de golpe venha à tona. "Agora se a Polícia Federal tiver competência e se o Alexandre de Moraes for perseverante neste inquérito, talvez a gente venha a descobrir se eles financiaram mais do que com as suas próprias palavras essa tentativa de golpe ou não", finalizou.

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