Ministros do STF esperavam decisão de Moraes contra empresários

Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) não se espantaram quando souberam, na manhã desta terça-feira (23), que Alexandre de Moraes tinha determinado busca e apreensão em endereços ligados a empresários bolsonaristas.O colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, revelou que o grupo trocava mensagens em um grupo de Whatsapp defendendo golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhe as eleições de outubro.

O gabinete de Moraes tomou conhecimento do caso na semana passada. Embora o ministro não tenha avisado seus colegas que adotaria medida concreta contra o grupo, no STF já era dado como certo que Moraes agiria. Nos bastidores, ministros do tribunal consideram a decisão importante para frear ameaças à normalidade das eleições. E, ainda, para garantir que grupos radicais não tenham voz no Sete de Setembro.

Moraes é relator de dois inquéritos que têm servido de instrumento para conter esses grupos: o que investiga a organização de atos antidemocráticos e o das fake news, que apura a disseminação de ataques e mentiras a instituições brasileiras.

Antes do Sete de Setembro do ano passado, Moraes bloqueou uma série de contas de pessoas suspeitas de organizar atos contra a democracia. O feriado do ano passado ficou ainda mais tenso porque o presidente Jair Bolsonaro fez discursos com ataques ao STF, chamou as eleições de "farsa", disse que só sairia do cargo "preso ou morto" e pregou a desobediência a ordens judiciais.

A expectativa da cúpula do Judiciário e dos assessores de Bolsonaro é que o presidente baixe o tom no feriado deste ano. Na entrevista que concedeu ao Jornal Nacional ontem, Bolsonaro evitou atacar o STF e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ao contrário do que vinha fazendo nos últimos meses.