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Alvo de operação da PF, Luciano Hang tem conta suspensa no Instagram

26.mar.2019 - O empresário e presidente da varejista Havan, Luciano Hang, é apoiador do presidente Jair Bolsonaro - Luis Macedo/Câmara dos Deputados
26.mar.2019 - O empresário e presidente da varejista Havan, Luciano Hang, é apoiador do presidente Jair Bolsonaro Imagem: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo*

23/08/2022 22h32Atualizada em 24/08/2022 11h49

Alvo de uma operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal nesta manhã, o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, publicou um tuíte na noite de hoje informando que a sua conta no Instagram foi "derrubada". Mais cedo, o empresário bolsonarista afirmou foi "tratado como um bandido" durante a ação e nega que tenha defendido um golpe de Estado.

A Polícia Federal cumpriu na manhã de hoje (23) mandados de busca e apreensão contra empresários bolsonaristas que, em um grupo de WhatsApp, defenderam um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de outubro de 2022. As mensagens foram reveladas pelo colunista Guilherme Amado, do site Metrópoles.

Segundo apuração do UOL, as medidas contra os empresários foram pedidas pela PF. A PGR (Procuradoria-Geral da República) foi intimada pessoalmente ontem (22), às 14h41. A operação foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes dentro do chamado inquérito das milícias digitais e envolveu 35 policiais federais. Além dos mandados de busca e apreensão, Moraes também determinou a quebra dos sigilos bancários e telemáticos dos alvos, além do bloqueio de contas em redes sociais.

As buscas foram feitas em endereços de oito empresários em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. Entre os alvos estão:

  • Luciano Hang, da Havan - dois endereços em Brusque (SC) e um em Balneário Camboriú (SC)
  • José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan - no Rio de Janeiro
  • Ivan Wrobel, da Construtora W3 - no Rio de Janeiro
  • José Koury, do Barra World Shopping - no Rio de Janeiro
  • Luiz André Tissot, do Grupo Sierra - em Gramado (RS)
  • Meyer Nigri, da Tecnisa - em São Paulo
  • Marco Aurélio Raimundo, da Mormaii - em Garopaba (SC)
  • Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu - em Fortaleza

Confira aqui a versão dos alvos da operação.

'Conteúdo vai contra lei local'

A reportagem do UOL entrou no perfil do empresário no Instagram na noite desta terça-feira e encontrou a seguinte mensagem: "Perfil restrito. Este perfil não está disponível na sua região".

Ao clicar em "entenda", o Instagram explicou a motivação da restrição da conta: "Recebemos uma solicitação legal para restringir este conteúdo. Nós o analisamos em relação às nossas políticas e realizamos uma avaliação legal e de direitos humanos. Após a análise, restringimos o acesso ao conteúdo na localização em que ele vai contra a lei local. Você pode saber mais sobre restrições de conteúdo na nossa Transparency Center".

O UOL entrou em contato com o Instagram, que disse que não vai comentar o caso. Em nota por meio de assessoria, Hang afirmou ao UOL que está "de consciência limpa" e lamentou o bloqueio de suas contas. "Desde que me tornei ativista político luto pela liberdade do cidadão e por um Brasil melhor, mais próspero e justo. Seria muito mais cômodo para mim ficar no conforto da minha casa, mas escolhi não me calar diante das atrocidades do nosso país. Vivemos momentos sombrios, mas vamos vencer".

O perfil do empresário bolsonarista Luciano Hang, dono das lojas Havan, no Instagram foi restrito - Reprodução/Instagram/@lucianohangbr - Reprodução/Instagram/@lucianohangbr
O perfil do empresário bolsonarista Luciano Hang, dono das lojas Havan, no Instagram foi restrito
Imagem: Reprodução/Instagram/@lucianohangbr

No Twitter, o empresário anunciou a derrubada do seu perfil na rede social e criticou a medida judicial. "CENSURA! Acabaram de derrubar meu Instagram. Onde está a democracia e a liberdade de pensamento e de expressão? Tenho certeza que este era o objetivo de toda essa narrativa: tentar me calar. Vivemos momentos sombrios, mas vamos vencer", escreveu.

O empresário reclamou no Twitter que o seu perfil no Instagram foi restrito - Reprodução/Twitter/@LucianoHangBr - Reprodução/Twitter/@LucianoHangBr
O empresário reclamou no Twitter que o seu perfil no Instagram foi restrito
Imagem: Reprodução/Twitter/@LucianoHangBr

Hang teve celular recolhido pela PF

Em relação a Hang, o ministro Moraes autorizou buscas na residência e no escritório dele, ambos em Brusque (SC), e também em uma casa de veraneio em Balneário Camboriú (SC). Após a operação, a assessoria de imprensa do empresário disse que ele estava trabalhando em sua empresa quando a Polícia Federal chegou às 6h. O celular de Hang foi recolhido.

Luciano Hang disse que seguia "tranquilo, pois estou ao lado da verdade e com a consciência limpa. Desde que me tornei ativista político prego a democracia e a liberdade de pensamento e expressão, para que tenhamos um país mais justo e livre para todos os brasileiros".

"Eu faço parte de um grupo de 250 empresários, de diversas correntes políticas, e cada um tem o seu ponto de vista. Que eu saiba, no Brasil, ainda não existe crime de pensamento e opinião. Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu NUNCA, em momento algum falei sobre Golpe ou sobre STF. Eu fui vítima da irresponsabilidade de um jornalismo raso, leviano e militante, que infelizmente está em parte das redações pelo Brasil."

Mensagens pró-golpe

O que a reportagem do Metrópoles divulgou? A matéria do site mostrou que José Koury, dono do shopping Barra World, no Rio de Janeiro, declarou preferir uma "ruptura" do que o retorno de petistas ao Palácio do Planalto. Segundo o empresário, se o Brasil voltasse a ser governado por uma ditadura militar, o país seguiria recebendo investimentos externos.

Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo.
José Koury, dono do shopping Barra World

José Koury, dono do Barra World Shopping - Divulgação - Divulgação
José Koury, dono do Barra World Shopping
Imagem: Divulgação

A mensagem de Koury foi uma resposta à discussão iniciada pela postagem de Ivan Wrobel, dono da W3 Engenharia, construtora de imóveis de alto padrão, atuante na zona sul do Rio de Janeiro.

Na sequência, Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo, que é médico e dono da empresa de roupas e itens de surfe Mormaii, respondeu às mensagens de Koury:

  • Golpe foi soltar o presidiário
  • Golpe é o "supremo" agir fora da Constituição
  • Golpe é a velha mídia só falar merd*

Afrânio Barreira, dono do Grupo Coco Bambu, defensor do presidente Bolsonaro publicamente, comentou a mensagem de Koury com uma figurinha de um homem dando "joinha".

No mesmo dia, o empresário André Tissot, do Grupo Sierra, empresa que fabrica móveis de luxo, declarou:

  • O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo.
  • [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais.

*Com Carla Araújo, Thaís Augusto e Paulo Roberto Netto, do UOL, em São Paulo e em Brasília