Deputados dizem que entrarão com pedido de cassação contra Carla Zambelli
Após a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) sacar a arma para homem negro, em confusão ocorrida no Jardim Paulista, bairro nobre de São Paulo, políticos reagiram ao episódio em tom de indignação e disseram que irão entrar com pedido de cassação contra a aliada próxima ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Estou entrando com pedido de cassação contra Carla Zambelli. Não vamos admitir que os bolsonaristas ameacem à mão armada nossos eleitores, nossa eleição, nossa democracia. Responderemos nas urnas, no Conselho de Ética e na Justiça", anunciou a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP).
"Pedirei a cassação de Carla Zambelli pelo crime cometido na tarde deste sábado, onde ela, armada, perseguiu um homem pelas ruas. É esse Brasil que vamos sepultar amanhã", escreveu a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA).
"A bancada do PSOL vai levar Carla Zambelli ao Conselho de Ética. É intolerável que uma parlamentar coloque as pessoas em risco com arma em punho na rua. As imagens desmentem a alegação dela que teria sido agredida. Não podemos aceitar o ódio e a violência política do bolsonarismo!", informou o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP).
O PT e a Rede Sustentabilidade também anunciaram que irão representar, na segunda-feira (31), contra Zambelli no Conselho de Ética da Câmara Federal. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da Rede no Congresso Nacional, disse que a atitude da parlamentar é inadmissível.
"Uma congressista ameaçar um opositor político com um revólver é mais um símbolo do autoritarismo e da violência que o atual governo representa. Não pode ficar impune", disse.
Carla Zambelli foi filmada apontando uma arma para um homem negro na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena, em São Paulo. No vídeo, ela atravessa a rua e entra em um bar com uma pistola empunhada.
Ela afirma ter sido agredida e empurrada pelo homem. "Eles usaram um negro para vir em cima de mim", disse. O homem conversou com o UOL e afirmou que a intenção de Zambelli era prendê-lo e matá-lo.
Pela legislação eleitoral, é proibido o transporte de armas e munições por CACs (colecionadores, atiradores e caçadores) nas 24h antes da eleição, assim como no dia e nas 24 h posteriores ao pleito.
O rapaz afirmou que a confusão começou porque ele encontrou com Zambelli em um bar e a mandou "tomar no cu". Ele relata que as pessoas que acompanhavam Zambelli começaram a filmar a discussão até que o homem disse "te amo, espanhola". Foi neste o momento que Zambelli se desequilibra, quase cai e corre atrás da vítima com a arma.
A ação aconteceu na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena. Pela gravação, é possível ouvir a deputada falando para o homem mais de uma vez "deita no chão". Pessoas que estavam no local tentaram contê-la e uma voz afirma "ela quer me matar, mano". Testemunhas falaram que a polícia interditou a passagem de veículos na rua para preservar a cena do ocorrido.
Ele diz ter ouvido um disparo, mas que não viu quem o efetuou. O homem relatou que Zambelli e os homens que a acompanhavam ordenaram que ele deitasse no chão, o que ele não atendeu. Depois da confusão, sempre de acordo com o relato do jornalista, Zambelli pediu que ele gravasse um vídeo pedindo desculpas pela confusão, o que ele também recusou.
De acordo com a polícia, a confusão teria começado na esquina da rua Capitão Pinto Ferreira com Alameda Lorena. Testemunhas falaram que a polícia interditou a passagem de veículos na rua para preservar a cena do ocorrido.
Vídeo obtido pelo UOL confirma parte do relato do jornalista. Nessas imagens, na alameda Lorena com a rua Capitão Pinto Ferreira, um grupo de homens circula ao redor de Zambelli e ela cai, sem ninguém empurrá-la. "Xingou de boiola", acusou um deles.
Ela levanta e começa a correr atrás de dois dos homens. Uma pessoa saca uma arma e é possível ouvir um som que seria de um disparo, enquanto mais ofensas são trocadas. "Chama a polícia", grita uma pessoa ao redor. Zambelli continuou correndo atrás de um dos homens, o que entra no bar procurando abrigo.
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