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Tales: Bolsonaro deu recado mais forte que o esperado ao desautorizar atos

Do UOL, em São Paulo

01/11/2022 17h35Atualizada em 01/11/2022 18h02

Tales Faria, colunista do UOL, afirmou hoje em programa especial logo após o pronunciamento de Jair Bolsonaro, que o presidente subiu o tom com os caminhoneiros que estão bloqueando as rodovias do país após contestarem, sem provas, a derrota nas eleições presidenciais. Para ele, o presidente "desautorizou" as manifestações.

"Eu achei que a crítica dele aos caminhoneiros foi muito mais forte do que eu esperava. Ele disse que essa forma de agir [bloquear estradas] é uma forma de agir da esquerda, que não pode ser a deles. Ele desautorizou a mobilização, a movimentação dos caminhoneiros nas estradas", disse Faria.

Para o colunista, o centro da discussão do presidente com os assessores deve ter sido a forma como os protestos ocorreram. "Eu fico imaginando um caminhoneiro que virou noite na estrada acreditando que o presidente ia dizer: 'Vamos colocar as Forças Armadas na rua'. Como é que ele se sente ouvindo que essa não é a forma de agir, que ele está errado. Foi a coisa mais inesperada para mim do discurso do Bolsonaro. Esse deve ter sido o centro da discussão dele com os assessores."

O jornalista afirma que o eleitor de Bolsonaro deve ter se sentido traído após o discurso: "Ele vai desgastando a relação com os aliados dele porque ele sempre chega no meio do caminho e abandona. Ele fala: é justo que você esteja triste, esteja reclamando, mas você fez errado", disse ele.

Apesar de divergir da ação dos manifestantes, Tales diz que essa é a forma de ação de Bolsonaro nos últimos dias. "No fundo, ele impulsionou isso o tempo todo. Ele impulsionou os aliados a irem para as ruas e, quando eles vão para as ruas, ele diz que não é a forma dele agir. Ele poderia ser enquadrado em incitação de crime. Como ele tem medo, ele joga para os outros."

Tales ainda citou que Bolsonaro reafirmou o discurso de fraude eleitoral ao não reconhecer a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Ele deixou em aberto a questão da legitimidade das urnas. Não parabenizou o adversário, não fez nada."

Josias: Bolsonaro e Ciro Nogueira fazem teatro para dizer que cumprirão lei

Josias de Souza, colunista do UOL, afirmou que as falas do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, foram como um "teatro simbólico" para anunciar que a lei vai ser cumprida após o resultado das eleições presidenciais.

Bolsonaro fez um pronunciamento durante a tarde de hoje para falar sobre as manifestações que bloquearam diversas estradas desde o anúncio da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nogueira também participou do pronunciamento, informando que a transição de governo deve começar.

"É uma pantomima, muito deplorável, deprimente [o discurso]. O presidente insiste na tese de que foi um processo ilegítimo", afirmou Josias de Souza. "Simultaneamente temos o ministro — e não o presidente, veja a simbologia desse teatro que assistimos — dizendo que a lei vai ser cumprida."

Para o colunista, apesar de ter criticado os bloqueios, Bolsonaro insiste na tese de que a eleição foi fraudada e dá aval para manifestações antidemocráticas, mesmo que não existam provas e que diversos órgãos já tenham confirmado a veracidade do resultado.

Sakamoto: Bolsonaro faz pronunciamento de quem entrou nanico e saiu covarde

Durante o programa, o colunista do UOL, Leonardo Sakamoto, classificou o discurso de Bolsonaro como "muito ruim" e de "mau perdedor".

"É um discurso de um mau perdedor, daquela criança que perde e leva a bola embora. Ele não parabenizou o adversário e nem reconheceu [a vitória]. Ele deixa claro que ele vê o processo eleitoral como maculado, apesar de nenhuma prova. Dá uma criticada de leve nos caminhoneiros bolsonaristas que estão bloqueando as estradas, provavelmente instruídos pela sua equipe jurídica porque provavelmente isso ia sobrar para ele", disse o jornalista.

Para Sakamoto, apesar da crítica, o presidente teria incentivado as manifestações antidemocráticas.

"Ele fomentou isso através do seu silêncio, fomentou atos golpistas através do silêncio, das falas de filhos, de aliados. E agora tira o dele da reta. Ele reclama de ter sido rotulado de antidemocrático, fala que jogou nas quatro linhas da Constituição, que nunca censurou a mídia, apesar de ter escolhido as mulheres jornalistas como alvo durante seus quatro anos de mandato."

O jornalista concluiu que o discurso de Bolsonaro é "de um presidente que entrou no governo nanico e saiu covarde."

Veja o programa na íntegra: