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Juiz chama Bolsonaro de "nazifascista" e compara apoiadores a "gado"

Bolsonaristas queimaram pneus na BR-290, no Rio Grande do Sul - Marcelo Pinto/Fotos Públicas
Bolsonaristas queimaram pneus na BR-290, no Rio Grande do Sul Imagem: Marcelo Pinto/Fotos Públicas

Do UOL, em São Paulo

04/11/2022 12h21

Em um despacho de ontem em que determina a desobstrução de rodovias federais no Rio Grande do Sul, um juiz comparou os manifestantes bolsonaristas a "gado" e chamou de "nazifascista" o presidente Jair Bolsonaro (PL), o presidente russo Vladmir Putin e o ex-presidente americano Donald Trump.

Depois que o presidente perdeu a reeleição no domingo (30), manifestantes ocuparam estradas em todo o Brasil defendendo um golpe contra a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em uma de suas decisões, o juiz federal Carlos Felipe Komorowski mandou multar em R$ 10 mil as pessoas físicas e em R$ 100 mil as empresas que desrespeitassem a decisão e mantivessem os bloqueios, multa que seria duplicada a cada hora de descumprimento.

Intervenção federal. Depois de conceder três liminares em favor da desobstrução, Komorowski reforçou seu pedido na manhã de ontem ao mencionar a situação "desesperadora" do dia 2, "quando milhares de pessoas reuniram-se em frente a quartéis das forças armadas de diversas cidades bradando por uma, assim chamada, 'intervenção federal'."

Ao final do despacho, o juiz decidiu registrar um "protesto".

"Não há vida plena na ditadura. Jamais houve e continua não havendo, independente do país, da religião, da etnia ou do viés político, se de direita ou de esquerda", começou.

palhoça - Divulgação: PRF/RS - Divulgação: PRF/RS
Manifestantes em bloqueio de rodovia no Rio Grande do Sul
Imagem: Divulgação: PRF/RS

Lava Jato? Ele escreve que "principalmente nos últimos 8 anos, 7 meses, e 12 dias, a democracia no Brasil foi negligenciada pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público, levando, diretamente, a esse estado de coisas", afirmou sem citar a Operação Lava Jato.

Iniciada em março de 2014, a operação liderada pelo senador eleito e ex-juiz Sergio Moro é apontada como uma das razões para a crise institucional que culminou com o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, e com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2018.

Avançamos trinta e quatro anos [desde a Constituição de 1988] e líderes nazifascistas modernos têm ganhado apoio popular, por exemplo, Bolsonaro, Trump e Putin. Nazistas, porque espalham a morte com base na discriminação e fascistas, porque buscam a dominação de tudo e de todos.
Carlos Felipe Komorowski, juiz federal

"Não entendo a adesão das pessoas a líderes desse nível", continua. "O que explica o desejo pelo nazifascismo?"

Ele ainda faz um trocadilho com os eleitores do presidente, chamados de "gado" pelos opositores.

"O gosto de ser tocado feito gado é uma manifestação de masoquismo? - com a licença do gado vacum, já tão explorado e ainda tem seu nome e imagem associados a isso", concluiu.

O UOL pediu entrevista ao juiz, mas ele preferiu não se manifestar.

Polícia põe fim aos bloqueios

Na noite de ontem, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) informou que não há mais bloqueio (fluxo totalmente impedido) nas rodovias federais do Brasil, mas 24 estradas continuavam com o fluxo parcialmente impedido no Amazonas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará e Rondônia.

Hoje cedo, a corporação informou que esse número caiu para 15 depois de 936 manifestações desfeitas e 3.500 multas aplicadas.