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Carla: Relatório de militares falará em 'lacunas', mas não apontará fraude

Colaboração para o UOL*, em São Paulo

09/11/2022 13h20Atualizada em 09/11/2022 14h22

O relatório do Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas deve ser divulgado hoje à tarde sem apontar fraudes no sistema eleitoral brasileiro, porém citando "lacunas" a serem aperfeiçoadas. A apuração é da colunista do UOL Carla Araújo.

"Conversei com algumas fontes do ministério e o documento deve ser apresentado hoje no final da tarde. Não há uma previsão de uma entrega física do ministro Paulo Sérgio ao presidente do TSE, Alexandre de Moraes. Isso deve ser feito de maneira eletrônica", disse Carla, no UOL News.

Segundo ela, o documento deve ser "muito técnico", o que pode dar margem para interpretações que coloquem em dúvida a credibilidade da urna eletrônica.

"O documento, segundo apurei, não vai dizer que teve fraude, mas que há algumas lacunas ou algumas questões para serem aperfeiçoadas", afirmou a jornalista. "Só nessas pequenas brechas já imaginamos o que pode alimentar a parcela de eleitores inconformados, alguns realizando atos antidemocráticos após a derrota do presidente Jair Bolsonaro", acrescentou.

Bolsonaro e seus apoiadores passaram meses fazendo ataques sem provas sobre a segurança e a inviolabilidade das urnas eletrônicas, que, no entanto, nunca foram alvo de fraude desde que foram usadas pela primeira vez em 1996.

Nesse cenário, Bolsonaro passou a citar a fiscalização das Forças Armadas como primordial para concordar com a segurança da eleição. Em outubro, a Defesa informou ao TSE que as Forças Armadas iriam divulgar um relatório sobre a fiscalização do processo eleitoral, incluindo a análise da segurança das urnas eletrônicas, somente depois do segundo turno das eleições.

Maierovitch: Relatório das Forças Armadas será um nada, mas também usado de combustível ao golpismo

O colunista do UOL Wálter Maierovitch também falou sobre a expectativa para o relatório das Forças Armas. "Vamos ser claros e usar uma frase de Esopo: da montanha pariu um rato. Esse relatório vai parir um rato, ou seja, um nada", disse o jurista.

"A conclusão da fábula é que não se deve projetar grandes coisas principalmente quando o resultado será o erro. É a fábula do Esopo colocada em tempos atuais porque o relatório não vai apontar fraude", completou.

Segundo Maierovitch, mesmo que o documento do Ministério da Defesa não traga conclusões sobre erros no sistema eleitoral, ele será usado por golpistas para contestar a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Em um ambiente conturbado de polarização, isso vai ser usado em redes sociais para se imaginar uma fraude e dar combustível, mais uma vez, ao golpismo", afirmou.

Tales: Relatório gera expectativa e irritação com Forças Armadas; não deveriam ter sido chamadas

De Brasília, o colunista do UOL Tales Faria acompanha os bastidores para a entrega do relatório sobre as urnas eletrônicas pela Defesa. "Há certa irritação com as Forças Armadas porque ficam criando um suspense desnecessário e até nocivo ao país nesse momento", avaliou.

"Não deviam ter chamado as Forças Armadas para participar da fiscalização [das urnas]. Isso deu margem para que tivesse esse tipo de uso inadequado delas. Por exemplo, as Forças Armadas têm mais técnica para analisar a confiabilidade de uma urna eletrônica do que qualquer outro órgão? Não tem", afirmou Tales.

O jornalista concordou que, independente do que aponte o documento, ele dará margem para notícias falsas sobre o processo eleitoral brasileiro.

"É uma bobagem a participação das Forças Armadas [nas eleições] e foi um erro do TSE ter chamado elas", concluiu.

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(*Com informações da agência Reuters)