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Após confirmar dados do TSE, Defesa diz agora não excluir risco de fraude

Divulgação/TRE-MT
Imagem: Divulgação/TRE-MT

Colunista do UOL e Do UOL, em Brasília

10/11/2022 11h54Atualizada em 10/11/2022 13h50

Um dia depois de divulgar relatório em que confirma os dados da votação das eleições deste ano, as Forças Armadas divulgaram uma nota na qual afirmam o que o documento "não exclui a possibilidade da existência de fraude" nas urnas.

"O acurado trabalho da equipe de técnicos militares na fiscalização do sistema eletrônico de votação, embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022", disse a pasta.

Integrantes do Ministério da Defesa negam que a nota de hoje tenha relação com a reação negativa de bolsonaristas que criticaram o documento e dizem que o posicionamento é uma resposta ao TSE.

Em nota, o tribunal disse ontem que recebeu o relatório das Forças Armadas com "satisfação" e que o documento demonstrou, assim como todas as demais entidades fiscalizadoras, que não há existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral.

Segundo apurou o UOL, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, ficou incomodado com a resposta do TSE e considerou o posicionamento da Corte "equivocado".

A pasta decidiu divulgar a nota de hoje porque na avaliação de militares que fizeram o relatório falar em vulnerabilidades na área de tecnologia da informação é algo "bastante serio".

Integrantes do Exército ouvidos pelo UOL, no entanto, disseram que já consideravam o assunto "página virada" e o relatório foi atestado por integrantes do Alto Comando.

Segundo um general da ativa ouvido sob reserva, o documento foi ratificado pela área técnica e a conclusão é de que não houve fraudes no pleito. De acordo com o militar de alta patente, os levantamentos relacionados ao código-fonte até podem dar margem para "interpretações de falhas", mas o que há de concreto são sugestões de melhorias.

Hoje, ao deixar a sessão do TSE, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do tribunal, deu declaração semelhante e afirmou que o assunto é tema que "já acabou faz tempo".

O que diz a nova nota da Defesa. O texto divulgado pelos militares faz menção aos "riscos" hipotéticos levantados no relatório entregue ontem ao TSE, alegando que haveria "risco à segurança" na geração dos programas das urnas eletrônicas devido ao acesso dos computadores à rede do TSE.

No entanto, como mostrou o UOL, o procedimento é feito offline.

Os militares também reclamam que os testes de integridade nas urnas, inclusive o com biometria, não teriam sido suficientes para "afastar a possibilidade de influência de um eventual código malicioso capaz de alterar o funcionamento do sistema de votação".

Os testes de integridade, tanto o tradicional quanto o projeto-piloto com biometria, ocorreram nas eleições e não detectaram nenhum problema no sistema de votação. Além disso, como o uso da biometria tinha caráter voluntário, a Justiça Eleitoral não poderia impor aos eleitores que participassem do teste.

"Em consequência dessas constatações e de outros óbices elencados no relatório, não é possível assegurar que os programas que foram executados nas urnas eletrônicas estão livres de inserções maliciosas que alterem o seu funcionamento", alegam os militares.

Ontem, o TSE afirmou em nota que todas as sugestões dos militares constantes no relatório para aperfeiçoamento do sistema serão oportunamente analisadas.