Ofuscada por alta de salário, transição em SP começa na 2ª com Tarcísio

Evento raro em um estado administrado pelo PSDB desde 1995, a transição de governo em São Paulo teve a primeira reunião na tarde de hoje quando o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), recebeu, no Palácio dos Bandeirantes, o governador eleito, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os trabalhos começam na próxima segunda-feira (21).

Nenhum nome de secretário foi adiantado, mas o UOL Notícias apurou que deve ser mantido o número de secretarias —que hoje está em 28 secretarias. Tarcísio afirmou que fará ajustes no orçamento para o próximo ano junto a Assembleia Legislativa e não se manifestou a favor e nem contra o projeto que aumenta seu salário em 50%.

Nenhum secretário indicado. O governo do estado cedeu o edifício Cidade 1, no centro histórico de São Paulo, para Tarcísio instalar sua equipe. Ele afirmou que, na próxima semana, vai nomear os integrantes que vão trabalhar em eixos temáticos que serão em um número de similar ao de secretarias.

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Tarcísio fez questão de ressaltar que serão indicados mais de um profissional por eixo, e que os escolhidos não serão necessariamente secretários.

O governador eleito afirmou ainda que os futuros secretários não serão nomeados neste momento. Ele falou que é possível indicar deputados federais e estaduais para os cargos.

Mas quando foi questionado se existe a possibilidade de escolher os deputados federais Ricardo Salles (PL-SP) ou Mario Frias (PL-SP), dois bolsonaristas, respondeu que ambos têm uma função a cumprir em Brasília.

"Existem parlamentares que, pelo perfil, vão ser muito importantes no Congresso".

Tarcísio prometeu em campanha que iria nomear um secretariado técnico. Mas ele sofre pressão de bolsonaristas para escolher nome alinhados com o presidente. O governador eleito afirmou que vai manter o discurso de quando era candidato.

"Eu sempre falei em ter uma gestão absolutamente técnica. Eu sempre falei em ter uma gestão absolutamente técnica. Vocês vão ver pelos nomes que eu vou começar a anunciar que nós não vamos nos distanciar daquilo que nos comprometemos".

Aumento de salário. Antes de assumir, Tarcísio de Freitas tem assuntos a resolver na Assembleia Legislativa, onde uma proposta prevê reajuste de seu salário de R$ 23 mil para R$ 34,5 mil.

No começo de sua declaração, o governador eleito pareceu sinalizar a favor da medida ao dizer que os vencimentos do governador balizam várias carreiras e muitos profissionais estão sem aumento real desde 2019. Há forte pressão de delegados e auditores para uma reposição.

Mas na sequência, Tarcísio declarou que é preciso manter verba para reajustar a base da pirâmide nas carreiras de educação, segurança pública e saúde. Ao final, ele falou que é preciso discutir o assunto.

"A gente tem que contemplar a questão espaço [orçamentário] para fazer os ajustes que a gente tem que fazer nas carreiras de entrada. Então, por isso, é um assunto que a gente tem que olhar mais para frente com muito cuidado e interagir com a Assembleia [Legislativa].

O aumento salarial significaria um impacto muito maior nas contas públicas porque permite que outras carreiras também possam ter reajuste. A estimativa é de uma elevação de gastos de R$ 1,5 bilhão.

Garcia afirmou que o estado tem caixa para bancar este aumento, mas ressaltou que a situação precisa ser avaliada por Tarcísio. O governador eleito tenta se afastar do assunto e sua assessoria declarou que vai respeitar a decisão dos deputados estaduais.

O governador eleito disse que vai ajustar o orçamento por meio de discussões com os deputados estaduais. Ele ainda afirmou que pretende aumentar a abrangência de programas como Bolsa do Povo, Bolsa Permanência para alunos do Ensino Médio e manter a política de aulas em tempo integral.

O orçamento do estado é de R$ 317 bilhões. A capacidade de investimento está em torno de R$ 20 bilhões.

Quem acompanhou o governador eleito? Na reunião de hoje, Tarcísio esteve acompanhado de Guilherme Afif Domingos, nomeado coordenador da equipe de transição e que foi chefe de sua campanha. Também estiveram presentes o vice-governador, Felício Ramuth (PSD), e três assessores.