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Suspeitos de atos golpistas doaram R$ 1,3 mi a Bolsonaro; veja quem são

Do UOL, em São Paulo

18/11/2022 04h00Atualizada em 05/10/2023 16h28

Empresários ligados a empresas que tiveram as suas contas bloqueadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por suspeita de financiar atos golpistas doaram mais de R$ 1,3 milhão para a campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

As manifestações contestavam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas.

Levantamento do UOL Notícias apontou que quase a metade do valor de R$ 1,3 milhão doado foi repassada pelo empresário bolsonarista Atilio Elias Rovaris.

Piloto amador da rally, ele está na lista dos maiores financiadores de Bolsonaro na disputa pelo Planalto neste ano, com uma doação de R$ 500 mil.

Rovaris mora em Sorriso (MT), assim como ao menos outros dez empresários alvos de bloqueios feitos por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Com a economia movida pelo agronegócio, o município de Sorriso (MT) é um ponto de destaque nos bloqueios.

Das 43 contas bancárias bloqueadas, 24 são ligadas a pessoas ou empresas de Sorriso.

Empresários ligados a empresas bloqueadas que fizeram doação a Bolsonaro

  • R$ 500 mil - Atilio Elias Rovaris (da Transportadora Rovaris Ltda, de Sorriso-MT)
  • R$ 197 mil - Doações da família Bedin (Sorriso-MT)
  • R$ 147 mil - Doações da família Pozzobon (da Fermap Transportes, de Sorriso-MT)
  • R$ 103 mil - Doações da família Costa Beber (de Nova Mutum-MT)
  • R$ 80 mil - Doações da família Pedrassani (Drelafe Transportes de Carga Ltda, de Cuiabá-MT)
  • R$ 60 mil - Doações da família Piaia (de Campo Novo do Parecis-MT)
  • R$ 60 mil - Doações da família Ogliari (Muriana Transportes Ltda, de Nova Mutum-MT)
  • R$ 50 mil - Gerson Luis Garbuio (da Agritex, de Querência-MT)
  • R$ 30 mil - Waldemar Verdi Júnior (do Banco Rodobens)
  • R$ 30 mil - Moyses Antônio Bocchi (do Berrante de Ouro Transportes Ltda, de Sorriso-MT)
Argino Bedin, de camisa amarela, com o presidente Jair Bolsonaro, durante visita a Sorriso (MT) - Alan Santos/PR/18.set.2020 - Alan Santos/PR/18.set.2020
Argino Bedin, de camisa amarela, com o presidente Jair Bolsonaro, durante visita a Sorriso (MT)
Imagem: Alan Santos/PR/18.set.2020

A família Bedin. Seis pessoas da família Bedin, também ligada ao agronegócio e com contas de quatro de pessoas físicas bloqueadas pelo STF, doaram quase R$ 200 mil para a campanha. O maior repasse foi feito pelo empresário Sérgio Bedin, que arcou com a metade desse valor.

Argino Bedin, que teve a sua conta bloqueada, aparece em uma foto com Bolsonaro, em uma visita do chefe do Executivo à cidade de setembro de 2020. Em entrevista ao site "O Joio e o Trigo", abriu voto a Bolsonaro e disse ter se mudado para a região em 1979 "durante o processo de colonização da região, impulsionado pela ditadura civil", segundo o texto.

Na entrevista, defendeu o presidente. "Até debaixo d'água, eu defendo o governo Bolsonaro." Ele disse, ainda, que o período da ditadura militar "trazia segurança para toda a população" e "só não era bom para quem não queria trabalhar."

O regime deixou 434 mortos ou desaparecidos em 21 anos, de acordo com levantamento da CNV (Comissão Nacional da Verdade). Além disso, a ONG Human Rights Watch calcula que 20 mil pessoas tenham sido torturadas durante o período.

Família Pozzobon e o número 22. Ilo e Nelci Pozzobon, que chefiam a Fermap Transportes, também sediada na cidade, doaram, juntos, quase R$ 150 mil. No repasse feito por Ilo, uma curiosidade: o valor exato foi de R$ 122.222,22, em referência ao número 22 usado nas urnas pelo candidato.

O empresário Sinar Costa Beber fez doação para a campanha do presidente Jair Bolsonaro e teve a sua conta bloqueada por suspeita de financiar atos golpistas - Reprodução - Reprodução
O empresário Sinar Costa Beber fez doação para a campanha do presidente Jair Bolsonaro e teve a sua conta bloqueada por suspeita de financiar atos golpistas
Imagem: Reprodução

A família Costa Beber. Empresários com o sobrenome Costa Beber, influentes em Nova Mutum (MT), foram responsáveis por uma doação de pouco mais de R$ 100 mil. O empresário Sinar Costa Beber, que teve a sua conta bloqueada, é proprietário de uma fazenda com 4 mil hectares próximo à BR-163.

Ligado ao agronegócio, costuma aparecer em reportagens sobre o segmento na internet.

A família Pedrassani. Três empresários da família Pedrassani ligados à Drelafe Transportes de Carga Ltda, de Cuiabá, fizeram doações à campanha de Bolsonaro que, somadas, chegaram a R$ 80 mil.

Famílias Piaia e Ogliari. Duas pessoas da família Piaia, de Campo Novo do Parecis (MT), repassaram R$ 60 mil ao presidente durante a corrida eleitoral. O empresário Edilson Antônio Piaia teve a sua conta bloqueada pelo STF por suspeita de financiar os atos golpistas.

Foi o mesmo valor doado pela família Ogliari, da Muriana Transportes Ltda, empresa sediada em Nova Mutum (MT) que faz o transporte rodoviário de carga.

O que dizem os citados

Em nota, o Banco Rodobens disse que foi "surpreendido ao verificar que consta em tal relação", e que ainda não teve acesso aos autos, mas que não teve qualquer participação nos atos.

"Antecipando uma análise interna, identificamos que supostamente, dentre os caminhões, encontravam-se clientes com financiamentos na modalidade de leasing operacional, onde a propriedade é do Banco e o cliente arrendatário tem a posse direta do caminhão e pode optar, ao final do contrato, pela aquisição do bem, ou seja, não são bens de uso do Banco Rodobens", diz o comunicado.

O administrador da Berrante de Ouro, que se identificou apenas como Cristiano, afirmou que os advogados da empresa já estão recorrendo da decisão de Moraes e que demais manifestações serão feitas nos autos do processo. "Nossas manifestações são legais e não estamos impedindo o direito de ir e vir de ninguém", disse.

Os outros citados ainda não se manifestaram.