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Tarcísio terá Kassab, bolsonarista na Segurança e pastor no Turismo

Capitão Derrite ao lado do governador eleito Tarcísio de Freitas durante a campanha - Reprodução
Capitão Derrite ao lado do governador eleito Tarcísio de Freitas durante a campanha Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

30/11/2022 16h16Atualizada em 01/12/2022 12h16

A equipe de Tarcísio de Freitas (Republicanos) oficializou hoje a indicação do ex-ministro Gilberto Kassab (PSD) para a Secretaria de Governo e anunciou outros dois secretários: o deputado federal Capitão Derrite (PL-SP) vai comandar a Secretaria da Segurança Pública e o deputado federal Roberto de Lucena (Republicanos-SP), a Secretaria de Turismo.

A divulgação foi feita por Guilherme Afif Domingos (PSD), coordenador da transição. Ele foi encarregado da tarefa porque o governador eleito estava em reunião com o governador Rodrigo Garcia (PSDB) no Palácio dos Bandeirantes. Tarcísio indicou que manterá o número atual de 28 secretarias.

Bolsonarista raiz. Futuro secretário da Segurança Pública, Capitão Derrite é oficial da reserva, bolsonarista e sua nomeação indica um policiamento linha-dura em São Paulo. Ele participou da elaboração do plano de governo de Tarcísio e está no grupo de transição à frente da área de segurança

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) trabalhava para a indicação de Derrite. Na semana passada, ele e o governador eleito conversaram por cerca de uma hora e meia no prédio que abriga a equipe de transição, no centro da capital paulista.

Na primeira coletiva como secretário nomeado, Derrite voltou atrás na questão das câmeras instaladas nas fardas dos policiais militares. O ex-capitão sempre se posicionou contra o equipamento, mas hoje declarou que a utilização deve ser reavaliada —o que abre possibilidade de manutenção.

"A minha opinião é a mesma do governador, toda política pública vai ser avaliada, reavaliada", afirmou. "O uso de tecnologia, não só das 'body cams' como foi falado aí, um ponto que eu sei que gerou certa polêmica, durante a campanha e os debates, tudo o que for para beneficiar a população paulista e dar sustentação para o trabalho do policial será muito bem-vindo. Mas toda política pública é suscetível sim a uma reavaliação, uma reanálise."

Perfil e posicionamento. Próximo da ala ideológica do bolsonarismo, Derrite tem 38 anos e ingressou na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, em São Paulo, em 2003. Comandou um pelotão da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da polícia militar paulista, entre 2010 e 2013. Foi eleito deputado federal em 2018 e reeleito nas eleições deste ano, com 239 mil votos.

Derrite já disse que é contra as "saidinhas temporárias" —como são chamadas as saídas de presos em feriados e datas comemorativas. Durante o anúncio do oficial da reserva, Afif declarou que ele foi um companheiro desde a concepção do plano de governo para a segurança pública e sua escolha para o cargo ocorreu de forma natural.

Evangélico no governo. Escolhido para a Secretaria de Turismo, o deputado federal Roberto de Lucena tem experiência na área porque comandou a pasta entre 2011 e 2015. Neste período, o governador era o atual vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).

Lucena é o primeiro evangélico nomeado no primeiro escalão do governo Tarcísio. Ele é integrante da Igreja Brasil para Cristo e um dos líderes da Frente Parlamentar Evangélica no Congresso Nacional. O futuro secretário se apresenta como pastor, escritor e conferencista. Desde a campanha, era o mais cotado para assumir o cargo.

Além de ser do partido governador eleito e representar a ala evangélica, um eleitorado para o qual Tarcísio pediu votos várias vezes ao participar de cultos e Marchas para Jesus, Lucena está sem cargo. O futuro secretário tentou a reeleição, mas obteve 69.341 votos e não conseguiu um novo mandato como deputado federal.

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Tarcísio, a esposa Cristiane e o presidente do PSD e futuro secretário, Gilberto Kassab
Imagem: Flickr/TF10 Campanha

Kassab confirmado. Presidente do PSD, o ex-ministro Gilberto Kassab foi confirmado como secretário de Governo e deve ser responsável pela articulação política de Tarcísio. Esta é a segunda vez que ele é indicado para um cargo no governo de São Paulo. Durante o governo João Doria (então PSDB), Kassab foi nomeado secretário, mas não assumiu por causa de uma investigação.

Desde então, ele se dedicou à atuação partidária. Desta maneira, amarrou apoios dentro do PSD ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Brasília e se aliou com o bolsonarista Tarcísio em São Paulo. O vice-governador eleito pelo estado, Felicio Ramuth, é do PSD.

Durante sua fala a respeito de Kassab, de quem é bastante próximo, Afif declarou que espera que ele lidere articulação política com o Congresso Nacional, os deputados estaduais e, principalmente, com os prefeitos. Mas fez questão de ressaltar que o diálogo com Lula não terá intermediários e será feito diretamente pelo governador eleito.

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Esper Kallás assume o Instituto Butantan em meio a questionamentos do TCE
Imagem: Vinícius Rosa

Novidade no Butantan. O governo eleito ainda anunciou o nome do futuro presidente do Instituto Butantan. O escolhido é Esper Kallás, que integrou o Comitê de Contingenciamento do Coronavírus no governo João Doria e é professor da Faculdade de Medicina da USP. Autor de 270 trabalhos científicos publicados, é muito respeitado na área da saúde.

A indicação dele ocorre em meio à saída de Dimas Covas, desgastado por causa de contratos sem licitação, obras e altos salários. O TCE (Tribunal de Contas do Estado) questionou estas despesas.

Mulher na equipe. O último nome divulgado hoje é o da advogada e mestre em Direito do Estado Inês Coimbra, que será reconduzida à chefia da Procuradoria-Geral do Estado. Ela é servidora de carreira na área há 18 anos. Na hora do anúncio de seu nome, Afif fez questão de ressaltar que se trata de uma mulher.

Foi a segunda mulher anunciada para o alto escalão do governo.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, Inês Coimbra é a atual procuradora-geral do Estado de São Paulo e será reconduzida ao cargo na gestão Tarcísio de Freitas. O texto foi corrigido.