"Ninguém vai fazer bagunça. A gente só quer ver o Lula": o novo cercadinho
"Ninguém vai fazer bagunça, não", protestou a mulher contra os policiais federais no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, nesta sexta-feira (2). "A gente só quer ver o Lula", completou ela, em meio a um grupo de apoiadores do presidente eleito que estavam atrás de grades, numa espécie de cercadinho Queriam ver Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que concedia entrevista à imprensa a menos de 30 metros dali.
Os seguranças ficavam na linha do olhar das mulheres, e as impediam de ver diretamente o petista. "Lula!", chamava uma. "Ei, Lulaaaaa", gritava a outra, quando a entrevista terminou. Em breve momento, o petista olhou de longe e acenou para o pequeno público, ao lado do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG).
Os chamados "cercadinhos", formados por eleitores e militantes, foram um marca do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que, após a derrota para Lula, e vive quase recluso há mais de um mês — ele se tornou o primeiro chefe do Executivo na história do país a não conseguir se reeleger. Deste 2019, quando assumiu, Bolsonaro mantinha conversas diárias com apoiadores no Palácio da Alvorada.
Lula ainda não tem um público grande o suficiente e diário ao seu redor no CCBB. Com segurança reforçada, ele tem evitado contato direto com o público e com a imprensa. Na sexta-feira, foi a primeira vez que o presidente falou publicamente desde que fez cirurgia para retirar lesão na laringe.
Eleitores reclamam de seguranças
A reclamação dos eleitores e militantes ontem foi com a segurança do petista. Posicionados de forma a dificultar um possível arremesso de objetos ou eventuais disparos de tiros, eles acabaram atrapalhando a visão de quem estava no CCBB para ver o petista "de pertinho".
"Ninguém vai fazer bagunça, não", disse uma mulher. "Ninguém vai fazer nada", completou uma amiga dela, que estava ao lado do UOL no local. "A gente só quer ver o Lula."
Perto dos apoiadores, estavam o repórter do UOL e mais dois jornalistas, de outros dois veículos. Uma repórter brincou com uma das lulistas: "Olha, se vocês chamarem ele, ele vem". A mulher riu e decidiu: "Eu vou chamar".
Nesse momento, os seguranças começaram a checar as grades para evitar que apoiadores pulassem a divisória. Houve de novo um pequeno protesto.
"Ninguém vai pular, não", reclamou umas das mulheres do grupo. "Deixa a gente ver ele direitinho. Ninguém vai fazer nada, não", afirmou a outra. "Mas sai da minha frente, vai?", disse a militante.
Bom dia, Lulaaaa
"Bom dia!", disse uma. "Bom dia, Lulaaa". E veio um: "Ô, Lulaaaa", "Ôôôô". O futuro presidente percebeu e olhou para as mulheres mas não afirmou nada. Quando Lula começou a falar, as caixas de som reproduziam o som de sua voz até chegar à grade onde ficavam os apoiadores. "Aumenta aí o volume", reclamou a mulher. Lula volta a falar. Sem ouvi-lo, as mulheres voltam a reclamar da segurança.
Quando a entrevista acabou, mais uma tentativa de contato. Ao ouvir seu nome aos gritos, o petista olhou de longe e acenou para o pequeno público, ao lado do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), e entrou no prédio.
"Ele está muito ocupado", disse uma apoiadora. Segundo um assessor de imprensa afirmou ao UOL, Lula não almoçaria no local e seguiria direto a São Paulo para assistir ao jogo de Brasil e Camarões — seu palpite foi o placar de 2 a 0 para a seleção, que acabou derrotada por 1 a 0.
Já na saída para pegar o avião, Lula mandou parar o comboio de carros. Abaixou o vidro e conversou rapidamente com uma das mulheres do outro lado da grade. Ela contou que disse a Lula que o amava e que o petista disse que a "amava também".
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