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MPF denuncia Roberto Jefferson por tentativa de homicídio contra policiais

Roberto Jefferson grava vídeo dizendo que agentes da PF foram a sua casa prendê-lo - Reprodução
Roberto Jefferson grava vídeo dizendo que agentes da PF foram a sua casa prendê-lo Imagem: Reprodução

Do UOL, no Rio

07/12/2022 16h41Atualizada em 07/12/2022 17h57

O MPF (Ministério Público Federal) denunciou hoje (7) o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) por tentativa de homicídio contra quatro policiais federais no dia 23 de outubro. Os agentes foram até a casa de Jefferson, em Levy Gasparian (RJ), para prendê-lo após decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Jefferson está preso em Bangu 8 desde então. De lá para cá, seus advogados tentaram transferi-lo para um hospital, sem sucesso. Agora, o MPF pede que ele seja julgado por tentar matar os agentes da PF, e também pelos crimes de resistência à prisão, porte ilegal de armas de fogo de uso restrito e fabricação e armazenamento de artefato explosivo.

O MPF lista que Jefferson disparou 60 tiros de carabina na direção dos policiais, que estavam do lado de fora da propriedade. Alguns atingiram uma casa vizinha, onde estavam 16 crianças e quatro adultos. Uma criança teve uma fissura na costela ao tentar se proteger dos tiros.

O ex-deputado também jogou três granadas adulteradas com prego na direção dos agentes, que não usavam coletes à prova de balas.

Para o MPF, não houve mortes por "circunstâncias alheias à vontade" de Jefferson.

Como foi o ataque

  • Policiais chegam à casa e veem que Jefferson instalou um portão na rua;
  • Policiais não têm resposta pelo interfone e um deles pula o portão;
  • A esposa de Jefferson manda o agente sair porque "vai dar merda";
  • Jefferson, da varanda, joga uma granada contra os policiais no portão;
  • Policiais se escondem e Jefferson atira cerca de 30 vezes contra as viaturas;
  • Uma policial fica ferida na cabeça;
  • Roberto Jefferson joga mais duas granadas;
  • O ex-deputado descarrega mais de 30 tiros contra os agentes;
  • Outro policial fica ferido na cabeça.

Após os disparos, que receberam revide dos agentes, o cunhado de Roberto Jefferson levou os policiais a uma unidade de saúde. Enquanto isso, o ex-deputado publicava vídeos na internet dizendo que não iria se entregar.

O que aconteceu com os policiais?

A policial foi atingida por estilhaços de granada no rosto e na perna e levou um tiro no quadril. O disparo bateu na pistola na cintura, que até perdeu parte do cano. O MPF classifica como uma "salvação milagrosa". O outro policial foi atingido por estilhaços de granada na cabeça.

Trecho da denúncia afirma "que seu propósito homicida [de Roberto Jefferson] superou o suicida, haja vista o prévio planejamento de confronto que surpreendeu os policiais, com a utilização de desproporcional armamento bélico".

Qual era o armamento de Jefferson?

Após 7 horas de negociação, feita por outros agentes federais, o ex-deputado foi preso. Na casa, foram encontrados:

  • 1 Carabina 68 Smith & Wesson, calibre 5.56x45mm --arma de fogo de uso restrito;
  • 2 carregadores com 59 munições de calibre 5.56x45mm --munições de uso restrito;
  • 7.903 munições de uso permitido;
  • 370 munições de uso restrito.

De acordo com o MPF, a apreensão da arma de fogo de uso restrito e das munições "em endereço distinto ao da guarda do acervo" caracteriza posse ilegal.

A carabina do ex-deputado teve seu registro de posse no dia 4 de julho, quando ele já estava em prisão domiciliar na condição de réu. O Estatuto do Desarmamento veta aquisições de armas de fogo para cidadãos nessas condições.

O MPF pede pagamento de valor mínimo de R$ 186.780,1187 por danos aos policiais e à viatura da PF.