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Atos antidemocráticos são 'coisa de menino mimado', diz Alckmin

14.nov.2022 - O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou novos nomes de integrantes dos grupos técnicos do Gabinete da Transição - Tomzé Fonseca/Futura Press/Estadão Conteúdo
14.nov.2022 - O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou novos nomes de integrantes dos grupos técnicos do Gabinete da Transição Imagem: Tomzé Fonseca/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

08/12/2022 17h55Atualizada em 08/12/2022 19h49

O vice-presidente eleito e coordenador-geral da Transição, Geraldo Alckmin (PSB), declarou hoje que atos antidemocráticos "são coisa de menino mimado que perde o jogo, pega a bola e leva embora".

Desde a eleição, manifestantes bolsonaristas insatisfeitos com o resultado do pleito estão em frente a quartéis-generais e pedem por intervenção militar para tentar impedir a posse do presidente eleito, o que é inconstitucional.

"Democracia é um valor, princípio basilar. Autocracia é o governo pessoal, de vontade pessoal. Democracia é o povo, é o povo que decide e comanda. E atentar contra a democracia é crime e deve ser tratado dessa forma. Tem que ter paciência, no caso do Executivo, resiliência. Isso é coisa de menino mimado, perde o jogo, pega a bola e leva embora", disse em entrevista no canal GloboNews após ser questionado sobre como o novo governo vai tratar atos golpistas e com ameaças à democracia.

Ele relembrou que, quando era estudante de medicina, se filiou ao então MDB, na década de 1970, para ajudar na redemocratização durante a ditadura militar.

A jornalista Eliane Cantanhêde comentou que seriam meninos mimados "que andam armados", e Alckmin respondeu que isso é "crime e não pode ser tolerado".

"Eu disputei uma eleição para prefeito de São Paulo e não fui ao segundo turno por sete mil votos em 7 milhões de eleitores. Acabou, agradeci aos votos, cumprimentei quem teve mais votos que eu. E é assim que é. Democracia é respeitar a vontade da população. Esse é o bom caminho", concluiu.

O político continuou falando sobre o risco da democracia ao falar da sua relação com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Olha o risco da democracia, se eles estão fazendo tudo isso perdendo a eleição, imagine se tivesse ganho. Democracia em risco. A pergunta é o que o Brasil precisa mais, disputas do passado ou juntar todo mundo para salvar a democracia. Eu sempre me dei bem com o Lula, ele é uma pessoa muito afável."

Sempre diálogo deve existir. O fato de você disputar a eleição, não é inimigo, não é para dar tiro no outro. Política é civilidade. O que não pode é atentar contra, não é o presidente Lula, é a democracia brasileira. Não deveria nem disputar a eleição, quem faz isso. Quem não acredita na democracia não deve pedir voto do povo. É uma minoria. Isso passa
Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito

Para o ex-governador de São Paulo, Lula seria o único capaz de evitar uma reeleição de Jair Bolsonaro (PL).

"Só o Lula teria condição de enfrentar essa situação e evitar uma reeleição, que eu entendia muito ruim. Eu fui colega do Bolsonaro, não tenho nada pessoal contra ele, mas não tem mínimo espírito democrático, que é essencial. As pessoas passam e as instituições ficam."

'Governo será plural' e candidatura em 2026

Segundo o vice-presidente eleito, o PT terá uma participação relevante dentro do novo governo, porém, também contará com outros partidos e será "plural".

Evidente que o PT terá uma participação importante. Do outro lado você vai ter que ter partidos para participarem. Aliás, eu acho positivo. A campanha do Lula foi plural, não foi petista. Isso começou pelo convite a mim. Então, o governo vai ser plural. Agora, tem um programa a ser cumprido
Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito

Alckmin também foi questionado sobre se candidatar à presidência em 2026, já que Lula afirmou que não disputaria a próxima eleição. "Mas nem começou 2023 ainda. Eu gosto do PT. Por quê? Porque é partido político. Eu gosto de partidos", disse, desconversando do questionamento.

Em outro momento da entrevista, Alckmin disse, ao ser perguntado novamente sobre o tema, "que o futuro a Deus pertence".