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Leia a íntegra da live de Bolsonaro desta quinta

Jair Bolsonaro (PL) em live nas redes sociais - Reprodução
Jair Bolsonaro (PL) em live nas redes sociais Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

30/12/2022 14h39

Bolsonaro fez um resumo sobre seu mandato na primeira transmissão desde que perdeu a campanha. Depois de listar seus feitos, indicou que aceitou a derrota eleitoral, mas ironizou o TSE e justificou as manifestações antidemocráticas mesmo depois de condenar o "ato terrorista no aeroporto de Brasília".

Leia, a seguir, a transcrição completa da live:

A nossa última live desse ano foi no final de outubro, numa quinta-feira. Queria fazer essa live ontem mas tive problemas técnicos aqui, então resolvemos fazer agora pela manhã.

Qual é o objetivo dessa live aqui? É a última do ano. É prestar contas e depois entrar na questão política atual do nosso Brasil, que todo mundo sabe o que está acontecendo. E o que a gente quer com isso aqui?

A gente quer mostrar o que fizemos, mesmo com pandemia, com guerra, a crise, falta de água enorme no ano passado, com praticamente toda a imprensa contra a gente, batendo 24 horas por dia ao longo de quatro anos, também certas medidas judiciais contra a gente.

Nós vencemos esses quatro anos com um saldo bastante positivo em que pese os problemas que nós tivemos.

Nenhum chefe de estado que eu tenho conhecimento aqui no Brasil enfrentou algo parecido com isso, se bem que isso foi enfrentado pelo mundo todo, por causa da pandemia e da guerra desse ano lá do outro lado do mundo.

Isso influencia na vida de todo mundo. Então todo mundo sofre, além das mortes, obviamente, que são irrecuperáveis.

Mas vamos lá:

Tivemos umas eleições em 2018, com o segundo turno, nós fomos vitoriosos no segundo turno, havia uma mobilização enorme a nosso favor. Eu praticamente não fiz campanha de 6 de setembro até final de outubro, porque estava hospitalizado ou em convalescência em casa.

Ouso dizer que as manifestações de apoio no corrente ano foram superiores àquelas que ocorreram em 2018.

Então fui salvo por um milagre daquela facada e fomos vitoriosos no segundo turno contra o candidato do PT, Haddad. Mas eu fico imaginando, podemos imaginar, se a facada tivesse sido fatal, quem estaria no governo nesses quatro anos? Como estaria o Brasil hoje em dia?

E olha só: do ex-filiado do PSOL, que é um partido que é satélite do PT. E a imprensa não bateu em cima disso, não levou para a questão ideológica, não falou "o psolista, petista, de esquerda".

Hoje em dia, se uma pessoa comete um deslize, crime, ou faz algo reprovável pela sociedade, ou não está de acordo com as leis, é bolsonarista. Você lembra, durante a campanha, aquela tragédia lá em Força Iguaçu, onde uma pessoa mata a outra. E daí, [é] bolsonarista.

Eu estive aqui em Brasília com um dos famíliares [da vítima]. Conversamos sobre o episódio, lamentável sobre todos os aspectos. Nada justifica o que aconteceu ali.

Nada justifica aqui em Brasília essa tentativa de um ato terrorista. Aqui na região do aeroporto de Brasília, nada justifica um elemento que foi pego, graças a Deus, com ideias que não coadunam com nenhum cidadão.

Agora massifica em cima do cara como bolsonarismo o tempo todo. É a maneira da imprensa tratar.

Uma imprensa que lá atrás falava tanto em liberdade, liberdade de expressão, e hoje aplaude quando alguém é preso por ter falado alguma coisa, ter duvidado de alguma coisa. Essa falta de liberdade que nós estamos vivendo, não é de hoje. Prejudica a democracia.

Isso daí, no futuro, se continuar, vai pegar todo mundo. Nós sempre lutamos por democracia, por liberdade, por respeito às leis, respeito à Constituição. Eu passei quatro anos, além de trabalhar, obviamente, juntamente com os meus ministros, mostrando a importância da liberdade para a democracia.

O oxigênio da democracia é a liberdade em toda a sua plenitude. E a gente vê, a gente não precisa de mais leis. Há um artigo 220 da Constituição que fala claramente o que é liberdade, a liberdade de expressão.

Infelizmente, alguns aí não entendem o que é isso. Milhões de outros. Liberdade até quando alguém perde a sua liberdade.

Eu lembro, durante meus quatro anos, que eu não deixei de arrastar multidões pelo Brasil. Não foram só motociatas, não. De vez em quando, um chegava no canto e falava, mas, presidente, a liberdade é igual o sol: está aí brilhando para todo mundo.

Hoje o pessoal vê que, realmente, a liberdade é algo importantíssimo. Eu vejo hoje uma nação que está com medo de mandar um zap, de tecer um comentário, mandar uma emoji, discutir algum assunto, como nós fomos proibidos de discutir a questão da covid.

Você não podia falar sobre covid? Tudo era... 'Não existe comprovação científica'. Até a liberdade dos médicos foram tolhidas.

O médico não é que tem o direito, não, ele tem o dever de buscar salvar a vida do próximo ou diminuir a sua dor, e ele foi tolhido disso por ocasião da covid, que, lamentavelmente, no Brasil, matou mais de 600 mil pessoas.

Nós fizemos a nossa parte quando foi possível e passou a ter vacina no mercado, porque em 2020 não tinha vacina. Nós compramos mais de 500 milhões de doses, tomou quem quis. Não obrigamos ninguém a tomar vacina.

Hoje em dia, também, se você falar de vacina, falar de um estudo de fora do Brasil, você corre o risco de ser bloqueado, responder a umo processo. Eu, o ano passado, ou melhor, em 2020, li um trecho da revista Exame, que falava sobre covid e HIV.

Eu li duas linhas da revista Exame, estou sendo processado, estou sendo tratado como um criminoso. A revista que mostrou isso daí, meu ajudante de ódio, a mesma coisa.

Meu ajudante de ódio não traz nada para mim, não me desinforma em nada. Muito pelo contrário, colabora. Está sendo processado também. Hoje em dia, se você falar em urna, você também tem problema sério.

Se você for parlamentar, pode perder seu mandato, como o Francescini perdeu, o deputado de Estadão lá do Paraná. As nossas liberdades estão sendo tolhidas. Nós temos que lutar contra isso.

Cada um fazer a sua parte, é uma luta do povo brasileiro. E discutir as questões que, discutindo, você aperfeiçoa. E não existe nada perfeito, tudo pode ser melhorado.

Então, falar algumas coisas rapidamente aqui sobre o nosso governo, que fez, que não foi divulgada pela grande mídia. Depois entrar na questão atual política brasileira.

Rapidamente, carteira de habilitação, 5 para 10 anos. Fieis, atendemos por volta de 1 milhão de garotos que tinham dívidas, que era impagável para a grande maioria deles.

Olha o ressurgimento do marco ferroviário do Brasil. Olha a BR do mar. O auxílio Brasil, por ocasião do Auxílio Emergencial, por ocasião da pandemia, da covid.

Água para o Nordeste. Mesmo com a covid e com a seca, criamos praticamente 3 milhões de empregos até 2021. Internet nas escolas, eu acho que raras são as escolas que não têm internet no Norte do Nordeste do Brasil.

Combate à corrupção. A Petrobras chegou a se endividar em R$ 900 bilhões. Porte de arma para o homem do campo. Levamos a paz para o campo.

O nosso decreto de armas, que agora estão dizendo que seja recusada, foi uma das ações responsáveis por passarmos de 60 mil mortes por ano para 40 mil. Então isso dá uma redução de 30%, mais ou menos, 30 e poucos por cento.

Todo mundo aqui disse que quer combater a violência. Nós combatemos também com isso, além de recursos, lá do Ministério da Justiça, para todas, todos os governadores, sem exceção, não interessa se o governador é do PCdoB ou de outro partido qualquer.

Todos ganharam recursos nossos, também o trabalho dos secretários de segurança, mas o nosso trabalho, a questão das armas é uma segurança para a pessoa que voa pelo Brasil e vê o nosso campo. Como é que pode um homem do campo lá ficar sem uma arma para se defender, meu Deus do Céu? E por vezes também na cidade.

Agora, quando algum CAC faz uma besteira, o mundo cai de cabeça sobre os nossos decretos, sobre os cacs. Temos na ordem de um milhão de CACs pelo Brasil. Foi algo que marcou a questão da segurança, diminuiu a violência no Brasil.

O nosso apoio ao agronegócio é muito o que fala aqui, mas o agro bate recorde, também por iniciativa deles, pela vontade, pela maneira como eles se dedicam à questão do agro, se aperfeiçoando, se modernizando.

O agro é praticamente independente hoje em dia, precisava apenas de um governo que não atrapalhasse. Nós não atrapalhamos.

Olha a questão do MST, raras foram invasões de terra no meu governo. Agora já estão botando as manguinhas de fora, já temos visto invasões, que é o do Brasil.

E como é que nós seguramos o pessoal do MST? Não foi pela força, foi titulando. Demos 420 mil títulos para o pessoal que estava ali em assentamentos, que era a massa, a força do MST.

A desoneração da folha [de pagamento] para 17 categorias pelo Brasil. Quanto mais diminuímos os impostos, ou desoneramos, nós arrecadamos mais.

Nós diminuímos em um terço o IPI de 4.000 produtos, isentamos ou diminuímos os impostos de importação de alguns poucos produtos, mas fizemos isso e passamos a arrecadar mais.

Mantivemos a política de isenção de IPI de táxis, entramos aí, táxis deficientes, colocamos aí, agregamos os deficientes auditivos.

Olha a nossa lei de liberdade econômica. Ela é bastante extensa, a facilidade que uma pessoa tem para abrir um negócio no seu município, a facilidade para conseguir o alvará que às vezes demorava meses, até anos e não saía.

As nossas estatais, privatizamos várias estatais pequenas, mas privatizamos, a Eletrobrás foi a maior. Não davam lucro, lucro pequeno, ou deficitários, passaram a dar lucro. Ano passado, se não me engano, foram R$ 180 bilhões.

Olha Itaipu Binacional fazendo obras, foi inaugurada agora, antes do Natal, a segunda ponte com o Paraguai, uma ponte com 490 metros de vão. Está em execução outra ponte lá de Porto Murtinho.

Nossas estatais. Olha os Correios, que era um festival de desmanso e corrupção e agora está com caixa bilionário. Até mesmo a Embratur: tinha dívidas quando nós assumimos. A embratur agora tem R$ 200 milhões em caixa.

Avançamos nossa entrada no CDE, temos mais um colégio militar em São Paulo, são 14 colégios agora. temos mais de 100 colégios cívicos militares pelo Brasil, onde os pais lutam para botar seus filhos lá.

A violência, o consumo de drogas e outras coisas, entre jovens, diminuiu assustadoramente dada a disciplina adotada nas escolas, além da nota da garotada. quem diria, faltava água em Bagé, Rio Grande do Sul. a gente não sabia disso.

O prefeito nos procurou e está lá o Exército. Quando se usa barragem de Bagé, a gente quando fala em falta de água, a gente pensa no Nordeste, né?

No Nordeste nós concluímos essa obra de transposição. A Lei Urbana, nós não acabamos com a Lei Urbana, apenas passamos a atender muito mais gente do que pouca gente, com muito recurso.

Fizemos uma verdadeira revogação nas normas regulamentadoras, que levavam pânico ao empresariado, ao homem do campo, por ocasião das visitas daqueles que iam ver como é que estava o trabalho das pessoas nessas áreas.

Olha a nossa escolha técnica de ministro. Durante o meu tempo todo eu falava: compare os meus ministros com os ministros de governos anteriores. Agora, compare os nossos ministros, que ainda temos, com os indicados do nosso opositor.

Resgatamos, colaboramos para resgatar o patriotismo do Brasil, a bandeira verde e amarela passou a tremular pelo Brasil todo. O respeito à família, nada de querer mexer na questão da tradição familiar nas escolas. Aquele garoto, quando tiver maioridade, escolhe seu destino. Nós respeitamos e buscamos cada vez mais respeitar a criança na sala de aula.

Olha a prova de vida para os idosos. Hoje o idoso não tem que sair de casa sem sua prova de vida. Trinta e três por dento de reajuste no piso da educação.

O pessoal da agricultura familiar, aquele que leva realmente a comida para as feiras, para a nossa casa, passamos o TAP, a Declaração de Apoio ao Pronaf, de R$ 20 [mil] para R$ 40 mil.

Domamos a inflação. O mundo todo vinha sofrendo com a inflação. Nós domamos a inflação. Tivemos três meses de deflação no Brasil, junto com o Parlamento, e não na canetada.

Zeramos os impostos federais de combustíveis. Botamos um teto nesse MS com o Imposto Sustentável de Combustíveis. Hoje ainda temos a gasolina, em média, R$ 5,00 em todo o Brasil. Chegou na casa dos R$ 8,00.

Está no orçamento tudo previsto para que no ano que vem continuem zerados os impostos federais. Mas o novo governo, como você viu, a imprensa dessa vez anunciou corretamente, o novo governo quer que se volte a cobrar os impostos federais a partir de janeiro agora.

Então pelo que tudo indica, a gasolina sobe quase R$ 1,00 a partir de 1º de janeiro agora. É o novo governo, não é nosso. Nós tínhamos acertado isso aí. Ficou modíssimo, vocês.

Quanto mais a gente abre mão de impostos, mais nós arrecadamos. Quem entende um pouco de economia, né? Parece que a curva de Laffer estava no retrovisor distante. Nós trouxemos para perto e deixamos na nossa frente.

Também vai aumentar, como diz, o gás de cozinha. Tão criticado fui pela oposição lá atrás, com a pandemia, com a guerra, com a questão de consumir o preço dos combustíveis no mundo todo, fui criticado.

E quando a gente consegue domar isso aí, não pela canetada, mas com o Parlamento, vem agora o novo governo dizendo que vai cobrar os impostos federais a partir de 1º de janeiro.

Hoje nós somos o segundo país mais digital do mundo. Isso ajuda você a abrir empresas. Lá pelos anos 2010, você levava aí três, quatro meses para abrir uma empresa. Hoje a média está abaixo de 24 horas. É um governo que trabalhou.

Voltamos a ser a décima economia do mundo. Isso ajuda na criação de empregos. A informalidade praticamente voltou ao que era antes da pandemia.

Estamos deixando R$ 1 trilhão em investimentos privados para infraestrutura. Está bastante avançado as eólicas, na costa do Nordeste, aquelas torres com pás enormes para gerar energia. O potencial é equivalente a 50 Itaipus.

O Nordeste será reindustrializado se esse projeto for levado avante, se aqui dentro tiver responsabilidade fiscal, se respeitar a economia, se tivermos gente séria para mobiliar os ministérios.

Antes de passar ao assunto atual, não quero delongar da minha live, vou lamentar o passamento do rei Pelé no dia de ontem. Eu no primeiro mandato, em 1991, tive o prazer de conversar alguns minutos com ele.

Pessoa simples, todo mundo sabe disso, mas que levou o nome do Brasil nos quatro cantos do mundo. Hoje o mundo todo chora o passamento do Pelé. Nós lamentamos também aqui.

Ontem publiquei três dias de luto oficial pelo passamento do nosso brasileiro, Pelé. A mãe dele é viva, tem 100 anos. Não sei como é o estado de saúde dela, é uma pessoa com 100 anos de idade. Eu perdi minha mãe com 94, mas a pior coisa que pode acontecer com um ser humano é ver um filho ir embora.

Então, que Deus conforte os familiares, os amigos, nós todos brasileiros com esse passamento. E que Deus, na sua infinita bondade, o acolha. Nos vemos no céu.

Vou dar rápido agora, a segunda parte:

Como disse aqui, o voto você vê pelas ruas. Quem já disputou eleição ou acompanhou eleição, quem não leva apoio pelas ruas não tem voto. Nós levamos voto. Nós levamos multidões pelas ruas, não só fisicamente ali, pessoas na frente.

Nunca gastamos um real, um ouro, para trazer quem quer que seja com esses movimentos. Fizemos motociatas, não sei quantas [motos], 200, 300, 1000 em São Paulo. Fizemos umas quase 30 motociatas pelo Brasil, sem custo, custo zero para nós, o povo voluntário acreditando na gente.

Movemos multidões pelo Brasil, multidões. As esperanças de vitória eram palpáveis.

Veio o programa eleitoral gratuito, fomos massacrados com mentiras da outra parte, como acabar com o décimo de terceiro, não vai ter mais hora extra... Acusações absurdas.

A questão das rádios também, tinha mais espaço para um candidato do que para outro. Tivemos também ali certas medidas adotadas pela gente eleitoral que ninguém conseguia entender, foi proibido fazer live em casa, então tivemos problemas.

Foi uma campanha imparcial? Obviamente que não foi imparcial, foi parcial. E tivemos então os resultados, no segundo turno, 50,9% contra 40,1%. Se você duvidar da urna, você está passível de responder a processo. Isso é crime, mas tudo bem, não vamos duvidar das urnas aqui.

O partido nosso entrou com uma petição para que fosse ajustadas algumas coisas, tirado do lugar, e sim, em vez do TSE vir para cá, discute, no dia seguinte, em deferir o arquivo e dar uma multa de R$ 22 milhões ao nosso partido.

Bem, o que acontece, qualquer medida de força sempre é uma reação, você tem que sempre buscar o diálogo para resolver as coisas, não pode dar um soco na mesa e não se discute mais esse assunto.

Isso tudo trouxe aí uma massa de pessoas para as ruas, protestando, desde o dia seguinte às eleições, e essa massa atrás de segurança foi para os quartéis.

Eu não participei desse movimento, eu me recolhi, porque eu acreditava, e acredito ainda, que fiz a coisa certa, de não falar sobre o assunto para não tumultuar mais ainda.

A imprensa sempre pega uma palavra errada, linha, uma frase fora de contexto, para criticar. Então o que houve pelo Brasil foi uma manifestação do povo, que não tinha liderança, não tinha ninguém coordenando.

E o protesto, pacífico, ordeiro, seguindo a lei, ele tem que ser respeitado, contra ou a favor, quem quer que seja.

Aqui em Brasília, que eu fiquei 28 anos no Parlamento. Eu vi manifestações violentas aqui por parte da esquerda, já vi os black block, vi marchas mais variadas possíveis, vi o MST invadindo prédio público em Brasília, nunca isso foi taxado de atos antidemocráticos? Nunca.

Tudo que é feito pela esquerda é bacana, até surge um movimento de bandos invadindo os submercados. A manchete do jornal é 'famílias vão aos submercados atrás de cesta básica'. É radical o tempo todo, atos antidemocráticos, até de terroristas são chamados. Não é porque um elemento que passou por lá fez besteira, todo mundo tem que ser acusado disso, mas vamos lá.

São 30 de dezembro, está prevista a posse em 1º de janeiro. Eu busquei dentro das quatro linhas, dentro das leis, respeitando a Constituição, uma saída para isso aí, se tinha uma alternativa para isso, se a gente podia questionar alguma coisa ou não questionar alguma coisa, tudo dentro das quatro linhas.

E sei que tem muita gente que me critica quando eu falo quatro linhas, mas eu não saí ao longo de quatro mandatos meus das quatro linhas porque ou vivemos a democracia ou não vivemos. Ninguém quer uma aventura. Agora muitas vezes dentro até das quatro linhas você tem que ter apoio.

Alguns acham que é o pega BIC e assine, faça isso, faça aquilo, está tudo resolvido, e repito, em nenhum momento fui procurado para fazer nada de errado, violentando seja o que for. Eu entendo que eu fiz a minha parte, estou fazendo até hoje a minha parte. Hoje são 30 de dezembro, até hoje eu fiz a minha parte dentro das quatro linhas.

Agora, certa medida tem que ter apoio do Parlamento, de alguns do Supremo, de outros órgãos, de outras instituições. A gente não pode acusar apenas um lado, ou acusar a mim. Você que quer resolver o assunto por vezes, você pode até ter razão, mas o caminho não é fácil.

O que eu vejo desse governo que está previsto assumir domingo, é um governo que começa capenga, já com muitas reações. A gente vê gente que quem votou pro lado de lá se arrependeu, dado o que está acontecendo, vimos pessoas como economista, Armílio Fraga, "ah eu votei por convicção, agora estou com medo", outras pessoas falaram algo parecido, pessoas de nome, parte da população que votou também, outros não, outros estão achando que está no caminho certo.

Eu não quero aqui mudar a cabeça de ninguém, e nós somos responsáveis pelos nossos atos, as nossas decisões, não marco por vezes, não é só você a vida toda, marca um país a vida toda. Vocês estão vendo quem deve comparecer aqui domingo, lá na Presidência, por ocasião da posse, o nome de chefe de estado aqui da nossa região, o Maduro vai se fazer presente, o Boric, Ortega, o Foro de São Paulo, que agora tem outro nome, grupo de Weber, isso é um mau sinal.

Onde esse pessoal com essa ideologia assumiu o seu país ficou pior, e nós não queremos o Brasil piorando, temos que respeitar as nossas leis, a nossa Constituição. Sim, temos que respeitar, mas podemos reagir, podemos não, é direito nosso, mais que direito, é o dever nosso reagir.

Qualquer manifestação, uma vez que, como diz a lei, onde vai fazer a manifestação e tem as normas, participa as autoridades competentes, é bem vindo. Nós não queremos o confronto, nem estimular ninguém a partir para o confronto. E a pior maneira é você tentar resolver o assunto, creio, é no tiro. Queiro no patriotismo de vocês, na guarra, na inteligência de vocês.

Sei o que vocês passaram ao longo desses dois meses de protestos, sol, chuva. Sabemos perfeitamente disso aí. Isso não vai ficar perdido. Imagens foram para fora do Brasil. Aqui dentro despertou na cabeça de milhões de pessoas [o desejo] a estudar porque tivemos essas manifestações pelo Brasil, espontâneas.

Isso o pessoal passou a entender o que ele tem a perder, passou a entender melhor ainda a política brasileira, passou para muita gente a preocupação com o voto de cada um. O voto é importante, é importantíssimo. E esse povo, essa massa que foi para os quartéis, foram falar o que lá? Socorro, queremos transparência, queremos liberdade, respeito à Constituição. Queremos um país onde nós possamos nos orgulhar dele, não queremos a volta ao passado, algo de errado nisso?

Estão lutando até por aqueles que os oprimem, estão lutando até pela imprensa brasileira, que tem muito repórter aí que sabe que a matéria é publicada, vai para as televisões, vai para a rádio, não é aquilo que aconteceu. A imprensa livre é a garantia de uma democracia, hoje a imprensa mesmo sente o que é a falta de liberdade. A liberdade, como nós sabemos, é o oxigênio da democracia.

O quadro que esta à frente agora a partir de Janeiro não é bom. Não é por isso que a gente vai jogar a toalha, deixar de fazer oposição, deixar de criticar, deixar de conversar com seus vizinhos agora com muito mais propriedade, com muito mais conhecimento. E o que nós queremos?

Eu vou dizer que fui o melhor presidente do mundo? Não, não vou dizer isso. Dei o meu sangue ao longo desses quatro anos.

Aqui do meu lado tem uma piscina enorme, olímpica, que eu desliguei o aquecedor, gastava muita energia logo em janeiro de 2019. Eu entrei 20 vezes nela ao longo desses quatro anos, se muito. Se eu participei de dez churrasquinhos aqui ao longo desses quatro anos, foi muito.

É trabalho de domingo a domingo. Não estou reclamando, fui voluntário a concorrer à Presidência da República. Não sei o que aconteceu a mim, foi um chamamento de Deus, talvez: 'se lance candidato, deixa o resto comigo', e quem acredita em Deus sabe que para ele tudo é possível.

Não vamos achar que o mundo vai acabar em 1º de janeiro. Vamos por tudo ou nada, não! Não tem tudo ou nada. Inteligência, mostrar que somos diferentes do outro lado, que nós respeitamos as normas, as leis, a Constituição.

Nós sabemos do valor e liberdade que eles têm, que se o outro lado aqui tivesse do outro lado, essa liberdade tinha ido embora há muito tempo. Deus, pátria, família e liberdade: coisas que ficam para sempre, por falta de conhecimento o meu povo pereceu, hoje o povo está tendo conhecimento, está vendo as mentiras.

Quando eu era criticado pela oposição na guerra que os combustíveis subiram, nós conseguimos baixar, conversando com o Parlamento brasileiro. Hoje, agora eles querem aumentar, vão aumentar. Hoje vi no rádio e televisão, que vão tachar o PIX, a gastança é enorme, bacana, muito bacana para muita gente, entre aspas, fura o teto, etc, etc.

Você quer fazer um benefício, um bem para alguém, você tem que buscar alternativa. O dinheiro não cai do céu. Cada pessoa que recebe um benefício, outras ou outra vai ter que trabalhar para que aquele benefício seja pago, não é simplesmente botar a casa da moeda para funcionar, rodar papel que está tudo certo.

Nós tínhamos acertado a questão dos R$ 600, buscando lá nos dividendos. A nossa equipe econômica não ia ter nunca uma medida como essa agora de explodir o teto, que foi uma medida adotada pelo governo Temer, para exatamente segurar a gastança, que estava demais. Alguma coisa pode ser revista no teto, poderia, sem problema nenhum. Nas, não, vai explodir o teto.

Uma mensagem que eu passo para vocês: é um momento triste para milhões de pessoas, alguns outros estão vibrando, a velha minoria, é um momento de reflexão. Tem gente que está chateada comigo, que [eu] deveria ter feito alguma coisa, qualquer coisa, eu não poderia fazer o que o outro lado fez, e digo, para você conseguir certas coisas, mesmo dentro das quatro linhas, você tem que ter apoio.

Não é momento de procurarmos responsáveis pela situação que está acontecendo. Todos nós, sem exceção, somos responsáveis. Não é o caso de ficar atacando pessoas, instituições, grupos, seja o que for. Quando a situação está difícil, tem que buscar apoio, ajuda, trazer gente para o nosso lado, prepará-las para momentos difíceis, que não é fácil tomar decisões.

Eu, quando também perguntei, "meu Deus, o que eu fiz para merecer tudo isso que passei ao longo de quatro anos?"

Sacrifício familiar, sacrifício de momentos de lazer. Os poucos que eu tinha foi lá no Guarujá, em São Paulo, lá em São Francisco, em Santa Catarina. Teve uma vez lá em Salvador também, dentro de um quartel, passei para dar uma volta de jet ski, conversar com o povo na praia, fui muito bem recebido, de moto também. Ou de helicóptero, me sentia feliz com isso, mas é um relaxamento controlado, vamos assim dizer, mas não estou reclamando disso não, obrigado meu Deus por esse momento.

Repito, se a facada tivesse sido fatal em 2018, como estaria o Brasil hoje? Você consegue entender isso daí? Foi a mão de Deus que me salvou. Foi também a mão dele que me elegeu.

Dou minha vida pela pátria, mas muita coisa, certas coisas, a atenção não é apenas tua, a atenção é das pessoas, mais setores, mais gente, e não apenas um setor, uma instituição. Como a gente vê muitas críticas que acontecem por aí, e nós não podemos fazer o que o outro lado sempre fez, à margem de tudo, em cima de um vale tudo.

Não está perdido, o Brasil é um país fantástico, o país tem tudo, mais do que tudo, tem um povo cuja grande maioria tem o entendimento dos problemas que nós estamos vivendo: o Brasil não vai se acabar no dia 1º de janeiro. Temos aí 30 dias pela frente, que o Parlamento está de recesso. O Parlamento, que volta dia 1º de fevereiro, é um Parlamento mais conservador, mais de direita, menos dependente do poder Executivo, não vou discutir se foi bom ou não.

As emendas individuais de deputados que estão na Casa e são impositivas, R$ 30 milhões por ano. Antes do Temer, precisava o Parlamentar negociar seu voto para conseguir liberar esses recursos. Não precisa mais, e o parlamentar vai destinar os R$ 30 milhões para municípios que você vai tomar conhecimento, os senadores tem em torno de R$ 50 milhões, não temos um Senado mais conservador, uma Câmara mais conservadora também.

Você não pode querer resolver os problemas do Brasil apenas com o Poder Executivo, só o Poder Judiciário ou só o Poder Legislativo. Precisamos de três Poderes, e mais ainda. Quando você vê que alguém está fazendo coisa de forma repetida que você não gosta, não vá para o ataque, não vá para ameaças, tenta, sei é que é difícil, chamar a pessoa para o seu lado.

Eu fiz muito disso, não pense, senhores, que ao longo desse mandato meu, eu não conversei com ninguém do Supremo Tribunal Federal, do TCU, do STJ, as lideranças do Parlamento. Conversei com grande parte dessas pessoas para buscar ir naquilo que nós achamos que está certo, e, por vezes, eles convenceram que o lado deles estava certo.

Eu sempre digo: somos três Poderes, sim, mas Executivo e Legislativo são praticamente irmãos siameses. Os dois juntos podem fazer o bem vencer o mal também, apesar de muitos falarem que eu não tinha bom relacionamento com o Parlamento.

Obviamente não demos cargos no Executivo do primeiro escalão. Deixar bem claro, no segundo escalão teve alguns cargos. Os políticos que tiveram no primeiro escalão não foram negociados com partidos, foram pessoas que tinham um bom relacionamento com o Parlamento ou tinham um excelente conhecimento para exercer as atribuições do seu ministério.

Repito: compare os meus ministros com os ministros que estão chegando, repito, não vamos achar que o mundo vai se acabar no dia 1º. Tem muita gente que está vivendo um clima de tristeza, quase que de velório. O meu trabalho não era fazer aquela letra, era tirar o B, então eu tiro o B, e agora?

Por muitas vezes, não tem o melhor para você, mas tem aquela que está mais próxima de você, e a alternativa não é simplesmente rifar todo mundo.

Eu acho que falei bastante aqui, vamos ver se tem alguma observação aqui. Estamos com recorde aqui: Facebook, Instagram, Youtube: 240 mil pessoas assistindo, como é que estão os comentários aí? Não precisa falar não. Dá um positivo ou negativo aí, né?

Jamais esperava chegar aqui, se chegar aqui teve um propósito, no mínimo, [foi] atrasar quatro anos do nosso Brasil aí [de] mergulhar nessa ideologia nefasta que há na esquerda, que não deu certo em lugar nenhum no mundo e não vai ser o Brasil em primeiro lugar a dar certo.

Aqui cheguei, teve um propósito, se você está chateado, está constrangido, se coloque no meu lugar. Quando pergunto, onde errei, o que podia ter feito de melhor, eu tenho a convicção de que dei o melhor de mim, com sacrifício de quem estava ao meu lado, em especial minha esposa, minha filha, enteada.

E vocês também sofreram, sofrem agora, algum deve estar me criticando, "deveria ter feito isso, feito aquilo". Você pode ter tido razão, mas eu não posso fazer algo que não seja bem feito sem que os efeitos colaterais não sejam danosos demais.

Tudo hoje em dia não é questão de um país. O que um país faz tem reflexo no mundo todo, pode perguntar, né? E aí Rússia e Ucrânia, não temos nada a ver com isso. Por que não?

Olha os reflexos. Vamos lá negociar antes da guerra com o presidente Putin a questão dos fertilizantes. Se não tivesse feito isso, poderia, não sei o que ia acontecer, não termos o devido fornecimento de fertilizantes para nós. Como é que estaria a nossa economia rural, o que se produz no campo?

Não é só o agro não. Tem pessoal que critica o agro, "o agro é para rico, não sei o que". Não, o óleo de soja vem de lá, pessoal. Tem a agricultura familiar por lá, mas se você abrir mão disso, vai faltar comida no mundo.

Nós alimentamos mais de 1 bilhão de pessoas no redor do mundo, e até podia ter problema de alimento no Brasil. Os preços iam para o espaço, poderíamos estar vivendo fome aqui agora e não ia ter auxílio emergencial, Bolsa Família, Auxílio Brasil, que desse conta do mercado. E quando falta água no mercado, o preço sobe, não adianta dizer qual regime você vive: só vamos lá negociar. Dei a minha vida por essa pátria. Fiz tudo pelo Brasil, tenha consciência disso.

O Brasil não vai se acabar dia 1º de janeiro, pode ter certeza disso. Hoje, temos uma massa de pessoas que passaram a entender melhor de política, passaram a dar valor nas coisas que elas achavam que não corriam risco nenhum, e corre risco.

O bem vai vencer. Temos lideranças por todo o Brasil, jovens que nem entraram na política, mas são líderes de 14, 15 anos de idade. Essa garotada, esses políticos, se elegeram muitos aqui, primeiro mandato, boas pessoas, vão fazer a diferença?

Aqueles que trabalharam contra por uma questão pessoal, vão sentir o peso das consequências de políticas erradas que estão aí. O cara nem assumiu ainda e já temos problemas.

Os mais humildes vão sentir aqui que quando se aumenta em quase R$ 1 o preço da gasolina, isso impacta a inflação também. Fura teto, a questão de arma, vão revogar todos os decretos das armas, vai voltar a violência no Brasil.

Arma de fogo é garantia de paz, quem quer paz se prepara para a guerra. Se a roda da economia não rodar, vai faltar dinheiro para servidor público, não vai ficar igual. Na pandemia que foi mantido o salário de vocês.

Se não rodar a economia, vai faltar recurso para todo mundo. Todo mundo vai sofrer, mas tenho certeza, não vai demorar muito tempo, o Brasil vai voltar no eixo da normalidade, da prosperidade, da ordem, do progresso, do respeito, do amor a sua bandeira.

O Brasil não sucumbirá. Acredito em vocês. Como foi difícil ficar dois meses calado, trabalhando para buscar alternativas. Qualquer coisa que eu falasse seria um escândalo na imprensa. Eu, quieto, sou atacado.

Então, vamos lá. Acredito em vocês, acredito no Brasil, acima de tudo acredito em Deus, temos um grande futuro pela frente. Perde-se batalhas, mas não vamos perder a guerra.

Muito obrigado a todos vocês por terem proporcionado esses quatro anos à frente da Presidência da República. Foi compreendido por muitos, por outros não, querendo uma perfeição.

Vocês sabem agora a importância da união, sabem dar valor à liberdade, o respeito ao próximo, amar a família, buscar sempre a paz, a harmonia, não da boca para fora apenas. A importância para que nós possamos, nessa rápida passagem nossa aqui na Terra, vivermos em tranquilidade.

Muito obrigado a todos vocês. Um abraço a todos, com muita luta, mas um bom 2023 a todos.

Deus abençoe o nosso Brasil. Vamos em frente.