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Dino: 209 prisões foram em flagrante; 500 homens reforçam Força Nacional

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

09/01/2023 15h21Atualizada em 09/01/2023 17h37

O ministro da Justiça, Flávio Dino, fez um novo balanço após os atos de vandalismo ontem em Brasília. Ele afirmou que foram realizadas 209 prisões em flagrante e já foram expedidos mandados de prisão.

"Esse número é sempre atualizado. Nesse momento estão sendo ouvidas 1.200 pessoas, totalizando 1.500 detenções", falou.

Os possíveis crimes são:

  • Golpe de Estado;
  • Tentativa de abolição do Estado de direito;
  • Dano;
  • Associação criminosa.

De acordo com Dino, a PF abriu três inquéritos para investigar de quem são os financiadores e mentores intelectuais que incentivaram os atos de terrorismo. "Seja quem for financiador, será chamado à responsabilização", disse Dino.

Governo quer cobrar danos dos invasores

Dino disse que o governo pretende identificar os invasores para cobrar deles os valores relativos ao dano patrimonial na Justiça.

  • Os laudos das perícias nos prédios destruídos vão ser remetidos à AGU (Advocacia-Geral da União) para cobrar indenização de quem perpetrou danos materiais em relação ao edifício sede e aos objetos
  • Esses documentos vão aparelhar as ações de indenização
  • O governo pretende identificar todos as pessoas que contrataram ônibus para a caravana que foi a Brasília
  • Com isso, a ideia é conseguir identificar os financiadores dos atos golpistas

Nunca minimizamos o terrorismo, sempre agimos, mas com os meios disponíveis, que não são os ideais. Não estamos operando em situação de normalidade institucional."

Ele afirmou que o governo está lidando com as ameaças desde antes da posse.

Reforço de pessoal. O ministro também agradeceu aos 10 governadores que colaboram com as ações federais e informou que mais 500 homens foram cedidos para auxiliar nas "providências ao longo da semana e proteção da Esplanada, Praça dos Três Poderes e polícia do DF".

Quero afirmar a todos que graças a Deus nosso país caminha para absoluta normalização."

Extradição de Bolsonaro. O ministro da Justiça negou que o governo esteja planejando pedir a extradição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está nos Estados Unidos desde antes da posse de Lula (PT).

Só é possível pedir extradição de alguém que responda processo criminal e o ex-presidente não está nessa situação. Nesse momento, não temos elemento para solicitar a extradição de Bolsonaro."

Dino também disse haver uma questão de dinâmica com os Estados Unidos: "A soberania é deles, eles podem avaliar a conveniência da permanência de alguém no território".

Defesa de Múcio. Dino falou a favor do ministro da Defesa, José Múcio, que havia feito falas apaziguadoras sobre os acampamentos bolsonaristas em Brasília.

O ministro da Justiça elogiou a "correção, lealdade, sinceridade ao comandar uma das áreas mais difíceis do governo" do colega.

Ele optou por caminho de diálogo com as forças militares e ele não pode ser condenado por isso, O resultado depois pode levar a julgamentos precipitados e quero acreditar que ele fez o máximo com sinceridade e lealdade

Dino evitou opinar sobre Anderson Torres, que ontem foi exonerado do cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Torres, que serviu como ministro para Jair Bolsonaro (PL) e está também nos Estados Unidos, teve a prisão pedida ontem pela AGU (Advocacia-Geral da União).

Questionado sobre o ex-secretário, o novo ministro disse ser um tema para "o governador Ibaneis [Rocha]. Não sei porque, mas insistiu na nomeação do delegado Anderson e, ontem nos eventos, ele não estava no comando".

Erro ou crime no DF? Sem citar o governador afastado Ibaneis Rocha (MDB), o ministro da Justiça disse que um ponto importante das investigações sobre o ocorrido ontem em Brasília é se houve crime ou falha técnica.

Rapidamente, a situação foi controlada, era absolutamente evitável, se não fosse a mudança de planejamento de última hora."

Ao falar do governador afastado, Dino disse que "não há, até aqui, nenhum elemento para dizer que ele foi o responsável, juridicamente falando".

Governador afastado do cargo. Ibaneis foi afastado ontem do governo do DF, por decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes que o retirou do cargo por 90 dias.

Ibaneis, escreveu Moraes, "não só deu declarações públicas defendendo uma falsa 'livre manifestação política em Brasília' —mesmo sabedor por todas as redes que ataques às instituições e seus membros seriam realizados— como também ignorou todos os apelos das autoridades para a realização de um plano de segurança semelhante aos realizados nos últimos dois anos em 7 de setembro, em especial, com a proibição de ingresso na esplanada dos Ministérios pelos criminosos terroristas; tendo liberado o amplo acesso".

Com o afastamento de Ibaneis, assumirá a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP).