Segundo o colunista do UOL Kennedy Alencar, o presidente Lula (PT) demonstrou insatisfação com o desempenho dos ministros Flávio Dino (PSB), da Justiça, e José Múcio, da Defesa, no combate aos ataques golpistas de ontem em Brasília.
"Ele (Lula) vê o fracasso grande do José Múcio, ministro da Defesa, e do Flávio Dino. O Múcio e o Flávio falharam no primeiro grande desafio que tiveram, sobretudo o Múcio, que foi o ministro da Defesa que disse que Bolsonaro era um democrata e que havia manifestantes democratas, inclusive parentes dele no QG do Exército", informou Kennedy.
O afastamento de Ibaneis Rocha do governo do Distrito Federa e o desmonte dos acampamentos com golpistas foram medidas solicitadas pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, e acatadas por Alexandre de Moraes. A AGU entendeu ser preciso agir de forma mais dura.
Ainda durante a edição desta tarde do UOL News, Kennedy destacou que Flávio Dino "tomou uma rasteira" do governador afastado do DF, Ibaneis Rocha (MDB), e das autoridades de segurança da capital.
"Em determinado momento, no entanto, Dino começou a recuperar o terreno perdido, propondo a intervenção militar nas forças de segurança pública do DF, quando Lula estava em Araraquara ontem e Lula de pronto aceita".
De acordo com o jornalista, o presidente da República tem a avaliação de que quem "arrumou a casa" após os ataques foi o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Foi a partir de uma decisão de Moraes, que os acampamentos dos QGs do Exército, em Brasília e no resto do Brasil, começaram realmente a ser desmontados. Portanto, o Múcio operando com os militares não conseguiu sucesso nessa área. Foi necessário uma decisão do Alexandre de Moraes para que isso acontecesse."
Para o colunista, também foi uma decisão acertada de Moraes afastar Ibaneis Rocha do governo do DF. Com a medida, segundo Kennedy, o magistrado "deu um sinal" para outros governadores que têm polícias bolsonaristas e radicalizadas a "não seguir o mesmo caminho".
"Hoje, o Lula tem uma avaliação de que o caminho para enfrentar o problema é muito mais um caminho que o Alexandre de Moraes decidiu seguir do que aquele que o Múcio e o Flávio Dino seguiram".
Toledo: Ataque catalisou opinião pública e de autoridades contra Bolsonaro
Na avaliação do colunista do UOL José Roberto de Toledo, os atos de vandalismo ontem em Brasília catalisaram a opinião pública e de autoridades contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em sua participação na edição especial do UOL News de hoje, o jornalista destacou a necessidade de punir, sobretudo, os organizadores dos ataques.
Ou se prende, investiga, processa, descobre-se, responsabiliza e prende quem pagou, quem organizou, ou isso não vai acabar nunca. Finalmente as autoridades parecem ter acordado para a urgência disso. Tivemos várias prévias que não resultaram em nada."
Do ponto de vista político, sem dúvida nenhuma, os atos catalisaram a opinião pública e, principalmente, de quem manda contra o Bolsonaro. Hoje, um deputado, um senador, que não falar explicitamente contra o que aconteceu no domingo em Brasília, estará sujeito a ser cassado pelos seus pares."
Soraya Thronicke relata vandalismo em gabinete: 'Sensação de insegurança'
A senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS) lamentou a destruição dos gabinetes dos senadores em ato golpista de ontem. Ao UOL News, ela disse que é como se a própria casa fosse invadida.
"Ouvi vários senadores dizendo que o sentimento era de que invadiram a nossa casa".
Vídeos mostram que os invasores entraram nos gabinetes, quebraram vidraças e inundaram alguns espaços. A parlamentar diz que, por pouco, o gabinete dela não foi invadido, mas o local onde fica o senador José Serra (PSDB-SP) foi completamente revirado, segundo ela.
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