Choro e revolta: golpistas desfazem barracas em SP prometendo resistir
Manifestantes golpistas que há 72 dias acampam em frente ao Comando Militar do Sudeste, na zona sul da capital, começaram a desmontar na tarde de hoje as dezenas de barracas que tomam toda a extensão da avenida Sargento Mário Kozel Filho, ao lado da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).
Por determinação do secretário de Segurança, Guilherme Derrite, a PM apenas convenceu os manifestantes a desmontarem o acampamento. Sem o uso da força, a determinação foi acatada imediatamente pelos bolsonaristas.
Assim como no Rio, não houve detidos, apesar da decisão do ministro Alexandre de Moraes —que mandou prender os golpistas acampados.
Sem se identificar, o UOL andou pelo acampamento e conversou com manifestantes, que xingavam e ameaçavam os jornalistas que cobriam do lado de fora o desmonte das instalações.
A maioria desmontava as barracas com calma, sem a necessidade de supervisão da polícia, que acompanhava tudo de longe.
Enquanto alguns cuidavam das estruturas, outros varriam a rua ou guardavam os mantimentos e objetos pessoais em seus carros, que saem do acampamento aos poucos.
"A polícia chegou, disse que o outro lá [Alexandre de Moraes] mandou tirar tudo, e estamos saindo", disse uma radical. "Aqui foi pacífico, não foi que nem em Brasília, onde os infiltrados petistas quebraram tudo", continuou, ao repetir a narrativa de redes sociais bolsonaristas.
"Foi o Lula que mandou quebrar tudo em Brasília", disse outro homem. Vídeos e fotos documentados pelos próprios radicais —inclusive autoridades e servidores públicos— mostram a invasão aos prédios em Brasília e a comemoração dos golpistas.
'Apenas uma derrota'
"É só uma derrota, não podemos abandonar a luta", disse outra manifestante enquanto acomodava seus objetos no porta-malas do carro. "A esquerda fazia seus protestos, por que não podemos fazer também?".
Enquanto alguns diziam em rodas de conversa que todos deveriam rumar para outro endereço, outros cogitavam a possibilidade de uma carreata ainda hoje, o que não foi confirmado por outros acampados.
Uma mulher que chorava com medo de represália era consolada por colegas, que diziam que nada de mal lhes aconteceria.
Café, comida e sofá
Diversas barracas ostentavam com orgulho placas indicando os "71 dias" (completados ontem) de acampamento. Outras faixas pediam "intervenção militar" ou exaltava 1964, o ano do golpe.
Como em Brasília, o acampamento era bem estruturado e com algumas barracas especialmente espaçosas, algumas até com sofás de dois e três lugares.
Uma barraca foi preparada para atendimento de primeiros-socorros e outra foi montada como um bar: concentrava boa parte dos mantimentos, como garrafas de água, café, leite quente, pacotes de pão e biscoitos.
Questionados, ninguém disse quem bancava o acampamento.
"A gente se reveza. Dorme uma noite, vai embora. Depois volta. Mas tem gente que ficou aqui três noites seguidas", disse um deles. "Ainda estamos esperando que o Exército faça alguma coisa."
'Se eu estivesse armado...'
A imprensa, que acompanha a movimentação de fora, é constantemente xingada pelos bolsonaristas. Um deles subiu em sua moto fazendo ameaças.
Se eu estivesse armado, matava todo mundo agora. Vou embora, se não vou preso
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