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MPF tem 40 denúncias prontas contra envolvidos em atos golpistas, diz Aras

Do UOL, em Brasília

16/01/2023 14h24

O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou hoje que o Ministério Público Federal já tem cerca de 40 denúncias prontas contra envolvidos nos atos terroristas de 8 de janeiro, que culminou na invasão e depredação das sedes dos três Poderes em Brasília.

Aras recebeu do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), uma notícia-crime com informações sobre os atos ocorridos na Casa —na sexta-feira (13), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) apresentou documentação semelhante à PGR.

Hoje já temos 40 denúncias prontas e associaremos [apresentaremos], até sexta-feira [20], as novas denúncias que poderão ser acompanhadas de medidas cautelares contra essas pessoas que foram presas depredando e invadindo a Câmara Federal."
Augusto Aras, procurador-geral da República

Em casos em que não houver elementos para o oferecimento imediato de denúncia, Aras disse que o MPF solicitará inquéritos.

As informações foram repassadas ao Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, criado pela PGR para conduzir os trabalhos sobre os atos golpistas. Aras prometeu que tomará "todas as medidas cabíveis" a partir das notícias-crime recebidas de Lira e Pacheco.

Então aliado, Lira se distancia de Bolsonaro. Questionado sobre a inclusão de Bolsonaro no inquérito sobre a autoria intelectual dos atos golpistas, Lira respondeu que "cada um responde pelo que faz".

"O meu CPF é um. O do [ex-] presidente é outro. Nossa fala não muda: todos que praticaram e contribuíram para esses atos de vandalismo devem ser severamente punidos", disse.

Bolsonaro foi incluído em inquérito a pedido da PGR. Na sexta, o ex-presidente passou a ser investigado no STF em apuração sobre os autores intelectuais dos atos golpistas. O pedido foi feito pela PGR após receber uma representação assinada por 79 integrantes do MPF.

O grupo afirmava que Bolsonaro cometeu incitação ao crime após ter postado vídeo questionando as eleições dias depois dos ataques terroristas. Três horas depois, ele deletou a publicação.

Ao incluir Bolsonaro no inquérito, o ministro do STF Alexandre de Moraes afirmou que a conduta do ex-presidente aponta para o mesmo modus operandi de divulgação usado por suposta organização criminosa alvo da investigação, com "intensas reações" nas redes sociais e propagação de discursos de ódio.

O pronunciamento do ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, se revelou como mais uma das ocasiões em que o então mandatário se posicionou de forma, em tese, criminosa e atentatória às Instituições, em especial o Supremo Tribunal Federal --imputando aos seus ministros a fraude das eleições para favorecer eventual candidato-- e o Tribunal Superior Eleitoral, sustentando, sem quaisquer indícios, que o resultado das eleições foi fraudado."
Alexandre de Moraes, ministro do STF

Por meio de nota, o advogado Frederick Wassef, que defende Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente "sempre repudiou todos os atos ilegais e criminosos" e negou participação no que chamou de "movimentos sociais espontâneos".