Prefeitura defende 'direito a manifestações' de servidor que vandalizou STF
A Prefeitura de Penápolis, cidade a 477 km da capital paulista, não sinalizou com a demissão de um funcionário comissionado que participou da invasão e da depredação das sedes dos três Poderes em 8 de janeiro.
Apesar de afirmar que "a violência deve ser combatida", a administração municipal defendeu, em nota, o "direito às manifestações".
O servidor envolvido nos atos golpistas é Erlon Paliotta Ferrite, que ocupa desde 2021 o cargo de confiança de chefe do serviço de Transporte de Ambulância de Penápolis, com salário bruto de R$ 3.300,55 em dezembro.
Ferrite aparece em ao menos três vídeos divulgados nas redes sociais por ele mesmo onde é possível constatar sua participação nos atos de vandalismo.
Apesar das provas produzidas pelo servidor, a prefeitura evitou se comprometer com uma punição a ele ou mesmo condenar explicitamente sua participação no ataque golpista.
Como Erlon é nomeado em um cargo comissionado, o prefeito da cidade, Caíque Rossi (PSD), pode exonerá-lo a qualquer momento sem necessidade de um processo administrativo prévio.
A Prefeitura de Penápolis sempre defenderá o direito ao diálogo, às manifestações e aos debates de ideias, mas qualquer tipo de violência ou violação deverá ser combatido. Em relação a estas atitudes, a lei será cumprida. A Prefeitura determinou a averiguação sobre o ocorrido."
Prefeitura de Penápolis, em nota enviada ao UOL
Diante da resposta evasiva, a reportagem solicitou à Secretaria de Comunicação de Penápolis uma entrevista com o prefeito sobre a situação do servidor. O secretário de Comunicação, Eduardo Andrade, comprometeu-se a tentar viabilizar a entrevista, mas não retornou até o fechamento desta reportagem.
Rossi apoiou o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) na eleição para o governo de SP e chegou a organizar uma reunião em sua casa com 30 prefeitos da região para dar suporte à candidatura do ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL).
Erlon Ferrite também tem atuação política em Penápolis. Ele tentou se eleger vereador nas eleições de 2012 e 2016, mas fracassou em ambas —teve 172 e 50 votos, respectivamente.
Registros de vandalismo
No primeiro vídeo, no início da invasão ao Congresso, Ferrite manifesta a intenção de realizar ações violentas.
Invadimos. Subimos a rampa, agora vamos lá no Supremo meter fogo naquela desgraça."
Erlon Ferrite, funcionário da Prefeitura de Penápolis (SP)
Pouco depois, o servidor publicou outros dois vídeos em que ele e seu amigo Fábio Alexandre de Oliveira, também residente de Penápolis, vandalizaram a sede do STF.
Em um deles, Fábio aparece sentado na cadeira de um dos ministros do STF, jogada para fora do prédio. Ele celebra o momento, fazendo referência ao ministro Alexandre de Moraes, principal alvo dos golpistas.
Cadeira do Xandão, aí o meu irmão Fábio. Já é, nós tomou a cadeira do Xandão."
No terceiro, Ferrite grava o ambiente destruído, enquanto derruba e chuta bustos de juristas no STF.
Quebramos tudo, acabamos com tudo. Estamos quebrando tudo nessa porra. Tomamos tudo, tocamos o terror mesmo."
- Ferrite e Oliveira não figuram nas listas de presos após os atos golpistas e a desocupação do acampamento extremista em frente ao QG do Exército, em Brasília.
- Depois da repercussão de sua participação no ataque, Ferrite deletou suas redes sociais.
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