Exército impediu retirada de acampamento golpista no DF, diz ex-chefe da PM
Em depoimento à Polícia Federal, o coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da PM do Distrito Federal, disse que mesmo depois dos atos golpistas em Brasília, em 8 de janeiro, integrantes do Exército proibiram a entrada de policiais militares no Setor Militar Urbano.
O coronel afirmou no depoimento, ao qual o UOL Notícias teve acesso, que as duas primeiras tentativas de desmobilização do acampamento golpista foram realizadas após 12 de dezembro do ano passado —quando manifestantes bolsonaristas atacaram a sede da PF.
Segundo o depoimento, a Polícia Militar do Distrito Federal chegou a mobilizar 500 agentes, mas a operação "não teve êxito" por interferência do Exército, conforme já noticiado pelo UOL Notícias.
"O Exército entendeu que era melhor eles fazerem essa desmobilização utilizando seus próprios meios", diz o depoimento do coronel.
Fábio Augusto Vieira é investigado por supostamente ter facilitado a intentona golpista em Brasília. Ele está preso no 4º Batalhão da PMDF, mesmo local em que está detido o ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres.
O depoimento é assinado na data em que Fábio Vieira foi preso, 12 de janeiro.
Dia dos atos de vandalismo
Conforme o texto, o coronel diz que "setores de inteligência da PM indicaram que o ato de 8 de janeiro seria pacífico". Diz ainda que o efetivo da PM destacado para o ato era o "necessário".
Naquele dia, bolsonaristas radicalizados invadiram e destruíram as sedes dos Três Poderes. Recaem suspeitas de que a PM do Distrito Federal teria sido leniente e conivente com os golpistas.
"A permanência do acampamento contribuiu muito para o ocorrido no dia 08/01/2023", diz o depoimento.
O coronel segue e diz que após ter "restabelecido a ordem" na Esplanada dos Ministérios, a PMDF se dirigiu ao QG do Exército para "realizar prisões de quem estava no lugar".
Segundo Fábio Vieira, "o Exército já estava mobilizado para não permitir a entrada da Polícia Militar".
A reportagem tentou entrar em contato com o Exército sobre o teor do depoimento, mas não obteve respostas. O espaço segue aberto.
Nos bastidores, conforme mostrou o UOL, a cúpula militar apoiou a decisão do comandante Júlio César de Arruda de enfrentar uma orientação do ministro da Justiça, Flávio Dino, para que o acampamento em frente ao QG fosse encerrado na noite de 8 de janeiro.
Na avaliação de generais próximos a Arruda, tentar remover as pessoas logo após a destruição do Planalto, do Congresso e do Supremo poderia gerar uma "guerra".
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