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Exército impediu retirada de acampamento golpista no DF, diz ex-chefe da PM

O coronel Fabio Augusto Vieira, então comandante da PM-DF, foi ferido durante invasão de golpistas ao STF - Reprodução/ Facebook
O coronel Fabio Augusto Vieira, então comandante da PM-DF, foi ferido durante invasão de golpistas ao STF Imagem: Reprodução/ Facebook
Vinícius Nunes

Colunista do UOL e colaboração para o UOL, em Brasília

19/01/2023 14h00Atualizada em 19/01/2023 14h16

Em depoimento à Polícia Federal, o coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da PM do Distrito Federal, disse que mesmo depois dos atos golpistas em Brasília, em 8 de janeiro, integrantes do Exército proibiram a entrada de policiais militares no Setor Militar Urbano.

O coronel afirmou no depoimento, ao qual o UOL Notícias teve acesso, que as duas primeiras tentativas de desmobilização do acampamento golpista foram realizadas após 12 de dezembro do ano passado —quando manifestantes bolsonaristas atacaram a sede da PF.

Segundo o depoimento, a Polícia Militar do Distrito Federal chegou a mobilizar 500 agentes, mas a operação "não teve êxito" por interferência do Exército, conforme já noticiado pelo UOL Notícias.

"O Exército entendeu que era melhor eles fazerem essa desmobilização utilizando seus próprios meios", diz o depoimento do coronel.

Fábio Augusto Vieira é investigado por supostamente ter facilitado a intentona golpista em Brasília. Ele está preso no 4º Batalhão da PMDF, mesmo local em que está detido o ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres.

O depoimento é assinado na data em que Fábio Vieira foi preso, 12 de janeiro.

Dia dos atos de vandalismo

Conforme o texto, o coronel diz que "setores de inteligência da PM indicaram que o ato de 8 de janeiro seria pacífico". Diz ainda que o efetivo da PM destacado para o ato era o "necessário".

Naquele dia, bolsonaristas radicalizados invadiram e destruíram as sedes dos Três Poderes. Recaem suspeitas de que a PM do Distrito Federal teria sido leniente e conivente com os golpistas.

"A permanência do acampamento contribuiu muito para o ocorrido no dia 08/01/2023", diz o depoimento.

O coronel segue e diz que após ter "restabelecido a ordem" na Esplanada dos Ministérios, a PMDF se dirigiu ao QG do Exército para "realizar prisões de quem estava no lugar".

Segundo Fábio Vieira, "o Exército já estava mobilizado para não permitir a entrada da Polícia Militar".

A reportagem tentou entrar em contato com o Exército sobre o teor do depoimento, mas não obteve respostas. O espaço segue aberto.

Nos bastidores, conforme mostrou o UOL, a cúpula militar apoiou a decisão do comandante Júlio César de Arruda de enfrentar uma orientação do ministro da Justiça, Flávio Dino, para que o acampamento em frente ao QG fosse encerrado na noite de 8 de janeiro.

Na avaliação de generais próximos a Arruda, tentar remover as pessoas logo após a destruição do Planalto, do Congresso e do Supremo poderia gerar uma "guerra".