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Dados do cartão de Bolsonaro estão incompletos e mais gastos serão expostos

O ex-presidente Bolsonaro fala durante uma feira em São Paulo, em 2022 - REUTERS/Carla Carniel
O ex-presidente Bolsonaro fala durante uma feira em São Paulo, em 2022 Imagem: REUTERS/Carla Carniel

Do UOL, em Brasília

21/01/2023 14h13Atualizada em 22/01/2023 14h48

Ainda há gastos do cartão corporativo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a serem revelados. De acordo com a Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência da República, os dados divulgados até então estão incompletos.

No início do ano, a Secretaria-Geral da Presidência divulgou que o ex-presidente gastou pelo menos R$ 27,6 milhões entre 2019 e 2022 no seu cartão corporativo Segundo o Portal da Transparência, no entanto, as despesas totais ultrapassam R$ 75 milhões —quase o triplo do valor inicial.

De acordo com a Secom, essa diferença se dá porque as planilhas divulgadas até então "se referem exclusivamente à unidade gestora da Secretaria Especial de Administração da Presidência", enquanto o Portal da Transparência "apresenta dados consolidados de outras unidades da Presidência".

"Haverá uma nova publicação em breve, uma vez que alguns registros não foram incluídos na extração original", informou a Secom, por meio de nota.

Além disso, outros dados classificados como sigilosos pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) "permanecerão sem publicação até o posicionamento acerca da persistência ou não das razões para classificação".

Hotéis e sorvete

Entre os destaques dos gastos de Bolsonaro divulgados até então, estão os gastos com hospedagem, a maior fatia do que foi comprado com o cartão.

  • No total, foram R$ 13,7 milhões com hotéis
  • Somente no Ferraretto Hotel, no Guarujá, cidade do litoral paulista, foi pago R$ 1,4 milhão

Na alimentação, outra parcela significativa nos gastos gerais do cartão — R$ 10,2 milhões —, se destacam:

  • Os R$ 8.600 gastos em sorveterias
  • Cerca de R$ 408 mil em peixarias
  • Em padarias, Bolsonaro gastou R$ 581 mil ao longo do mandato

Para que serve o cartão corporativo?

Criados em 2001, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os cartões de Pagamento do Governo Federal (CPGF), que ficaram conhecidos como cartões corporativos, tinham como objetivo facilitar a transparência de gastos antes feitos com cheques ou por meio da apresentação de notas fiscais.

Alterações por meio de decretos tentaram limitar e dar mais transparência ao uso desses recursos. Depois da CPI dos cartões corporativos, em fevereiro de 2008, o uso do cartão para saques passou a ser proibido. A exceção ficou para "peculiaridades" de alguns órgãos e casos com um limite de 30% do total da despesa anual do órgão.

O detalhamento dos gastos com cartão corporativo fica sob sigilo durante o mandato do presidente por razões de segurança.