Cartão corporativo de Bolsonaro teve ao menos R$ 38 mil em saques
Ao menos R$ 38.075 foram sacados em dinheiro vivo nos cartões corporativos da Presidência da República entre 2019 e 2021, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os valores aparecem em comprovantes publicados pela agência de dados Fiquem Sabendo e somados pelo UOL.
Chama a atenção saques com valores repetidos no mesmo dia.
- Em 11 de janeiro de 2019, o servidor Vanerlei Silveira fez sete saques, que totalizam R$ 6.710
- Em 11 de junho de 2021, o mesmo Vanerlei fez quatro saques idênticos de R$ 1.000
- Em 16 de março de 2021, Valdira Claudino também sacou R$ 1.000 quatro vezes
- Em 18 de fevereiro de 2019, Magda Carneiro fez seis saques idênticos de R$ 1.000.
- No dia seguinte, ela fez quatro saques de R$ 1.000 e um de R$ 900. Ao todo, ela embolsou R$ 10.900 nesses dois dias.
- Em 17 de janeiro de 2019, o motorista Alexandre Almeida também sacou R$ 8.000 no mesmo dia.
No material divulgado, não há justificativa para a retirada do dinheiro. O cartão corporativo da Presidência é bancado por dinheiro público, e deve ser utilizado para pagamento das despesas realizadas com compra de material e prestação de serviços, nos estritos termos da legislação vigente", conforme o decreto que rege o uso do meio de pagamento.
O valor sacado pode ser ainda maior, já que o material divulgado pela Fiquem Sabendo hoje corresponde apenas a 20% do total de notas fiscais.
No início do ano, a Secretaria-Geral da Presidência divulgou que o ex-presidente gastou pelo menos R$ 27,6 milhões entre 2019 e 2022 no seu cartão corporativo. Segundo o Portal da Transparência, no entanto, as despesas totais ultrapassam R$ 75 milhões —quase o triplo do valor inicial.
"Haverá uma nova publicação em breve, uma vez que alguns registros não foram incluídos na extração original", informou a Secom, por meio de nota.
Para que serve o cartão corporativo?
Criados em 2001, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os cartões de Pagamento do Governo Federal (CPGF), que ficaram conhecidos como cartões corporativos, tinham como objetivo facilitar a transparência de gastos antes feitos com cheques ou por meio da apresentação de notas fiscais.
Alterações por meio de decretos tentaram limitar e dar mais transparência ao uso desses recursos. Depois da CPI dos cartões corporativos, em fevereiro de 2008, o uso do cartão para saques passou a ser proibido. A exceção ficou para "peculiaridades" de alguns órgãos e casos com um limite de 30% do total da despesa anual do órgão.
O detalhamento dos gastos com cartão corporativo fica sob sigilo durante o mandato do presidente por razões de segurança.
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