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Motorista sacou R$ 8.000 em um dia no cartão corporativo de Bolsonaro

REUTERS/Carla Carniel
Imagem: REUTERS/Carla Carniel

Do UOL, em São Paulo

23/01/2023 12h11

Alexandre Almeida fez oito saques de R$ 1.000 cada usando o cartão corporativo do governo Bolsonaro em 17 de janeiro de 2019.

Os comprovantes das transações foram divulgados hoje pela agência de dados "Fiquem Sabendo", especializada em LAI (Lei de Acesso à Informação).

Os comprovantes mostram que os oito saques foram feitos em um curto intervalo de tempo —sete minutos—, todos em caixa eletrônico. Era o 17º dia de Bolsonaro na Presidência da República, uma quinta-feira.

  • Primeiro saque: R$ 1.000 às 15h20
  • Segundo saque: R$ 1.000 às 15h21
  • Terceiro saque: R$ 1.000 às 15h22
  • Quarto saque: R$ 1.000 às 15h23
  • Quinto saque: R$ 1.000 às 15h24
  • Sexto saque: R$ 1.000 às 15h25
  • Sétimo saque: R$ 1.000 às 15h26
  • Oitavo saque: R$ 1.000 às 15h27
Comprovantes de saques de Almeida  - Reprodução - Reprodução
Comprovantes de saques de Almeida
Imagem: Reprodução

Reportagem do UOL publicada na semana passada mostrou que Almeida gastou R$ 62,2 mil apenas em 15 de abril do ano passado na lanchonete Tony & Thais, na zona sul de São Paulo.

O governo Bolsonaro gastou ao todo R$ 626,3 mil com o cartão corporativo da presidência nessa lanchonete.

Quem é o motorista

Com salário bruto de R$ 7.654,51, Almeida ingressou no funcionalismo público em 1995. Foi nomeado para o cargo de motorista da Presidência da República em portaria de abril de 2005.

Segundo o Portal da Transparência, atua hoje em cargo comissionado como assistente na área de coordenação de passagens e diárias da presidência.

O UOL pediu à assessoria da presidência um posicionamento dele, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto.

Carne, leite condensado e remédios

Além dos saques, as notas fiscais divulgadas hoje pela "Fiquem Sabendo" mostram que o cartão de Bolsonaro foi usado para comprar:

  • picanha, caviar, filé mignon e camarão;
  • leite condensado, nutella;
  • Rivotril, usado para o tratamento de depressão e ansiedade, e o antidepressivo Lexapro;
  • antibióticos e remédios para o tratamento de úlceras gastrointestinais.

Até agora foram escaneadas cerca de 2.600 páginas com as notas, o que representa apenas 20% do total.

As diversas motociatas realizadas pelo ex-presidente nos últimos quatro anos tiveram custo médio de R$ 100 mil cada aos cofres públicos, por meio do cartão corporativo.

Há duas semanas, as planilhas dos gastos do cartão corporativo de Bolsonaro se tornaram públicas, mas as notas fiscais, com o descritivo do que foi realmente comprado não estavam disponíveis.

    Segundo as planilhas, foram gastos R$ 27,6 milhões entre 2019 e 2022.

    No Portal da Transparência do governo federal, no entanto, a quantia passa de R$ 75 milhões nesses quatro anos —a falta de detalhamento dos gastos é apontada pelos especialistas como um dos possíveis motivos para essa diferença.

    Bolsonaro, que viajou para a Flórida no final do ano passado, não foi localizado para comentar as informações.