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PF prende homem flagrado ao destruir relógio de dom João 6º no Planalto

Vinícius Nunes

Colaboração para o UOL, em Brasília

23/01/2023 19h28Atualizada em 24/01/2023 09h19

Antônio Cláudio Alves Ferreira, 30, foi detido em Uberlândia (MG), nesta segunda-feira (23), por agentes da Polícia Federal de Goiás. Ele será levado à sede da PF na cidade mineira e deve ser transferido para Brasília amanhã.

O vândalo foi filmado pelo circuito interno do Palácio do Planalto em 8 de janeiro derrubando o relógio Balthazar Martinot, do século 17, presente da corte francesa para dom João 6º. Ele usava uma camiseta estampada com a foto de Jair Bolsonaro (PL).

A Polícia Civil de Goiás confirmou a identidade de Ferreira no último domingo, quando o morador da cidade de Catalão (250 km de Goiânia) — passou a ser considerado foragido.

A Polícia Federal ainda não informou as circunstâncias da prisão — nem de quais os crimes que ele poderá ser acusado. O processo corre em sigilo. A prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A reportagem tentou entrar em contato com a defesa de Antônio Ferreira, mas não foi possível. O espaço segue aberto.

Antonio Claudio Alves Ferreira foi identificado pela polícia  - Reprodução - Reprodução
Antonio Claudio Alves Ferreira foi identificado pela polícia
Imagem: Reprodução

Em nota, o governo federal disse que o preso passará por audiência de custódia virtualmente. Também afirmou que "as investigações para identificação das pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram os fatos ocorridos em 8/1 continuam em curso".

Ferreira tem outros dois processos na Justiça: ameaça, em 2014, e tráfico de drogas, em 2017. Segundo a Polícia Civil de Goiás, os casos estão arquivados, pois Antônio Ferreira já cumpriu as sentenças.

Golpistas presos

Na sexta (20), Moraes manteve 946 golpistas presos preventivamente nos presídios da Papuda e Colmeia. Outras 464 obtiveram liberdade provisória e devem cumprir medidas cautelares como o uso de tornozeleira eletrônica.

Moraes está à frente dos inquéritos que correm no Supremo Tribunal Federal sobre o ato golpista de 8 de janeiro. Em um deles, a Corte apura as supostas responsabilidades de agentes públicos na facilitação para o vandalismo de apoiadores de Bolsonaro. Entre eles, Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do DF; e Ibaneis Rocha (MDB), governador afastado do DF.

Danos e prejuízos

A Advocacia-Geral da União subiu para R$ 18,5 milhões o pedido de bloqueio de bens de financiadores do ato golpista que depredou as sedes dos Três Poderes. O valor inicial solicitado à 8ª Vara Federal de Brasília era de R$ 6,5 milhões.

Todo o dinheiro será reservado para custear a restauração dos prédios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal.

Segundo o último relatório da Advocacia-Geral da União, o valor da reforma pode chegar a R$ 18 milhões. A conta, no entanto, não inclui a restauração das obras de arte danificadas e presentes de chefes de Estado.

No total, estão na mira da AGU 52 pessoas e 7 empresas que financiaram ônibus para a manifestação bolsonarista.

Valor histórico e simbólico

O relógio de pêndulo destruído é atribuído ao famoso relojoeiro francês Balthazar Martinot. Embora Martinot tenha produzido várias peças para a corte francesa, apenas dois exemplares resistiram ao tempo — um deles é o que foi trazido ao Brasil em 1808. O outro está guardado no Palácio de Versalhes, em Paris.

Segundo o diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, o valor material do relógio destruído é enorme, mas seu valor histórico e simbólico é ainda maior. Segundo Carvalho, é possível restaurar a peça, mas a eficácia do serviço é incerta.

Errata: este conteúdo foi atualizado
O relógio Balthazar Martinot, do século 17, foi presente da corte francesa para Dom João 6º. O texto foi corrigido.