Acusado de se beneficiar de caixa 2, Moro já chamou prática de 'trapaça'
Acusado pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro de ter se beneficiado de caixa 2 na disputa que o elegeu, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) já classificou a prática como "trapaça", "pior do que corrupção" e "crime contra a democracia" quando era o juiz responsável pela Lava Jato. Depois, como ministro do próprio Bolsonaro, deixou o discurso mais brando.
O PL pede a cassação do mandato de Moro na Justiça, conforme revelou o colunista do UOL Rogério Gentile.
- O partido afirmou que o "abuso de poder econômico" gerou um "desequilíbrio" na disputa eleitoral ao Senado que "fulminou a legitimidade do resultado";
- À coluna, Moro disse, por meio de nota, que ação é "desespero de perdedores" e que as acusações são falsas e absurdas. Ele declarou que não houve caixa dois e que vai processar os responsáveis por esse processo.
O que o juiz Moro já disse sobre caixa dois?
Como juiz federal, Moro foi responsável por decisões relativas à Operação Lava Jato em primeira instância e criticava a prática de caixa dois em suas sentenças.
Em 2017, ele condenou o ex-marqueteiro das campanhas presidenciais de Lula e Dilma Rousseff, João Santana, e a esposa dele, Monica Moura, pelo crime de lavagem de dinheiro —o casal admitiu que recebeu dinheiro em caixa dois durante a campanha de Dilma em 2010, em contas não declaradas no exterior.
Ao decidir pela condenação, Moro argumentou as explicações de que o casal seria "vítima da 'cultura do caixa dois'" não foram convincentes.
Muitas vezes [o caixa dois] é visto como um ilícito menor, mas é trapaça numa eleição. A meu ver, não existe uma justificativa ética para esse tipo de conduta."
Em audiência na Câmara, em agosto de 2016
A corrupção para fins de financiamento de campanha é pior que o de enriquecimento ilícito [...] Se eu utilizo [a propina] para ganhar uma eleição, para trapacear uma eleição, isso para mim é terrível (...) Caixa 2 em eleições é trapaça, um crime contra a democracia."
Em palestra na Universidade de Harvard, em abril de 2017
A destinação da vantagem indevida em acordos de corrupção a partidos políticos e a campanhas eleitorais é tão ou mais reprovável do que a sua destinação ao enriquecimento pessoal, considerando o prejuízo causado à integridade do processo político-eleitoral."
Em sentença proferida em ação da Lava Jato, em fevereiro de 2017
O que o ministro Moro já disse sobre caixa dois?
Em 2019, quando era ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro, Moro mudou a classificação. Ao justificar o fatiamento do pacote anticrime proposto naquele ano, o ex-juiz disse que o governo foi "sensível" às "reclamações razoáveis" de políticos de que o delito é menos grave do que corrupção e crimes violentos.
Na época, a criminalização do caixa dois era um dos pontos do pacote que enfrentava maior resistência à aprovação no Congresso.
Caixa dois não é corrupção. Existe o crime de corrupção e existe o crime de caixa dois. São dois crimes. Os dois crimes são graves."
Em fevereiro de 2019
Havia um sentimento de que o caixa 2 é um crime grave, mas não tão grave como o crime organizado, homicídios e corrupção. E houve uma reclamação que não fosse tratado juntamente a essas condutas delitivas mais graves."
Em fevereiro de 2019
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