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Silveira agiu com 'deboche' e 'desprezo' às decisões do STF, diz Moraes

Alexandre de Moraes falou em "desprezo" de Silveira pelas decisões do Supremo  - Alejandro Zambrana/TSE
Alexandre de Moraes falou em "desprezo" de Silveira pelas decisões do Supremo Imagem: Alejandro Zambrana/TSE

Do UOL, em São Paulo

02/02/2023 14h17

Desprezo, deboche e desrespeito foram algumas palavras utilizadas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes em sua decisão de mandar prender o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).

O que se verifica é o completo desrespeito e deboche do réu condenado com as decisões judiciais emanadas desta SUPREMA CORTE."
Alexandre de Moraes, ministro do STF

O político bolsonarista foi preso por desrespeitar diversas medidas cautelares —as restrições impostas pelo Supremo para evitar que ele continuasse cometendo infrações.

A defesa criticou a decisão de Moraes e pediu para que Silveira fique detido em um local mais seguro. Em nota, os advogados dizem que a prisão "mostra mais uma vez a insegurança jurídica que vivemos no país".

O que disse Moraes em sua decisão?

O ministro do STF escreve que Silveira "insiste em desrespeitar as medidas cautelares" que "justificaram a fixação de multa" de R$ 15 mil por dia. Essa punição foi determinada em março de 2022.

Moraes afirma ainda que o ex-policial militar revela "seu completo desprezo pelo Poder Judiciário" e que as restrições impostas não foram suficientes, por isso a "necessidade de restabelecimento da prisão".

Alexanre de moraes (esquerda) mandou prender Daniel Silveira - Montagem TV Cultura - Montagem TV Cultura
Alexandre de Moraes restabelece prisão de Daniel Silveira
Imagem: Montagem TV Cultura

As medidas cautelares que Silveira descumpriu

  • Uso de rede social;
  • Conceder entrevista;
  • Manter contato com outros investigados.

Moraes cita que o ex-parlamentar concedeu "repetidas entrevistas nas redes sociais". Por isso, impôs novas cautelares, sem pedir sua prisão. São elas:

  • Uso de tornozeleira eletrônica;
  • Proibição de ausentar-se da Comarca em que mora;
  • Proibição de participar de eventos públicos em todo o Brasil.

Nesse período, Silveira "danificou o equipamento de monitoração eletrônica", diz Moraes, e atacou tanto o STF quanto o TSE, "colocando em dúvida o sistema eletrônico de votação".

O magistrado argumenta que, graças ao Código Penal, as medidas cautelares descumpridas podem ser substituídas por prisão preventiva.

Em face do reiterado desrespeito às medidas restritivas estabelecidas, RESTABELEÇO A PRISÃO de DANIEL LÚCIO DA SILVEIRA, a ser efetivada pela Polícia Federal
Alexandre de Moraes, ministro do STF

Sem visita nem porte de arma

Além da prisão, Moraes determinou diversas "restrições ao preso", como:

  • Proibição de visitas, exceto de advogados e familiares;
  • Proibição de conceder entrevistas, salvo com autorização do STF;
  • Suspensão de porte de arma de fogo;
  • Suspensão de registro de colecionador de arma de fogo;
  • Cancelamento de todos os passaportes.

O ministro também ordenou busca e apreensão de armas, munições, computadores, tablets, celulares e veículos do ex-deputado e determinou acesso aos dados armazenados nesses dispositivos.

A decisão de Moraes ocorreu mesmo depois de Silveira receber indulto de Jair Bolsonaro (PL). O então presidente perdoou o aliado de uma condenação de 8 anos e 9 meses de prisão, determinada após o ex-parlamentar estimular manifestações contra a democracia e atacar autoridades e instituições.

Acontece que chegaram ao STF ações questionando a validade desse perdão, e a Corte ainda precisa julgar se a decisão de Bolsonaro será mantida. Enquanto o julgamento não acontece, Silveira só poderia ficar em liberdade se obedecesse as medidas cautelares (como usar tornozeleira eletrônica), o que não aconteceu.