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Políticos têm ligação direta com garimpo em área yanomami, diz ministério

Colaboração para o UOL, em Salvador

07/02/2023 19h28Atualizada em 07/02/2023 19h38

O secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, disse, durante coletiva de imprensa realizada em Boa Vista (RR) hoje, que os DSEIs (Distrito Sanitário Especial Indígena), incluindo o yanomami, foram "aparelhados" por políticos do estado.

Tapeba ainda afirmou que esses políticos —que teriam prejudicado a atuação das equipes dos DSEIs— também mantêm ligação com garimpeiros.

O que a gente experimentou no DSEI yanomami nos últimos anos foi um verdadeiro aparelhamento político, de verdadeiras oligarquias políticas que detém o poder em Roraima. As dificuldades que nós identificamos da área de gestão é resultado desse aparelhamento."
Ricardo Weibe Tapeba, secretário de Saúde Indígena

O secretário, porém, disse que não poderia citar nomes ou dar mais detalhes sobre esse suposto aparelhamento porque a PF (Polícia Federal) já estaria investigando o caso.

Durante a coletiva de imprensa, Tapeba ainda disse que será necessária a instalação de um segundo hospital de campanha na região yanomami para atendimento médico aos indígenas, evitando o deslocamento para Boa Vista.

Um plano de infraestrutura para melhorar as condições nas unidades de saúde também será montado. "Vai resultar numa solução de água para as unidades de saúde, energia elétrica, internet e telefone e melhora nas condições físicas para diminuir a rotatividade de profissionais".

Governo não sabe quantos garimpeiros fugiram

Mais cedo, o ministro da Defesa, José Múcio, disse que o governo federal não está monitorando quantos garimpeiros estão fugindo de terras yanomami nem para onde estão indo. De acordo com o ministro, a principal preocupação agora é a "questão humanitária" do povo indígena.

Múcio vai amanhã para Roraima junto com o três comandantes das Forças Armadas para coordenar a megaoperação de retirada de garimpeiros iniciada nesta semana. Há relatos de fuga de criminosos desde a semana passada, inclusive com vídeos em redes sociais, após os bloqueios aéreos e fluviais decretados por Lula.

A gestão petista avalia que existam ao menos 15 mil garimpeiros ilegais no local, mas o número pode chegar a 40 mil. A redução a zero da exploração ilegal em terra indígena —que explodiu sob o governo Jair Bolsonaro (PL)— é uma das principais promessas de campanha de Lula.