Governo não sabe quantos garimpeiros fugiram nem para onde foram, diz Múcio
O governo federal não está monitorando quantos garimpeiros estão fugindo de terras yanomami nem para onde estão indo. De acordo com o ministro da Defesa, José Múcio, a principal preocupação agora é a "questão humanitária" do povo indígena.
Múcio vai amanhã (8) para Roraima junto com o três comandantes das Forças Armadas para coordenar a megaoperação de retirada de garimpeiros iniciada nesta semana. Há relatos de fuga de criminosos desde a semana passada, inclusive com vídeos em redes sociais, após os bloqueios aéreos e fluviais decretados por Lula.
A gestão petista avalia que existam ao menos 15 mil garimpeiros ilegais no local, mas o número pode chegar a 40 mil. A redução a zero da exploração ilegal em terra indígena —que explodiu sob o governo Jair Bolsonaro (PL)— é uma das principais promessas de campanha de Lula.
Esse monitoramento para onde eles [garimpeiros] estão saindo nós não temos. Evidentemente que nós estamos, primeiro, preocupados com a questão humanitária, resolver a questão dos índios, da doença, tirar o povo que está lá dentro que não pode sair.
José Múcio, ministro da Defesa
Segundo Múcio, também não há um acompanhamento de quantos já saíram. Ele não explicou, no entanto, por que esse monitoramento não é feito e citou apenas o território extenso da Terra Indígena Yanomami, com quase dez milhões de hectares.
Ontem, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que estima a saída de ao menos 80% deles nesta semana, embora o número exato de exploradores ilegais não esteja claro para o governo.
Conforme o UOL adiantou, garimpeiros estão se comunicando sobre operações policiais em grupos de WhatsApp. O UOL teve acesso a um áudio que alertava sobre os locais patrulhados e orientava os colegas a esconderem ouro e armas —alvos de apreensão.
Tanto quem vem de Alto Alegre [RR], [rio] Apiau, [rio] Uraricoera vai ser abordado para ver se não tá trazendo ouro, armas... Quem tiver [sic] trazendo, vão ser enquadrado [sic], vão responder. Só um aviso aí, quem for trazendo alguma hoje, guarda em algum lugar.
Áudio distribuído por WhatsApp
Múcio deverá passar ao menos dois dias na região de Surucucu juntamente com os três comandantes das Forças Armadas para coordenar as operações de perto.
Estamos com aviões pequenos no aeroporto de Surucucu, que a pista está em obras, [por isso] a gente não pode levar aviões maiores. A gente tem que levar mantimentos, trazer doentes, tem que levar as pessoas que estão ficando boas.
José Múcio, ministro da Defesa
O ministro se reuniu hoje com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os comandantes para debater tecnologia de defesa. Segundo Alckmin, os atentados de 8 de janeiro, que completam um mês amanhã, não foram tema do encontro.
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