Linha do Choque foi desmontada em 8/1 para resgatar chefe da PM, diz major
Flávio Silvestre de Alencar, preso na última terça (7), disse em depoimento à PF (Polícia Federal) que retirou militares do batalhão do Choque da barreira de contenção contra os golpistas em 8 de janeiro para resgatar o comandante-geral da PM-DF, o coronel Fábio Augusto Vieira, que estaria cercado no Congresso Nacional.
Ele teria pedido a um dos oficiais da tropa do Choque, tenente Martins, que lhe dispusesse de 4 viaturas, com 4 agentes cada, para auxiliar no resgate do coronel.
Major Silvestre foi flagrado pelas câmeras do STF (Supremo Tribunal Federal) antes de o cordão de isolamento ser liberado por policiais militares durante o ato golpista.
O oficial aparece no vídeo, divulgado em 25 de janeiro, chegando à barreira policial ao lado do Congresso em uma viatura da Polícia Militar do Distrito Federal no dia da manifestação bolsonarista.
O major discute alguma coisa com os agentes do batalhão do Choque. Não é possível saber o que foi falado, mas momentos depois parte dos veículos da equipe de Choque deixam o local.
Um veículo blindado permanece no local, mas sem resistência, os golpistas passam tranquilamente pelo veículo e descem em direção à Praça dos Três Poderes.
Em seu depoimento, Silvestre diz que as munições químicas do batalhão do Choque estavam acabando e que a linha já não era efetiva contra os manifestantes. O major tinha 311 homens sob o seu comando naquele dia, sendo 178 vindos do curso de formação da Polícia Militar do DF.
Ele afirmou ainda que não considera que a retirada dos 16 agentes do Choque facilitou a invasão do Supremo Tribunal Federal. Também diz que ficou sabendo posteriormente que o blindado da PM-DF apresentou problemas mecânicos e que o jato d'água não funcionou.
Operação Lesa Pátria
O major Flávio Silvestre de Alencar é um dos presos na 5ª fase da operação, que já deteve 20 suspeitos de serem os executores, facilitadores ou idealizadores do ato golpista de 8 de janeiro.
A PF informou que já foram cumpridos 17 mandados de prisão preventiva, três de prisão temporária e 37 de busca e apreensão desde o início da Lesa Pátria, que teve sua primeira fase em 20 de janeiro.
Os crimes investigados são:
- abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- golpe de Estado;
- dano qualificado;
- associação criminosa;
- incitação ao crime;
- destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
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