Moro diz que crítica de Lula sobre BC é 'ataque' e compara com Bolsonaro
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) diz que o presidente Lula (PT) tenta "transferir a responsabilidade" econômica ao Banco Central e comparou o petista com Jair Bolsonaro (PL). A declaração foi dada em entrevista ao jornal O Globo.
Lula pressiona o Banco Central pela redução da taxa básica de juros, atualmente a 13,75% ao ano, o maior patamar desde janeiro de 2017. As críticas de Lula atingem, especialmente, Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro para comandar o BC.
Essas declarações são lamentáveis. O governo anterior era muito criticado pelo ataque às instituições. E agora estamos vendo novamente ataques às instituições, basicamente à autoridade monetária.
Sergio Moro em entrevista ao Globo
Para Moro, o presidente Lula tem a percepção que a economia não vai crescer, "a picanha que foi prometida não vai ser entregue e busca transferir a responsabilidade à autoridade monetária".
Lula também critica a lei que prevê autonomia para o Banco Central, com mandato de quatro anos para presidente e diretores da autarquia, foi aprovada pelo Congresso há dois anos, no governo Bolsonaro. Antes, a autarquia era vinculada ao Ministério da Fazenda.
Na semana passada, Lula declarou que "é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira".
Em palestra nos Estados Unidos, Campos Neto rebateu as críticas e disse que a autonomia do BC serve para separar as diretrizes monetárias da esfera política.
"A principal razão no caso da autonomia do Banco Central é desconectar o ciclo da política monetária do ciclo político porque eles têm planos e interesses diferentes. E quanto mais independente você for, mais eficaz você é e menos o país pagará em termos de custo de ineficiência na política monetária", afirmou.
O presidente do BC só pode ser dispensado em caso de "comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos" da autarquia. A exoneração, no entanto, precisa passar pelo crivo do Senado. Os aliados do governo não têm votos suficientes para aprovar a saída de Campos Neto.
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