Governo encontra garimpo próximo a povo indígena isolado em terra yanomami
O governo federal identificou um ponto de garimpo ilegal a poucos quilômetros de uma comunidade isolada de povos indígenas em terras yanomamis, em Roraima, ontem (10). As imagens foram divulgadas hoje.
Em ação coordenada entre ministérios e forças de segurança, o governo tem sobrevoado a Terra Indígena Yanomami para mapear e remover os focos de garimpo ilegal no local. A megaoperação começou na semana passada, com a presença do ministro da Defesa, José Múcio.
As imagens revelam que o ponto de garimpo fica a menos de 15 km da comunidade. Segundo a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), são indígenas do povo Moxihatëtëa, que vivem isolados, monitorados desde 2010.
Este foi o primeiro sobrevoo de monitoramento desde o início da megaoperação. Batizada pela Polícia Federal de "Operação Libertação", a ação visa cumprir uma promessa de campanha do presidente Lula (PT), que é acabar com o garimpo ilegal nas terras yanomamis.
"Os trabalhos visam à interrupção da logística do crime, com foco na inutilização da infraestrutura usada para a prática do garimpo ilegal bem como a materialização de provas sobre a atividade criminosa", informou o MPI (Ministério dos Povos Indígenas), por meio de nota divulgada hoje.
Ao menos 15 mil garimpeiros
A megaoperação foi iniciada nesta semana. O ministro da Justiça, Flávio Dino, confirmou na última segunda (6) que garimpeiros têm saído da Terra Yanomami em Roraima, mas que o governo está investigando os financiadores dessa atividade ilegal.
O governo Lula (PT) avalia que existam ao menos 15 mil garimpeiros ilegais no local, mas o número pode chegar a 40 mil.
Dino chamou a situação de "afastamento compulsório" e disse que as ações da pasta estarão voltadas à apreensão e destruição de equipamentos e de pistas clandestinas de pouso de aeronaves.
O secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, disse, durante coletiva de imprensa realizada em Boa Vista (RR) ontem, que os DSEIs (Distrito Sanitário Especial Indígena), incluindo o yanomami, foram "aparelhados" por políticos do estado.
Tapeba ainda afirmou que esses políticos —que teriam prejudicado a atuação das equipes dos DSEIs— também mantêm ligação com garimpeiros.
A força-tarefa é uma ação coordenada do governo, composta por PF, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Funai, Força Nacional e ministérios dos Povos Indígenas, Meio Ambiente e Defesa.
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