PF analisa digitais encontradas na 'minuta do golpe' apreendida com Torres
Em relatório parcial sobre as investigações acerca dos atos golpistas realizados em 8 de janeiro, a PF (Polícia Federal) informou hoje ao STF (Supremo Tribunal Federal) que analisa as impressões digitais encontradas na chamada "minuta do golpe".
- Ao realizar busca e apreensão na casa do ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres, a corporação encontrou uma proposta de decreto para que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) instaurasse estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
- O objetivo, segundo o texto, era reverter o resultado da eleição, em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vencedor.
- A PF também informou que realiza inspeção em imagens de câmeras de seguranças em busca de registros de pessoas que visitaram o Palácio do Buriti, sede do governo do DF, de 1º a 20 de janeiro.
Foi requisitado ao Núcleo de Identificação da Polícia Federal, conforme ofício a elaboração de análise papiloscópica no documento "Minuta de Decreto" apreendido com Anderson Torres. Foi recebido e encaminhado a Procuradoria Geral de Justiça, a relação de impressão do palácio do Buriti e as imagens gravadas pelas câmeras de monitoramento e vigilância das entradas de pessoas e de veículos no Palácio do Buriti."
PF ao STF, em relatório parcial
As manifestações da PF ocorrem no mesmo dia em que o procurador Carlos Frederico Santos, do MPF (Ministério Público Federal), citou o documento, considerado ilegal, ao pedir ao ministro Alexandre de Moraes para que Anderson Torres continue preso por suposta omissão no caso dos atos golpistas de 8 de janeiro.
- Ele diz que há indícios consistentes de conduta ilícita e que precisam ser apurados.
- "Permanecem presentes a probabilidade de que, em liberdade, Anderson Torres coloque em risco o prosseguimento das investigações, a colheita de provas e, por conseguinte, a persecução penal", afirma o procurador.
A apreensão só foi possível porque Anderson Torres estava fora do país, retornando apenas no dia 14 de janeiro de 2023. Estivesse ele em solo nacional gozando de liberdade, possivelmente esse e outros elementos de prova seriam ocultados ou destruídos, assim como ocorreu com seu aparelho celular, deixado nos EUA de maneira a impedir a extração de dados e análise da prova, o que demonstra ausência de cooperação para o esclarecimento dos fatos."
Carlos Frederico Santos, do MPF
No início deste mês, a defesa de Torres pediu ao STF a revogação da prisão a que ele está submetido desde 14 de janeiro. Ele foi detido no aeroporto ao voltar dos EUA. No dia dos ataques, Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e estava de férias.
"Ao contrário do que Torres tentou justificar, não se trata de documento que seria jogado fora, estando, ao revés, muito bem guardado em uma pasta do Governo Federal e junto a outros itens de especial singularidade, como fotos de família e imagem religiosa", disse hoje o MPF.
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