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Azulão, tiê-sangue e bicudo: aves apreendidas com Torres valem até R$ 4.000

Anderson Torres foi alvo de operação do Ibama; um dos pássaros encontrados em sua casa é da espécie tiê-sangue - REUTERS/Adriano Machado; Flavio Moraes
Anderson Torres foi alvo de operação do Ibama; um dos pássaros encontrados em sua casa é da espécie tiê-sangue Imagem: REUTERS/Adriano Machado; Flavio Moraes

Victoria Borges

Colaboração para o UOL

28/02/2023 04h00

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi alvo de uma operação do Ibama por suspeita de comércio ilegal de aves silvestres.

Foram encontrados 60 animais na residência do ex-ministro, em Brasília, incluindo uma espécie em extinção.

Um dos pássaros estava com uma cicatriz na pata.

A base de dados com o cadastro dos animais também não batia com o que foi encontrado na investigação, e algumas aves registradas não estavam no local.

Torres foi multado em R$ 54 mil. Ele foi autuado por irregularidades como utilizar animais em desacordo com a autorização existente, por inserir dados falsos no sistema e por mutilação.

As espécies achadas na casa de Torres

Curió

Curió - DANILO VERPA/FOLHA IMAGEM - DANILO VERPA/FOLHA IMAGEM
Curió: espécie já foi uma das mais apreendidas pelo Ibama; na imagem, animal resgatado em outra operação
Imagem: DANILO VERPA/FOLHA IMAGEM
  • A espécie, que já foi uma das mais apreendidas pelo Ibama, se destaca por seu belo canto.
  • Pode ser encontrada em quase toda a América do Sul, exceto Chile e Uruguai.
  • No Brasil, costuma viver em regiões litorâneas, principalmente no estado de São Paulo. Apesar de não correr risco de extinção, é considerada vulnerável em alguns estados.
  • As ameaças são decorrentes da caça predatória e destruição de seu hábitat. Um filhote pode custar até R$ 3,5 mil.

Azulão

azulão - Polícia Militar do Distrito Federal - Polícia Militar do Distrito Federal
Azulão foi uma das espécies mais aprisionadas nos anos 1980; na imagem, pássaro apreendido em outra ação da PM do DF
Imagem: Polícia Militar do Distrito Federal
  • Ave nativa do Brasil, também pode ser encontrada em outros países da América Latina.
  • Foi uma das espécies mais aprisionadas em gaiolas nos anos 1980 devido ao seu canto melodioso e intenso.
  • Ainda que a espécie não esteja ameaçada, é muito perseguida por traficantes e pode desaparecer em alguns estados brasileiros. Um desses animais pode custar até R$ 3 mil.

Tiê-sangue

Tiê-sangue - Flavio Moraes/Folhapress - Flavio Moraes/Folhapress
Tiê-sangue é considerado símbolo da Mata Atlântica
Imagem: Flavio Moraes/Folhapress
  • A cor vermelha característica desse animal o coloca entre os mais bonitos do mundo.
  • Considerado símbolo da Mata Atlântica, foi uma das primeiras espécies de aves brasileiras registradas pela ciência.
  • Apesar de ser muito perseguida, a espécie não é considerada ameaçada de extinção. O valor de um pássaro pode chegar a R$ 2 mil.

Bicudo

Bicudo - Zanone Fraissat/Folhapress - Zanone Fraissat/Folhapress
O bicudo, ameaçado de extinção, é conhecido por ser um excelente cantor
Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress
  • Raro e ameaçado de extinção, a estimativa é que existam apenas 250 desses animais na natureza.
  • Em cativeiro, são mais de 200 mil. As principais ameaças à espécie são a caça ilegal para criação em gaiola e a perda de hábitat.
  • O bicudo é parente do curió e, assim como ele, é conhecido por ser um excelente cantor. Um pássaro chega a custar até R$ 4 mil.

Registro no Ibama

As espécies podem ser criadas ou mantidas em cativeiro legalmente, desde que o criador tenha registro no Ibama e na Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente), vinculado ao Sispass (Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros).

A criação com finalidade econômica ou comercial é proibida. A venda desses animais só pode ser feita por criadouros ou estabelecimentos autorizados para esse fim.

A ação do Ibama foi um desdobramento da investigação iniciada ano passado, depois de terem sido identificadas informações inconsistentes no Sispass, como o registro de uma das aves no nome de outra pessoa.

O ex-ministro está preso desde 14 de janeiro investigado por suspeita de omissão e conivência com os atos golpistas em Brasília no início do ano. Na época, ele era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.