Deputadas trans pedem cassação de Nikolas por transfobia: 'criminosos'
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) entregou hoje o pedido para cassar o mandato do também deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), após um discurso transfóbico feito por ele na Câmara durante o último Dia da Mulher.
O que aconteceu:
- A formalização ocorreu ao lado da colega Duda Salabert (PDT-MG). Elas são as primeiras deputadas federais trans na história do Congresso.
- Erika reforçou que transfobia é crime e disse que o discurso de Nikolas utilizou as identidades trans "como chacota, de forma ridicularizada".
- A parlamentar entregou também as mais de 360 mil assinaturas coletadas online em apoio à revogação do mandato do deputado.
Muito mais do que o ato é o que reverbera as ações desse parlamentar em toda a sociedade, o que tem sido reverberado nas nossas redes sociais, a onda de ataque, ameaças, violência, a certeza da impunidade por parte de seus seguidores nas redes sociais, que permanece perpetuando o símbolo do ódio, violência, preconceito e marginalização".
Quando um parlamentar dentro do coração da política, como é a Câmara, utiliza a tribuna para insultar uma comunidade extremamente estigmatizada, extremamente violentada em seus direitos, a mensagem passada ao conjunto da sociedade é que este tipo de ato está permitido e que esses criminosos, sim porque o STF já equiparou a LGBTfobia ao crime de racismo".
Erika Hilton
A transfobia foi equiparada ao crime de racismo, e passou a ser tratada como crime hediondo pelo STF em 2019.
Relembre o caso de transfobia na Câmara
- No Dia da Mulher (8), o deputado colocou uma peruca loira e zombou, no plenário da Câmara, que se "sente mulher", se chama Nicole e "tem lugar de fala".
- Nikolas ainda falou que mulheres trans ameaçam as mulheres cis: "As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres. Para vocês terem ideia do perigo que é isso, eles estão querendo colocar a imposição de uma realidade que não é a realidade."
- O MPF acionou a Câmara para que o discurso transfóbico de Nikolas seja apurado. Entidades LGBT+ enviaram notícias-crime ao STF sobre o caso.
- O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), repudiou as falas do deputado e prestou solidariedade a "todas e todos que se sentiram ofendidas e ofendidos".
Nikolas já responde por transfobia
Desde fevereiro deste ano, o deputado responde por injúria racial após chamar a deputada Duda Salabert de "ele".
"Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é", afirmou Nikolas em entrevista em dezembro de 2020, quando ambos eram vereadores de Belo Horizonte.
Nas redes sociais, Duda comemorou a decisão: "Posição importante do TJMG que afirma que ofensas transfóbicas são crime de racismo, como decidido pelo STF".
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