Lula defende ajuda a países vizinhos: 'Temos o direito de distribuir'
O presidente Lula (PT) voltou a defender hoje que o Brasil compartilhe recursos com países da América do Sul, em evento na Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR). Para ele, é preciso garantir que o continente "continue em paz" e que o Brasil, como "irmão maior", ajude na sua reconstrução.
Lula chegou ao Paraná nesta manhã para participar da nomeação do novo diretor-geral brasileiro da Itaipu, o deputado Enio Verri (PT-PR), indicado por ele, com a presença do presidente paraguaio Mario Benítez. O mandato, dividido com um diretor-geral do Paraguai, dura até 2027.
O que Lula disse:
- Lula disse que o Brasil precisa "combinar seu crescimento econômico com o crescimento dos seus parceiros".
- Ele lembrou que a construção de Itaipu como "um acordo civilizatório" entre o Brasil e o Paraguai. O presidente fez referência à Guerra do Paraguai (1864-1870) ao rechaçar conflitos entre países vizinhos.
- Uma criança interrompeu o discurso do petista para falar do preço da picanha.
- Para o brasileiro, a Itaipu também deve colaborar no desenvolvimento social e sustentável de ambos os países -- especialmente com estudos sobre energia sustentável.
É preciso aprimorar nossa política de relações externas. O Brasil tem que ter a grandeza de ser humilde e compartilhar tudo aquilo que pode acontecer com o povo brasileiro com o povo dos países vizinhos, porque, somente assim, a gente vai garantir que esse continente continue em paz, que não fale mais em guerra e fale só em desenvolvimento, educação, saúde, direito do povo trabalhador, indígena e quilombola de viver num mundo mais tranquilo e pacífico. Nós temos o direito de crescer e de distribuir esse crescimento com a população.
Lula, em Itaipu
O presidente também falou sobre a posse de Verri à frente de Itaipu em publicação no Twitter.
A retomada de uma agenda de união sul-americana tornou-se um dos pontos chaves do novo governo petista.
Lula já havia prometido a retomada da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), organização com objetivo de melhorar relações entre países sul-americanos, que o Brasil deixou de fazer parte em 2018, no governo Michel Temer (MDB), junto a outros países vizinhos, então governados por partidos de centro-direita.
Com o retorno de governos de centro-esquerda, ele tem como uma das principais bandeiras a retomada das boas relações no continente, uma das marcas da sua gestão anterior (2003-2010).
Outra proposta do governo brasileiro é voltar a fortalecer o Mercosul (Mercado Comum do Sul), com a defesa da entrada da Bolívia no bloco econômico.
Os dois assuntos foram debatidos no encontro da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), na Argentina, em janeiro.
Um país do tamanho do Brasil é um país que tem que combinar seu crescimento econômico com o crescimento econômico do seu parceiro. Não é possível imaginar um país rico cercado de países pobres por todos os lados. O Brasil, como irmão maior dos países da América do Sul, tem que ter a responsabilidade de fazer com que os outros países cresçam junto conosco."
Lula, em Itaipu
Agenda diversa
Antes da posse de Verri, Lula se encontrou com a família do guarda municipal Marcelo Arruda, petista morto em julho do ano passado por um amigo bolsonarista ao fazer uma festa de aniversário em homenagem ao presidente. O encontro com a esposa e os filhos ocorreu também em Foz do Iguaçu, onde o petista morava.
Depois, Lula se reúne com o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, em Itaipu e volta para Brasília, onde participa da posse da presidência do STM (Superior Tribunal Militar).
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