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Ministros rebatem associação de plano do PCC com fala de Lula sobre Moro

22.03.23 - O ministro Paulo Pimenta, da Secom, fala à imprensa no Palácio do Planalto - Lucas Borges Teixeira/UOL
22.03.23 - O ministro Paulo Pimenta, da Secom, fala à imprensa no Palácio do Planalto Imagem: Lucas Borges Teixeira/UOL

Do UOL, em Brasília

22/03/2023 15h07Atualizada em 22/03/2023 15h27

O governo escalou ministros e parlamentares para rebater a associação entre fala do presidente Lula (PT) sobre querer se "vingar" do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR) às ameaças que o atual senador sofreu do PCC.

O que aconteceu?

  • O ministro Paulo Pimenta, da Secom (Secretaria de Comunicação Social), afirmou que a tentativa de vínculo é "estratégia perversa" que "serve à disputa política", em entrevista à imprensa no Planalto.
  • Flávio Dino, ministro da Justiça, afirmou que se trata de "narrativas completamente falsas". Segundo ele, o relato das ameaças já havia sido passado à Polícia Federal havia pelo menos 45 dias.
  • O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), classificou a associação de "viagem lunática", em entrevista ao UOL News nesta manhã.

Pimenta chamou a imprensa no Planalto só para falar da operação. Ele elogiou a PF, dizendo que a organização voltou a ter um "espírito republicano" e não é mais "aparelhada" nem está "a serviço de nenhum projeto politico".

Como argumento, ele listou a cronologia da operação da PF:

  • Começo de janeiro: início
  • 13 de março: representação junto ao Poder Judiciário
  • 16 de março: recrutamento dos agentes
  • 22 de março: deflagração

Não há qualquer nexo, possibilidade de vínculo, entre a manifestação do presidente e a operação que foi realizada. Muito pelo contrário: a operação é demonstração dessa isenção, dessa postura que é o que nós queremos que o estado brasileiro recupere, esse caráter institucional e despolitizado de suas instituições."
Paulo Pimenta, chefe da Secom

Outros aliados já haviam se posicionado

É vil, leviana, descabida qualquer vinculação a esses eventos com a política brasileira. Fico realmente espantado com o nível de mau-caratismo de politizar uma investigação séria, que é tão séria que foi feita em defesa da vida e da integridade de um senador de oposição ao nosso governo."
Flávio Dino, ministro da Justiça

Se o Lula soubesse da operação, seguramente ele não falaria isso na véspera. Aí seria como batom na cueca. Óbvio que não tem nada a ver uma coisa com a outra. Para mim, é viagem lunática desse pessoal."
Jaques Wagner, líder do governo no Senado

O que Lula disse?

Ontem, Lula chorou ao se lembrar do período que passou preso em Curitiba e disse que queria se vingar de Moro, juiz da Lava Jato

Uma coisa que eu tenho muito orgulho é que o procurador entrava para ver se estava tudo bem, eu falava: 'Não está tudo bem. Vai ficar quando eu f**** esse [ex-juiz e hoje senador Sergio] Moro. Estou aqui [na cadeia] para me vingar dessa gente, e se preparem que eu vou provar'. Quando me lembro disso, fico com uma certa mágoa, porque foi um processo de destruição que não é fácil suportar."
Lula, em entrevista ontem

Como foi a operação

  • Moro era um dos alvos da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que pretendia realizar ataques contra servidores públicos e autoridades.
  • Ao menos nove pessoas foram presas hoje, todas no estado de São Paulo.
  • Além do senador, o promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, era outro dos alvos dos criminosos; o MP-SP também auxiliou na operação de hoje.
  • "Foi investigado e identificado um plano de homicídios contra vários agentes públicos", escreveu o ministro da Justiça, Flávio Dino, nas redes sociais.
  • Extorsão mediante sequestro era uma das ações planejadas pelo grupo criminoso, segundo a PF.
  • Os principais investigados se encontram em São Paulo e no Paraná, diz a PF. Um esconderijo do PCC foi encontrado pela corporação em São José dos Pinhais (PR).
  • Alvos da operação Sequaz estão também em Rondônia, no Distrito Federal e em Mato Grosso do Sul.