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Bolsonaro depõe sobre joias e diz à PF que soube de apreensão 1 ano depois

Do UOL, em Brasília

05/04/2023 13h59Atualizada em 05/04/2023 21h17

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou hoje que soube da existência das joias sauditas em dezembro de 2022, um ano após a apreensão pela Receita Federal. Ele depôs por cerca de três horas sobre o caso à Polícia Federal.

O que aconteceu

Bolsonaro prestou depoimento sobre o caso das joias sauditas pela primeira vez. O prédio da sede da PF em Brasília foi cercado com grades de isolamento e teve reforço de policiais militares do Distrito Federal.

A oitiva durou cerca de três horas. Bolsonaro chegou em um carro descaracterizado, sem identificação, e entrou pela parte de trás do prédio. As entradas foram isoladas. Não houve protestos nem manifestações de apoio.

PF - Leonardo Martins/UOL - Leonardo Martins/UOL
Imagem: Leonardo Martins/UOL

O que se sabe sobre o depoimento

Delegados questionaram a origem dos objetos: quem teria entregado as joias e o destino final —se era para acervo pessoal do ex-presidente ou para o acervo da Presidência.

Bolsonaro afirmou que soube da existência das joias sauditas em dezembro de 2022 - um ano após a apreensão pela Receita Federal.

Outros personagens da história também foram ouvidos: o militar Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, Marcelo Câmara, assessor que trabalha na segurança de Bolsonaro, e o ex-chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes.

A PF já ouviu o ex-ministro Bento Albuquerque por videoconferência em março. Bolsonaro já disse que "nada foi escondido" nesse caso. Sua defesa foi procurada, mas não respondeu aos contatos do UOL.

Bolsonaro - 5.abr.2023 -  Sergio Lima/AFP - 5.abr.2023 -  Sergio Lima/AFP
Bolsonaro depôs na sede da PF hoje sobre as joias sauditas
Imagem: 5.abr.2023 - Sergio Lima/AFP

Quem está envolvido no caso?

O ex-ministro Bento Albuquerque foi o primeiro a tentar liberar as joias após o confisco, alegando se tratar de um presente para a primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Mauro Cid emitiu um ofício com o brasão da República para pedir a liberação das joias apreendidas em Guarulhos, escalando ele mesmo para a empreitada. No documento, obtido pela GloboNews, Cid dizia que o estojo que continha os itens estaria no "acervo privado" de Bolsonaro. Segundo o Estadão, Cid vai implicar Bolsonaro nessa tentativa de reaver as joias.

Após envio do ofício e aconselhado por amigos, ele teria optado por repassar a missão de recuperar as joias a seu auxiliar, o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, que foi então pessoalmente a Guarulhos no dia seguinte. Ele já depôs.

Julio Cesar Vieira Gomes, então chefe da Receita, teria sido procurado por Bolsonaro e tentado forçar a liberação dos objetos. Ele teria inclusive participado da elaboração do ofício emitido por Mauro Cid em 28 de dezembro, orientando o ajudante de ordens sobre como redigir o texto endereçado a ele mesmo no intuito de liberar as joias apreendidas.

Onde estão as joias?

Um conjunto de joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, que seria para Michelle, foi retido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP), ainda no ano passado.

Após decisão do TCU (Tribunal de Contas da União), ele foi enviado para uma agência da Caixa Econômica Federal. Ontem, foi a vez de um terceiro lote ir para a guarda da Caixa.