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OPINIÃO

Maierovitch: Bolsonaro vai preferir mentir sobre joias em vez de silenciar

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/04/2023 09h16Atualizada em 05/04/2023 10h05

O colunista do UOL Wálter Maierovitch avalia que Jair Bolsonaro não ficará em silêncio e vai mentir em seu depoimento à Polícia Federal sobre o escândalo das joias sauditas.

Na polícia, Bolsonaro terá que usar palavras e expressões para descaracterizar sua intenção [de ficar com as joias]. Está difícil para ele. Em nosso sistema processual penal, o acusado pode mentir, inclusive descaradamente. A mentira, no Direito brasileiro, só é punida quando se relaciona à testemunha. Bolsonaro vai mentir hoje. Manter-se em silêncio é uma garantia constitucional, mas Bolsonaro não ficar em silêncio porque não é interessante para ele. Wálter Maierovitch, colunista do UOL

No UOL News desta quarta, Maierovitch explicou que Bolsonaro usará como estratégia de defesa o registro que fez das joias, em uma tentativa de descaracterizar sua intenção de se apropriar delas. Para o colunista, porém, o plano do ex-presidente não elimina o dolo.

O relato de Bolsonaro será todo de olho no Ministério Público para descaracterizar isso como crime. Ao dizer que 'isso foi registrado, então não tive intenção' não é assim. Bolsonaro fez o registro para garantir as joias; ou seja, tentou 'esquentar' as joias para ter disponibilidade. O jogo é esse. Wálter Maierovitch, colunista do UOL

Maierovitch: Devolução das joias minimiza pena, mas não apaga o crime

Maierovitch acrescentou que Bolsonaro deve responder por quatro crimes relacionados ao escândalo das joias: peculato, corrupção, descaminho e prevaricação. O colunista explicou que a devolução dos estojos pode até reduzir uma possível pena ao ex-presidente, mas isso não extingue os crimes que ele cometeu.

Não há divergência, quer na jurisprudência do Supremo [Tribunal Federal], quer nos tribunais de Justiça dos Estados, quanto à consumação do crime. No momento em que se apropria e se tem essa intenção, a devolução das joias não apaga o crime. A única coisa que se pode fazer é, com a devolução, abate-se a pena. Wálter Maierovitch, colunista do UOL

Josias: Bolsonaro virou caricatura burlesca e se revelou malfeitor didático

Josias de Souza revelou que, em conversa com um delegado da Polícia Federal sobre o escândalo das joias, a avaliação é de que o crime de peculato já está caracterizado. O colunista afirmou que a PF montou um cerco em torno do ex-presidente ao marcar dez interrogatórios simultâneos hoje e avaliou que Bolsonaro será incapaz de responder às perguntas dos investigadores.

Bolsonaro está descobrindo da maneira mais constrangedora que pedestal não tem escada. Ele recebe da Polícia Federal o tratamento de um reles suspeito de roubo de joias. Surpreende porque a suspeita está amparada em indícios fornecidos pelo próprio Bolsonaro, que se tornou uma caricatura burlesca dele próprio. Bolsonaro se revelou um malfeitor didático ao deixar tantas pistas que parece movido pelo desejo, consciente ou inconsciente, de ser flagrado. Josias de Souza, colunista do UOL

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