Pedidos de investigação miram lanches com cartão corporativo de Bolsonaro
Os gastos com 21.447 lanches e 5.075 refeições com o cartão corporativo de Jair Bolsonaro (PL) durante campanha eleitoral —revelados em reportagem do UOL— são alvo de pedidos de investigação no TCU (Tribunal de Contas da União), MPF (Ministério Público Federal) e CGU (Controladoria-Geral da União).
Quais apurações foram pedidas
- Que o MPF abra procedimento criminal e de improbidade para apurar desvio de dinheiro e irregularidades. Dois pedidos foram feitos após a publicação da reportagem --pelo senador Humberto Costa (PT-PE) e pelo deputado estadual de SP Guilherme Cortez (PSOL).
- Que o Ministério Público no TCU abra investigação sobre possível improbidade administrativa. O pedido foi protocolado por Costa e será reforçado pelo subprocurador geral no TCU Lucas Furtado. "Cabe representação, e caracteriza desvio de finalidade", disse Furtado.
- Que a CGU apure responsabilidades funcionais dos servidores do governo federal envolvidos nos pagamentos. O pedido será protocolado por Costa.
Possíveis consequências
Para o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor do Senado, devolver o dinheiro não é suficiente.
Devolver o dinheiro não inviabiliza o crime cometido. É tipo você entrar numa loja, assaltar e depois devolver. Você vai ser responsável por isso.
Omar Aziz, senador (PSD-AM)
Para o ex-presidente da CPI da Covid, a situação configura "abuso de poder econômico" e pode resultar na reprovação das contas eleitorais de Bolsonaro.
Se condenado, isso o impediria de concorrer nas eleições de 2026.
Aziz defendeu que o próprio governo federal, o Gabinete de Segurança Institucional e a AGU (Advocacia Geral da União) também abram investigações porque são detentores de todas as informações sobre os gastos do cartão corporativo.
É uma bronca a mais para o Bolsonaro responder.
Humberto Costa, senador (PT-PE)
Kits-lanche para militares e PMs
Em viagens eleitorais, o cartão corporativo da Presidência da República pagou por centenas de kits-lanche e refeições destinados a militares e policiais escalados para dar apoio de segurança a motociatas, comícios, festas de peão e cultos religiosos (veja abaixo a lista de compras).
Procurados pela reportagem, Bolsonaro e o PL não se manifestaram sobre as despesas. Integrantes da campanha dele afirmam, contudo, que os gastos são legais, pois se referem à segurança presidencial em viagens.
A prática é questionada por especialistas de direito eleitoral e segurança pública ouvidos pelo UOL. Eles afirmam que não cabe ao presidente da República —nem ao candidato— fornecer alimentação a forças de segurança locais escaladas para trabalhar nesses eventos.
Gastos com cartão na mira
Não é a primeira vez que os gastos de Bolsonaro com cartões corporativos viram pedidos de investigação. Em fevereiro, o UOL mostrou que, em atividades eleitorais de Bolsonaro, o governo federal usou o meio de pagamento para arcar com cercadinhos, hospedagem e alimentação.
À época, o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) e Humberto Costa pediram investigação ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com base na reportagem.
Investigação sobre os gastos com cartão corporativo foi aberta no TCU.
Gastos de Jair Bolsonaro com cartão corporativo
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