Lula ignora ataque de 8 de janeiro em artigo sobre 100 dias de governo
Às vésperas de completar 100 dias no governo, o presidente Lula (PT) divulgou um artigo no qual ignora o ataque às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro, fala em reconstrução e união e lista os programas lançados em sua gestão desde o início do ano.
O que aconteceu
O texto foi publicado hoje (9) no jornal Correio Braziliense —Lula completará 100 dias de governo amanhã (10). Desde a transição após as eleições, o petista tem dito que primeiro precisa "reconstruir" o país, que, segundo ele, foi destruído por seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
Essa reconstrução passaria por arrumar a estrutura do Executivo e tratar de temas urgentes, como a reorganização dos ministérios e a revogação dos decretos que facilitavam a posse de armas, por exemplo. Ambas as medidas foram tomadas horas após a posse.
No segundo domingo de Lula na Presidência, a Praça dos Três Poderes foi alvo de um ataque de bolsonaristas que invadiram o Congresso, o STF e o Palácio do Planalto. O ataque está sob investigação judicial.
No artigo sobre os 100 dias, o presidente afirma que priorizou "o que era inadiável" para reverter "um cenário estarrecedor" e criar "bases para um futuro melhor".
Lula encerra o texto com o slogan "O Brasil voltou", que já foi usado pelo ex-presidente Michel Temer e adotado recentemente por integrantes das áreas ambiental e internacional do governo como contraponto à política antiambientalista e antiglobalização de Bolsonaro. Enquanto discursava em evento no Egito sobre o clima após a eleição, Lula foi interrompido por aliados que ecoavam o slogan; no fim de janeiro, a frase foi adaptada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, em visita ao Palácio do Planalto no fim de janeiro.
Quais ações de governo são citadas
Social. Relançamento de programas sociais antigos, ampliados e adaptados: Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Programa de Aquisição de Alimentos.
Saúde. Recriação do Mais Médicos, lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação e redução emergencial das filas do SUS.
Novos ministérios. Igualdade Racial, Mulheres, Cultura e Povos Indígenas.
Ambiente. Reestabelecimento do Plano de Ação para Prevenção e Enfrentamento do Desmatamento na Amazônia Legal, combate ao genocídio do povo yanomami, repressão ao garimpo ilegal.
Economia. Nova regra fiscal (que já foi apresentada, mas cujo texto ainda não foi enviado ao Congresso) e ampliação do orçamento para infraestrutura.
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