100 dias: Lula cobra ministros, critica BC e super-ricos e foca em empregos
Em discurso que marca os 100 primeiros dias de seu governo, o presidente Lula (PT) cobrou ministros, voltou a criticar o Banco Central pela taxa de juros, cutucou os "super-ricos" e mostrou preocupação com o desemprego.
O que aconteceu
O presidente reuniu hoje todos os ministros de Estado e as lideranças no Congresso para marcar os 100 dias de gestão. Apesar da data festiva, ele ainda não conseguiu emplacar uma marca no novo mandato. Em tom crítico, ele citou as conquistas dos cem dias, disse que ainda há muito o que fazer e atribuiu o atraso em algumas áreas à gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Lula elogiou o trabalho dos ministros, mas falou de conquistas de governos passados que quer recuperar, como zerar a fila da Previdência e concluir a reforma tributária para diminuir desigualdades.
O presidente voltou a atacar o patamar da taxa básica de juros, a Selic, e elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Haddad, de vez em quando eu sei que você ouve algumas críticas, tenho que elogiar você e a equipe que trabalharam porque certamente, em se tratando de economia, em se tratando de política tributária, a gente nunca vai ter 100% de solidariedade."
Lula ressaltou união entre Poderes após os atos golpistas de 8 de janeiro. "Quando a sociedade brasileira, depois de muito tempo, viu as instituições brasileiras se juntarem para defender a democracia", afirmou.
O presidente disse ainda que vai cobrar o cartão de vacinação atualizado de todos os visitantes e funcionários do Palácio do Planalto.
Críticas à herança de Bolsonaro
Lula abriu o discurso atribuindo parte da dificuldade do governo em engatar por causa da situação em que recebeu o país de Bolsonaro, sem citar o nome do ex-presidente.
Nosso compromisso não é só fazer escola, porto e aeroporto — é isso também—, é trazer o país de volta à civilidade. Meu otimismo não é exagerado. Temos que acordar todo santo dia com a consciência e a certeza de que nossa posição positiva vai fazer a sociedade brasileira ter confiança."
Ele comparou os investimentos entre os dois governos em diversas áreas. "Como nós vamos fazer a diferença? Superando as dificuldades que se apresentarem", afirmou.
Digo sempre que, se juntar todos os presidentes desde a proclamação até essas eleições, a soma de todas as candidaturas juntas não gastou o que esse cidadão [Bolsonaro] gastou na perspectiva de perpetuar o fascismo neste país."
Cutucada nos "super-ricos"
Ao falar que a população de baixa renda tem de ser a prioridade do governo, Lula provocou a quem chamou de "muito ricos", que só tratam com o governo para falar de sonegação de imposto.
Tem pessoas que não precisam tanto do governo, setores médios da sociedade. É só a gente fazer nossa reforma tributária justa pra classe média que eles não precisam da gente. Os mais ricos não precisam. Os muito ricos não precisam porque às vezes sonegam ou não pagam imposto necessário ou querem muito dinheiro emprestado. Mas quem foi prefeito, foi governador sabe que não tem outro jeito da gente ser humano se a gente não governar pras pessoas mais humildes."
Crítica ao BC
Lula também não perdoou o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto. A diminuição da taxa de juros tem sido a principal luta por parte do governo na área econômica —que o presidente encampa até pessoalmente.
Continuo achando que 13,75% é muito alta a taxa de juros, continua achando que estão brincando com o país, com o povo pobre e sobretudo com o empresário que quer investir nesse país. Só não vê quem não quer."
Contra privatizações
Lula voltou a recusar privatizações de grandes estatais. Na última quinta (6), o governo retirou o Correio e outras seis estatais do PND (Programa Nacional de Privatizações).
Ainda estão tentando privatizar os Correios e nós brigando para que não seja privatizado porque ele presta um serviço extraordinário à sociedade brasileira."
Foco em emprego
Se os 100 primeiros dias foram voltados a projetos sociais, Lula tem dito que agora a prioridade é a economia. Em sua fala, ele deixou claro que o foco será nos empregos.
Agora, também, minha obsessão é gerar emprego. Nós temos que ter em mente que temos que gerar emprego."
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