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PF usa modelo da Lava Jato para investigar mais 500 suspeitos do 8/1

8.jan.2023 - Golpistas invadem as sedes dos Três Poderes e depredam prédios em Brasília - Gabriela Biló/Folhapress
8.jan.2023 - Golpistas invadem as sedes dos Três Poderes e depredam prédios em Brasília
Imagem: Gabriela Biló/Folhapress
Eduardo Militão, Amanda Rossi, Rafael Neves, Eduardo Militão, Amanda Rossi e Rafael Neves

Do UOL, em Brasília e São Paulo

14/04/2023 04h00

A Polícia Federal investiga agora mais 500 pessoas suspeitas de participar dos atos golpistas de 8 de janeiro. Uma força-tarefa aos moldes da Lava Jato foi criada para agilizar as investigações. Conheça estratégias e os próximos passos:

Mais 500 são investigados

  • O UOL apurou que foram identificadas outras 500 pessoas suspeitas de envolvimento nos atos. Entre elas, há financiadores, organizadores e pessoas que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
  • Balanço. Além dos mais de 2.000 presos em flagrante, a PF investiga 700 pessoas --200 das quais já foram alvo de um pente-fino que resultou em cerca de cem ações de buscas e prisões.
  • 'Capitólio brasileiro'. Fontes da PF estimam que as apurações e processos judiciais levarão anos e comparam o caso com os ataques ao Capitólio dos EUA em 2021. Até hoje, o caso não foi concluído, tendo registrado prisões e condenações nos últimos meses.

Modelo da Lava Jato

  • Estrutura. Para agilizar a apuração, a PF criou o Gilp (Grupo de Investigação Operação Lesa-Pátria) --espécie de "força-tarefa" ou "grupo de trabalho" envolvendo duas diretorias da corporação, de Combate ao Crime Organizado e de Inteligência Policial.
  • Criado no final de março, o Gilp guarda semelhança com grupos de trabalho da Operação Lava Jato, criados em 2014 na PF em Curitiba e na sede da corporação em Brasília. Também usado em outras operações, o modelo se consagrou na Lava Jato.
  • Sinergia. Ao menos 15 policiais participam do Gilp, entre delegados, agentes, papiloscopista e peritos. A forma de trabalho ainda está sendo acertada.

Vigilância contra 'proteção' a bolsonaristas

  • O UOL apurou que a vigilância interna na PF foi redobrada na Lesa Pátria.
  • Isso porque os investigados são apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), que também possui muitos simpatizantes em corporações policiais.
  • Por isso, o trabalho de agentes e delegados tem sido constantemente avaliado para verificar se foi feito de forma técnica e isenta, sem tentativas de proteger investigados.

Há indícios de envolvimento de Jair Bolsonaro?

  • Após os atos golpistas, oposicionistas do ex-presidente apontaram, sem apresentar provas materiais, um suposto envolvimento dele nos ataques.
  • Sem provas. Até agora, a PF não encontrou provas materiais que indiquem um eventual elo. Os investigadores continuam recolhendo informações para chegar a mentores, organizadores e mesmo financiadores.
  • Em paralelo, há uma investigação sobre autoridades suspeitas de omissão, como os mais de 80 militares ouvidos pela PF.
  • Críticas à PGR. Na Procuradoria-Geral da República, as investigações se concentraram nos militantes bolsonaristas flagrados nos atos, sem aprofundar em relação a financiadores. Essa estratégia é criticada dentro da PF.
  • A PGR denunciou até agora 1.390 pessoas. Apenas uma delas é um agente público acusado de omissão. Os demais são os presos em flagrante nos dias 8 e 9 de janeiro. "Eventuais casos ainda pendentes serão avaliados e as providências cabíveis, inclusive eventuais denúncias, tomadas oportunamente", disse a PGR.
  • 87% dos presos em flagrante já foram soltos. Dos 2.151 detidos, ao menos 294 estavam presos à época do último balanço do STF, divulgar em março. Os demais respondem a processo em liberdade ou com uso de tornozeleira eletrônica.

Do 'match' em vídeo a pedido de prisão

  • Para identificar como os suspeitos agiram, a PF usa imagens de câmeras de segurança dos prédios invadidos, denúncias, reportagens, redes sociais e listas de passageiros de ônibus que chegaram a Brasília à época dos atos.
  • Tudo é cruzado com outras fontes de informação, como um banco de imagens criado pela PF que dá "match" quando há correspondência de imagens.
  • Até dois dias para identificar suspeito. Essa pesquisa no banco de imagens é demorada. Leva-se até dois dias para se identificar uma só pessoa.
  • Se um envolvido em crime é identificado, delegados pedem busca e apreensão, prisão ou quebra de sigilo do suspeito. Quem decide é o ministro do STF Alexandre de Moraes.