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Líder do PL na Câmara: Bolsonaro tem 'preocupação nenhuma' com ida à CPI

3.fev.23 - Bolsonaro participa de evento na Flórida, onde se refugiou por quase três meses após deixar a Presidência - Marco Bello/Reuters
3.fev.23 - Bolsonaro participa de evento na Flórida, onde se refugiou por quase três meses após deixar a Presidência Imagem: Marco Bello/Reuters

Do UOL, em Brasília

26/04/2023 17h51

O líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), afirmou hoje (26) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem "preocupação nenhuma" com a possível ida à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos golpistas de 8 de janeiro.

O que aconteceu?

Após pressão da oposição, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), criou a CPI ontem, em sessão do Congresso.

Governistas já ventilam quais devem ser os primeiros atos dos aliados do presidente Lula (PT): querem ouvir o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno.

Bolsonaro tem preocupação nenhuma com convocação para a CPMI."
Altineu Cortes (PL-RJ)

O líder do PL, Altineu Côrtes, afirmou ainda que o partido apoiaria "sem problemas" a medida.

Antes contrário à investigação, o governo Lula (PT) mudou a estratégia após o general Gonçalves Dias aparecer nas imagens do circuito interno do Palácio do Planalto no dia das invasões. Dias, que era ministro do GSI, foi exonerado depois da divulgação dos vídeos.

A oposição espera contra-atacar com a pressão sobre o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), e o próprio Dias.

Após a leitura do requerimento, abre-se o prazo para a indicação dos integrantes da comissão. Isso deve ser feito depois que a Mesa do Congresso Nacional publicar um ofício com o número de cadeiras para cada partido.

A aposta de governistas é indicar o maior número de aliados possível para a investigação, que terá 16 deputados e 16 senadores como titulares.

Um dos objetivos é isolar os escolhidos da oposição. A base do governo Lula no Congresso negocia os nomes para ocupar os cargos principais da comissão —a presidência e a relatoria.

A avaliação do líder do maior bloco da Câmara, Felipe Carreras (PSB-PE), é que terá a indicação do relator. O bloco abriga 175 parlamentares do PP (sigla do presidente da Câmara, Arthur Lira), União Brasil, PDT, PSB, Solidariedade, Avante, Patriota e pela federação Cidadania-PSDB.

Um dos nomes pleiteados pelo bloco é o do líder do PP na Câmara, André Fufuca (MA). No entanto, ainda não há o entendimento sobre qual das Casas será responsável por indicar o presidente e a relatoria.

No Senado, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) seria um bom nome, na avaliação de governistas, para ser o relator — no caso de a indicação ser do Senado. A escolha, contudo, desagrada Lira —os dois são adversários políticos em Alagoas.

O PL, partido de Jair Bolsonaro, terá três cadeiras na Câmara para a CPMI. Os nomes já foram definidos: André Fernandes, autor do requerimento, e Alexandre Ramagem (RJ), além de Eduardo Bolsonaro (SP), filho do ex-presidente, que foi escolhido para representar o pai na comissão.

Como suplentes, foram escolhidos: Filipe Barros (PR), Nikolas Ferreira (MG) e Marco Feliciano (SP).

Deputados aliados temem que o governo saia desgastado, sobretudo em um período em que são esperadas votações importantes para o Executivo, como o projeto do novo arcabouço fiscal e a reforma tributária.

O centrão foi acionado para indicar parlamentares "amigos" do governo. Para interlocutores do presidente Lula (PT), será uma das provas para mostrar alinhamento com o Palácio do Planalto.